Acusado de receber propina, Romoaldo diz que Silval quer pôr todos na mesma vala
O deputado estadual Romoaldo Júnior (PMDB) afirma que o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) adotou a estratégia de acusar aliados e não aliados para se livrar da prisão. A declaração é em resposta a acusação feita pelo ex-gestor no acordo de colaboração premiada (delação) com o Ministério Público Federal.
Conforme reportagem divulgada nesta segunda (22) pelo Jornal Nacional, Silval delatou que o ex-presidente da Assembleia teria sido beneficiado com propina da empresa responsável pela iluminação da Arena Pantanal, a Canal Livre Comércio e Serviços. Entre R$ 200 mil e R$ 300 mil foram repassados de Romoaldo para o então chefe do Executivo.
“Quem passa 21 meses preso, quer levar todo mundo para a mesma vala. É uma estratégia dele para ficar solto”, declara o deputado ao .
O parlamentar diz que as acusações de Silval também são fruto do sentimento de mágoa, uma vez que o ex-governador pode ter se sentido abandonado pelos velhos amigos, quando ficou quase dois anos preso no Centro de Custódia da Capital (CCC). Romoaldo ressalta que nessa tentativa de se livrar das eventuais condenações, Silval envolve, até mesmo, inimigos públicos, como o governador Pedro Taques (PSDB), garantindo que repassou dinheiro ao tucano na época da eleição de 2014.
Romoaldo confessa conhecer o dono da Canal Livre, mas nega que tenha tratado sobre a contratação da empresa ou qualquer tipo de pagamento de propina. Diz que na delação, Silval fala que parte da propina paga pela empresa foi utilizada para custear despesas com a reforma de uma propriedade em Novo Mundo, chamada Pousada Cristalino. O local, de acordo com o peemedebista, já foi vendido por Silval.
“Quem passa 21 meses preso, quer levar todo mundo para a mesma vala. É uma estratégia dele para ficar solto”
“Ele comprou de mim (em 2003) e depois pediu que eu fizesse a reforma, pois eu conhecia todo mundo na região, como pedreiro e arquiteto. Fiz do jeito que ele quis, o filho dele foi até lá”, esclarece.
Segundo Romoaldo, ele não tinha conhecimento da origem do dinheiro que Silval teria usado para pagar tal reforma, mas garante ter todos os comprovantes dos serviços que intermediou. Ele ainda ironiza quanto a acusação de ter desviado parte do valor para Silval.
“Era tanta dureza naquela época, que se tivesse recebido esse valor, eu não teria repassado para Silval. Teria ficado e pagado algumas contas”, brinca.
Imagem e amizade
Mesmo garantindo não ter envolvimento com o esquema, Romoaldo acredita que a acusação acaba por manchar seu nome. No entanto, avalia que as ações realizadas nos longos anos de vida política são maiores do que informações inverídicas.
Ele, que foi líder de Silval na Assembleia e chegou a trabalhar como cabo eleitoral do ex-governador, demonstra não ter qualquer sentimento de mágoa contra o delator.
"Sou deputado de oito mandatos, tenho trabalho mostrado. Não conversei mais com Silval. Ele só recebe advogados e familiares, mas ainda quero ir lá dar um abraço”, declara.
Por fim, Romoaldo afirma que ainda não foi notificado para prestar esclarecimentos, mas se coloca a disposição do MPF e Justiça.