Adversários políticos, Mauro e Silval têm amizade antiga e são sócios em negócio
Adversários políticos desde 2010, quando disputaram o governo estadual, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e o ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (PSB) teriam uma relação próxima e amigável, até mesmo com sociedade em negócios na área da mineração. A suposta relação dos políticos é evidenciada no acordo de colaboração premiada de Silval, homologada no último dia 9 pelo ministro STF, Luiz Fux.
De acordo com Silval, Mauro foi seu sócio na aquisição de garimpo na área da Ajuricaba de 3 mil hectares, em Nossa Senhora do Livramento. O ex-governador afirma que a área foi comprada de forma legal em sociedade com Mauro, Wanderley Faccheti Torres, o ex-secretário de Meio Ambiente José Lacerda e Waldiney Mauro de Souza, conhecido como “Ney”.
“Essa área pertencia ao proprietário da Construtora Enza, sendo que o colaborador já governador procurou tal pessoa chamada Frederico e pediu para que ele preterisse o colaborador e seus sócios e detrimento de outros interessados na área”, diz trecho da delação.
Silval diz que em troca da ajuda para a aquisição da área, auxiliou o empresário no sentido de contratar a construtora para realizar serviços no programa MT Integrado. “Foi comprada a terra com licença de exploração do subsolo e o potencial de garimpo, sendo montada toda a estrutura para exploração”, declara.
O ex-governador ressalta que venderam 50% da área para a empresa Engemix, de propriedade de uma pessoa de São Paulo, na qual não lembra o nome. A venda foi feita pelo mesmo valor da compra.
“A sociedade foi dissolvida, Mauro Mendes e Ney continuaram com a parte deles, sendo que o colaborador e Vanderlei trocaram sua parte por 1,2 mil hectares da mesma área, sendo que negociaram com Filadelfo trocando parte da área por uma planta montada e respectiva autorização para licença de lavra do subsolo.
Apoio do PMDB
Silval ainda afirma que pagou R$ 4 milhões de propina para o deputado federal Carlos Bezerra, presidente do PMDB em Mato Grosso, em troca de apoio à candidatura de Mauro à Prefeitura de Cuiabá, a mando do senador e ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP).
O fato relatado pelo peemedebista ocorreu em 2008. No período em que Blairo e Mauro eram correligionários do PR. Às vésperas da eleição, o PMDB estava inclinado a apoiar a reeleição do prefeito Wilson Santos (PSDB).
Segundo Silval, o montante foi angariado por meio do então secretário de Fazenda e ex-secretário da Secopa Eder Moraes, que procurou o à época vice-governador a pedido de Blairo, então governador.
O dinheiro foi, enfim, conseguido por meio do empresário Junior Mendonça, recomendado a Eder por Silval.
De acordo com a delação, Silval ainda se recorda de ter sido avalista de um empréstimo efetuado pelo ex-prefeito junto com Júnior Mendonça, no montante aproximado de R$ 2,5 milhões para a campanha de 2008.
“O colaborador assinou a nota promissória juntamente com Mauro Mendes e Mauro Carvalho, chefe financeiro da campanha”. O delator afirma que não se lembra como Mauro pagou tal empréstimo. Além disso, diz que avalizou um cheque de R$ 1 milhão do ex-prefeito junto com uma mulher chamada Marilene.
Acordo com Taques
Mauro voltou a ser citado por Silval no fato de suposto acordo firmado com o peemedebista e o governador Pedro Taques (PSDB), ainda na campanha de 2014. O ex-governador diz que foi orientado por Mauro e por Blairo a se aproximar do candidato ao Palácio Paiaguás à época.
Em troca, Taques, que tinha a preferência do eleitorado para vencer o pleito, não iria “olhar no retrovisor” e investigar as contas da gestão do peemedebista. Silval teria exigido que Taques assumisse pessoalmente o compromisso.
O ex-governador conta que Mauro Mendes pediu para que doasse R$ 20 milhões para a campanha do hoje tucano, a fim de garantir que o acordo estava de pé.
Tempos depois, Mauro deixou a coordenação da campanha e, segundo Silval, foi subtituído pelo empresário Alan Malouf, que teria mantido as conversações. “Passados mais alguns dias dessa reunião, Pedro Nadaf, secretário da Casa Civil, disse ao colaborador que teria sido procurado por Alan Malouf que falou para Nadaf que a coordenação financeira de Taques a partir daquele momento seria dele e não de Mauro, sendo que o valor arrecadado para contribuir na campanha de Taques deveria ser repassado para ele”, declara.