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Aluna da rede pública apresenta projeto autoral em conferência da ONU

f336060ec3885a114790fb4940665891De Cuiabá para o mundo. Esse é o momento vivido pela adolescente Clara Santos Vaz, 17 anos, aluna do 3º Ano do Ensino Médio da Escola Estadual Zélia da Costa Almeida, localizada no bairro Residencial Coxipó. Nesta segunda-feira (21), a estudante viaja para Nova York, nos Estados Unidos, para representar o Brasil na 14ª Conferência Internacional da Juventude pelos Direitos Humanos (Youth for Human Rights), com o apoio da Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc).

O evento será realizado de 24 a 26 de setembro na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), na cidade norte-americana, e reunirá jovens de cerca de 50 nacionalidades.

Clara foi escolhida pela ONU por conta do projeto que desenvolve na escola, o Restaurando Vidas, cujo objetivo é melhorar a perspectiva de vida de jovens com dificuldades em lidar com as próprias emoções, desmotivados e com baixa autoestima. Em pouco tempo, os resultados da iniciativa da garota já superam as expectativas, o que pode ser sentido ao notar, dentro e fora da escola, a evolução dos 13 adolescentes que hoje fazem parte do projeto.

É o caso da Mábile Emmanuelly Pereira Rodrigues Almeida, 13 anos, que está no 8º Ano do Ensino Fundamental. Há cerca de cinco meses – logo no início do projeto –, ela passava por momentos difíceis de relacionamento no ambiente escolar, até ser pega cometendo uma infração. “A Clara conversou comigo, foi uma conversa boa, e mudou muito a minha vida. Foi a primeira e a última vez que eu cometi algo errado dentro da escola”, lembra.

Mábile também contou que não tinha sonhos ou planos para o futuro e que não via sentido em ir para a escola. “Antes eu não tinha interesse, bagunçava muito na sala, estava sempre na coordenação. Hoje isso mudou e me sinto muito feliz e valorizada, porque alguém acredita em mim”, disse a aluna. “O que mais me marcou foi a Clara dizer que eu podia ser melhor do que era e estou sendo”, completou.

De acordo com o secretário de Estado de Educação, Esporte e Lazer, Marco Marrafon, a conquista da estudante Clara demonstra que a educação pública de Mato Grosso é capaz de gerar resultados de alto nível. “Desde o planejamento do programa Pró-Escolas, mostramos à sociedade que a educação no estado de Mato Grosso agora tem um rumo – e o exemplo da Clara demonstra que podemos, sim, atingir a excelência”, afirmou.

INSPIRAÇÃO

Mesmo com apenas 17 anos, Clara demonstra maturidade e conhecimento. Engajada e estudiosa, tem sido inspiração para todos na comunidade da EE Zélia da Costa Almeida. Ela chama atenção para o fato de que sempre quis ajudar as pessoas, mas só quando realmente saiu da casa dos pais, que vivem no interior do Estado, para vir morar com uma tia em Cuiabá, foi que sentiu a necessidade de ser mais responsável. “Foi quando me encorajei e me empoderei para fazer o que faço agora”, afirma.

Dividida entre os sonhos de cursar medicina ou psicologia, a estudante se reúne uma vez por semana com alunos de 13 a 16 anos para trabalhar a liberdade de expressão e questões emocionais por meio de dinâmicas de grupo ou conversas individuais. A inspiração, conforme ela conta, surgiu a partir da observação do comportamento dos colegas durante os intervalos, que se mostravam desinteressados e rebeldes.

Assim que surgiu a ideia, Clara meticulosamente analisou o perfil de cada aluno e constatou que “eles são como diamantes que precisam ser lapidados”.

“Os resultados desse trabalho, criado há cinco meses, foram percebidos no momento em que vimos que os alunos se sentiram mais empoderados e passaram a pensar em ações benéficas para a escola, coisas que mudaram o ambiente escolar, como cartazes incentivando a prática de boas ações, como respeito, solidariedade e consciência ambiental”, explica a estudante.

No meio disso tudo, a garota conta com o suporte de toda a equipe da escola, mas o apoio especial vem do professor de História, Yuri Chaya Piraccini, que faz parte da ONG Ensina Brasil e participou da conferência da ONU em 2016.

Desde o início desde ano trabalhando na unidade escolar, Yuri logo percebeu que Clara se destacava pela versatilidade, espontaneidade e autenticidade. Em seguida, os dois se envolveram em diversos projetos dentro e fora da escola, até que o Restaurando Vidas se sobressaiu e rendeu o convite para participar da conferência. “Ela é uma estudante brilhante, uma inspiração para todos à sua volta”, diz o professor.

Clara, por sua vez, não se deixa levar pelos elogios e faz questão de dizer que a oportunidade de ir à ONU falar sobre seu projeto é uma vitória de Mato Grosso e do Brasil. “Estou feliz, mas acima de tudo pensando em como vou ajudar o próximo com essa experiência. Quero mostrar esse sentimento com as minhas atitudes. Mostrar que as pessoas têm que acreditar e buscar maneiras de fazer o bem. E, para mim, a educação é a melhor ferramenta de transformação”.

FONTE: MIDIA NEWS

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