PF prende dono de empresa citada em desvios no Detran e AL
A Polícia Federal prendeu, na manhã desta quinta-feira (22), o empresário Mauro Laurindo da Silva, dono da empresa Fama Serviços Administrativos, que é investigada pela ligação com esquemas de desvios de recursos públicos em Mato Grosso.
O empresário foi detido na Operação Sem Saída, que visa desarticular a quadrilha do megatraficante Luiz Carlos da Rocha, conhecido como "Cabeça Branca".
Segundo as investigações, a empresa de Mauro Laurindo recebeu repasses de doleiros ligados ao traficante.
Em Mato Grosso, a Fama é investigada por receber pagamentos da empresa Santos Treinamentos, um dos principais alvos da Operação Bereré, que apurou supostos desvios de R$ 30 milhões no âmbito de um contrato entre o Detran e a EIG Mercados.
A empresa também foi citada na Operação Ventríloquo, que apurou um desvio de R$ 9 milhões da Assembleia Legislativa. Neste caso, a Fama teria recebido dinheiro desviado da AL e destinado a políticos do Estado.
Já "Cabeça Branca" é apontado como um dos maiores traficantes da América do Sul. Mais de cem agentes cumpriram mandados de prisão e de busca e apreensão no Paraná e em Mato Grosso.
A ação é um desdobramento das operações Spectrum e Efeito Dominó, que investigam a organização liderada por "Cabeça Branca". Ela foi coordenada pelo Gise (Grupo de Investigações Sensíveis) da PF de Londrina.
Para o delegado Elvis Secco, um dos coordenadores da operação, o foco nas estruturas financeiras do tráfico de drogas deverá ser o padrão durante a gestão do futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
"Temos a intenção de que [com o novo comando] toda a PF, tanto as unidades especiais quanto as que trabalham com o tráfico de drogas, tenham como modelo as investigações. Direcionar sempre na questão patrimonial", afirmou o delegado em entrevista ao site UOL.
Prisão em MT
"Cabeça Branca" foi preso em 2017 e, desde então, a PF tem concentrado suas investigações na estrutura financeira utilizada pelo traficante para lavar o dinheiro oriundo do comércio de drogas.
De acordo com as investigações, ele fornecia droga produzida no Paraguai e na Bolívia para as principais facções criminosas do País e para o exterior. A operação desta quarta-feira tem como foco as atividades de tráfico e lavagem de dinheiro.
Em maio deste ano, a PF prendeu sete doleiros suspeitos de terem atuado para "Cabeça Branca".
À época, a PF afirmou que havia fortes indícios de que parte do dinheiro lavado por "Cabeça Branca" via doleiros poderia ter abastecido o pagamento de propina de políticos.
"Ceará"
Os investigadores constataram que a empresa de Mauro Laurindo recebeu R$ 238 mil em depósitos feitos pelo doleiro Carlos Alexandre da Rocha, o "Ceará", a pedido de "Cabeça Branca". Desde então, a PF passou a investigar as relações entre o traficante e empresa.
A partir de então, a empresa, que já vinha sendo investigada por autoridades locais pela suposta distribuição de propina a políticos de Mato Grosso, passou a ser também alvo de investigações para apurar suas ligações com o narcotráfico.
À época, Laurindo disse que não conhecia os depósitos identificados pela PF e que não tinha relação com "Cabeça Branca".
A ligação entre "Cabeça Branca" com Mato Grosso vai além dos depósitos feitos à Fama Serviços Administrativos.
Em abril deste ano, o megatraficante foi condenado a cinco anos e dois meses de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro praticado para a compra de uma fazenda no interior do Estado.
A PF afirma que o traficante usava propriedades rurais próximas ao Paraguai e à Bolívia para receber a mercadoria em voos clandestinos. Depois de descarregada, a droga era então transportada em caminhões em direção a galpões em São Paulo.