Rio que nasce em Rosário Oeste recebe 352 litros de esgoto por segundo
Rio tem 828 km desde a nascente, em Rosário Oeste, até o rio Paraguai. Maior degradação de Cuiabá a VG
Por segundo, são despejados 352,8 litros de esgoto no rio Cuiabá. Desse total, aproximadamente 39% recebe tratamento antes de ser lançado. Por hora, de acordo com a Águas Cuiabá - empresa que assumiu o sistema de água e esgoto da Capital -, o rio chega a receber mais de 1,2 mil metros cúbicos de esgoto considerando a população urbana de 582,3 mil habitantes.
De todo o esgoto produzido pelas residências na Capital, 54,76% é recolhido. Desse percentual, 72,8% passa por vários tipos de tratamento como lodos ativados, reatores, lagoas, biodigestores e fossas sépticas. E o principal recurso hídrico onde todo esse esgoto é destinado é, inevitavelmente, o rio Cuiabá, pois ainda que o material seja lançado em córregos e/ou no rio Coxipó, a destinação final é a mesma.
Mesmo com todos esses números que chocam num primeiro momento, a secretaria estadual de Meio Ambiente (Sema) alerta que o rio não é considerado poluído em toda a sua extensão, que tem aproximadamente 828 km desde a nascente, em Rosário Oeste (a 117 km de Cuiabá), até a foz, no rio Paraguai. Possui, entretanto, trechos onde apresenta considerável grau de degradação da qualidade da água, o que diminui o rol de usos do recurso hídrico.
Plano de saneamento
No ano passado, a Águas Cuiabá assumiu o sistema de água e esgoto da Capital com limite de 18 meses para executar um Plano Emergencial de Investimentos na ordem de R$ 204 milhões. O prazo vence em janeiro de 2019 e está estipulado no aditivo do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público Estadual, a CAB Cuiabá S/A, CAB Ambiental S/A (ex-acionista controladora da concessionária) e a prefeitura.
Ao todo, o projeto prevê construção e ampliação de três sistemas de água, Ribeirão do Lipa, Parque Cuiabá e Coophema, e dois sistemas de esgoto.
Diariamente, cerca de 352,8 litros por segundo, o equivalente a mais de 1,2 mil metros cúbicos por hora de efluentes, são despejados dentro do Rio Cuiabá
Monitoramento da qualidade
A Sema monitora o Rio Cuiabá desde 1995. Ao longo da bacia, foram distribuídas 17 estações de monitoramento que adotam o Índice de Qualidade da Água (IQA) como avaliação. Na análise, são utilizados cerca de nove parâmetros para avaliar a adequabilidade do recurso hídrico tendo como uso preponderante o abastecimento público. A secretaria destaca que as categorias do IQA variam de ótimo a péssimo.
O último relatório, cujo monitoramento foi realizado entre 2012 e 2014 e o resultado publicado em 2015, apontou que em vários trechos a qualidade da água oscila entre boa e regular, sendo que a degradação da qualidade ocorre principalmente nas proximidades das áreas urbanas de Cuiabá e Várzea Grande.
Nas estações localizadas acima do córrego São Gonçalo e Barbado foram registrados os piores resultados entre os parâmetros monitorados. Conforme se afasta da área urbana, a qualidade da água começa a melhorar gradativamente, o que evidencia o processo de autodepuração ativo do rio.
Além da poluição da água, o rio Cuiabá enfrenta problemas como o desmatamento das áreas de Preservação Permanentes (APP’s), onde se encontram as nascentes, desmatamento das matas ciliares, destinação incorreta de resíduos sólidos e saneamento básico deficiente.
Tipos de poluição
Ainda de acordo com a Sema, existem dois tipos principais de poluição que afetam a bacia do Rio Cuiabá atualmente: o lançamento de esgotos por fontes pontuais sem tratamento ou com tratamento deficiente. Com relação aos lançamentos de empreendimentos, a secretária faz o monitoramento por meio dos setores de fiscalização e licenciamento. Em todos os casos, a competência para o tratamento dos esgotos nas cidades é do Poder Público Municipal.
Já o desmatamento e a falta de saneamento geram a poluição difusa, que é o material levado para o rio pelas chuvas. Esse problema é considerado mais difícil de ser resolvido e tem aumentado na bacia, evidenciado pela piora na qualidade da água no período chuvoso em alguns anos e pela presença de resíduos sólidos no rio.
Punição
A punição para quem for pego jogando lixo diretamente no rio está prevista na Lei de Crimes Ambientais (Lei n. º 9.605 de 12 de fevereiro de 1998). As penas variam de seis meses a cinco anos de reclusão.
Fonte: RD News