"5% dos visitantes da PCE, entram com drogas e celulares", diz sindicalista
O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Mato Grosso (Sindpen), João Batista, afirmou que aproximadamente 5% dos visitantes da Penitenciária Central do Estado (PCE) entram com drogas, celulares ou chips para entregarem aos detentos. De acordo com o sindicalista, das 400 pessoas que vão à unidade prisional em dia de visita, cerca de 20 familiares entram com produtos ilícitos na penitenciária.
Conforme a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), as visitas na unidade são feitas às quartas-feiras e domingos. Todo preso tem direito de receber até quatro pessoas adultas, sendo ilimitado o número de crianças. Os visitantes possuem duas opções de visitas: uma no período matutino, das 9 horas até as 11. Já no período vespertino as visitas são de 14 às 16h30.
De acordo com Batista, a principal dificuldade de proibir a entrada e apreender esse material se dá em razão de uma instrução normativa da Sejudh que proíbe os agentes penitenciários de revistarem os visitantes. Ou seja, é proibido pedir para que a pessoa tire a roupa e, inclusive agachar. Os agentes afirmam que sem a revista íntima, os visitantes colocam os aparelhos em luvas descartáveis e preservativos e penetram nas partes íntimas. Diante disso, a possibilidade dos visitantes entrarem com droga é muito grande.
“Nós acreditamos que no dia de visita têm em torno de 400 visitantes, 5% possam ser essas pessoas. Isso vai dar uma soma de 20 pessoas que vem até a penitenciária para levar celulares, carregadores e até drogas, além de informações de fora para dentro do presídio”, disse o sindicalista ao HiperNotícias.
Batista afirmou que com a entrada desses aparelhos, os detentos conseguem articular outros crimes, para que criminosos que estejam em liberdade cometam ou que eles mesmo efetuem o ato, como é o caso do bênção mãe (crime no qual o bandido liga para vítima dizendo que está sequestrando algum familiar).
“Os celulares são os principais meios para que os detentos possam cometer outros crimes. Nós vimos no ano de 2016, o ‘Salve Geral’ foi todo articulado dentro dos presídios, não só da PCE, mas como também da Mata Grande – presídio localizado a 215 km ao Sul de Cuiabá. A nossa grande dificuldade é porque uma instrução normativa do governo proibiu a revista íntima. Com isso, temos que detectar o ilícito no movimento dos visitantes”, disse João Batista.
Na terça-feira (20), os agentes realizaram revista nos raios 3 e 4 da Penitenciária Central do Estado (PCE). Ao todo, foram encontrados 78 aparelhos de celular, 290 trouxinhas de maconha, 5 facas artesanais, 15 xuxos (arma artesanal), 18 fones de ouvido, 1,6kg de cocaína, 2,74kg de outros entorpecentes e 30 carregadores de celular.
Após a revista, foi registrado um motim dentro dos raio 3 e 4. Durante a confusão, o detento, Jesuíno Cândido da Cruz, o Junião, de 27 anos, morreu. Após a morte do preso, supostos detentos começaram a compartilhar áudios nas redes sociais, ameaçando os agentes.
Em uma das gravações, os presos utilizam palavras como "salve geral" e "passa nada", para ameaçar os servidores. Os presos pedem que "os soldados das facções que estão em liberdade" ataquem os agentes penitenciários, carros do Serviço de Operações Especiais (SOE) e Grupo de Intervenção Rápida (GIR) e "fuzilem" as viaturas do sistema penitenciário. O motivo seria a morte do preso de Junião e algumas regalias que foram retiradas pelo novo diretor da penitenciária, Revetrio Francisco da Costa.
Tanto a sede do Sindicato dos Agentes Penitenciários como a casa de um agente prisional receberam rajadas de tiros depois da morte do detento na PCE.