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PODER PARALELO: Traficando drogas e punindo os pequenos delitos, CV atua em pelo menos 26 bairros

894efa4776ae54efeba7416889e0aa40Facção criminosa que surgiu no Rio de Janeiro já tem filial em Mato Grosso e desafia polícias Militar e Civil

Ostentando poder de fogo e tentando fazer em alguns casos, justiça com as próprias mãos e enfrentamentos diretos às forças de segurança pública, o Comando Vermelho (CV) é uma realidade mais do que nunca, conhecida pela população da Grande Cuiabá. A facção criminosa atua em praticamente todo o Estado.

Quadro comando vermelho

Levantamento feito por Rdnews mostra bairros de Cuiabá e Várzea Grande onde o Comando Vermelho atua no tráfico de drogas e impõe suas próprias leis

Na Capital e em Várzea Grande, atuam assiduamente em pelo menos 26 bairros. A força é tão grande que nestas áreas, é a lei deles que impera e quem descumprir é punido duramente. Enfim, a contar pelos muros pintados, o CV está comandando boa parte das cidades.

Com ordens de “não aos estupros, roubos a caguetagens e mortes por coisas banais”, o poder paralelo do CV tem mostrado cada vez mais força, e quando punem um suspeito de algum crime, gravam e enviam os vídeos aos seus familiares, o que muitas vezes, os impedem de denunciar, por medo de se tornar mais um alvo ou por simplesmente não ter a quem recorrer.

É justamente neste ponto onde a sociedade se divide, entre agradecer por menos um bandido, estuprador ou espancador ser punido publicamente como no ditado popular “olho por olho, dente por dente”, ou em ficar com medo sem saber o que se esperar dessa violência gratuita. Não é possível estipular as cifras que a organização vem movimentando em Mato Grosso, tanto com tráfico de drogas, como com armamentos e outros delitos. Todas essas informações são desconhecidas da sociedade mato-grossense.

Estima-se que o faturamento do CV nesses últimos cinco anos em Mato Grosso quadriplicou. A facção domina o tráfico de entorpecentes nas cadeias mato-grossense. Nas ruas, quem quer vender drogas tem de comprá-las do CV ou pagar um "aluguel" para continuar dono da boca. Os bandidos batizados pelos líderes e os simpatizantes costumam pagar mensalidades.

O delegado titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) responsável pela investigação, Diogo Santana, esclarece que a delegacia continua realizando o trabalho de acompanhamento das organizações criminosas com frequência.

“No caso aqui em Mato Grosso, o Comando Vermelho que mostra maior articulação. Então estamos constantemente desempenhando um trabalho de inteligência no sentido de identificar quem são os integrantes do grupo e desarticulá-los levando a prisão”, explicou.

Poder Paralelo

Com a onda do “salve geral”, nome da justiça com as próprias mãos praticada pelo CV, as imagens das agressões estão circulando com mais frequência desde o segundo semestre do ano passado. O apurou que a cada duas semanas a facção libera pelo menos cinco vídeos.

O último foi liberado na manhã desta sexta (2), e foi supostamente gravado em uma casa no bairro Jardim Florianópolis. A gravação mostra dois supostos infratores pedindo desculpas por terem roubado no bairro Florianópolis. Após o pedido, eles são espancados por pelo menos cinco bandidos.

Os gritos são horríveis e os jovens ficam com costas dilaceradas. Mas quando os integrantes da facção escutam a sirene da Polícia Militar fogem e entram na casa de uma moradora, que fica desconfortável e chega a pedir para que não se escondam na residência, mas em vão.

Questionado sobre os apoios que o CV vem recebendo de parte da população por várias punições no emprego de suas leis, o delegado Diogo Santana passa algumas orientações. “Isso para a Segurança Publica é um absurdo, pois entendemos que a única justiça que existe é a do Poder Judiciário. Não acreditamos nesse poder paralelo fazendo justiça. Não acreditamos nele e isso não pode ser aceito pela sociedade de maneira alguma”, afirma.

Sobre os vídeos que continuam sendo divulgados pelo CV, mostrando que cada vez mais está comandando a Grande Cuiabá, sem medo dos órgão de segurança pública, Diogo Santana ressalta que a Polícia Civil vem executando o seu trabalho e exemplificou que os corpos decapitados nas imagens que circularam no início da semana passada foram identificados.

“O caminho que nós encontramos é trabalhar por inteligência forte e identificar quem são os componentes e enfraquecê-los. Mas sabemos que não é possível acabar com uma facção como o CV, mas o nosso trabalho é contínuo no sentido de enfraquecê-lo e mostrar que a força policial”, pontua.

Enquanto isso a organização continua crescendo e ganhando novos adeptos e deixando os seus rastos visíveis pelas periferias. Ao longo de duas semanas, o visitou vários bairros controlados pelo CV e constatou que sem medo, os integrantes deixam suas marcas por vários muros, inclusive com muitos recados.

No bairro Ribeirão do Lipa, na avenida principal, próximo a uma universidade particular, o recado em vermelho é grande. Além de proibir os assaltos, a facção referência a Rogério Lemgruber, um dos fundadores da organização em 1970.

O conversou com um ex-integrante do CV, que pediu para não ser identificado, uma vez que foi punido duramente após implorar para deixar a organização.

“Quando comecei a roubar, meu sonho era participar do Comando Vermelho. Os caras são fortes, se ajudam e se importam com a população carente. Eles estão onde o governo não está. Mas confesso que isso sai bem caro. Não é fácil entrar, mas é humanamente impossível sair sem que você não passe por um castigo. Eu fui castigado, quase morri, mas consegui chegar em quem poderia me autorizar a sair. Fui castigado com tiros, foi gravado e meus pais viram. Não recomendo que um jovem tente entrar. A realidade é dura”, afirmou.

Ele destaca que para sair não teve a quem recorrer e pedir ajuda, o que inclui as policiais devido aos tantos crimes que já cometeu. “Já furtei, roubei, bati, explodir caixas eletrônicos, entre outras coisas, então p... não dá. O jeito é se curar com ajudas que tenho e seguir a vida escondido”, lamentou.

Ressalta ainda que, é possível ver em vários bairros as siglas do CVLRMT, com a inserção do LR, iniciais Rogério Lemgruber, conhecido no Rio de Janeiro como Bagulhão ou Marechal, traficante de renome no mundo do crime.

“Nestes lugares o tráfico impera. Por isso quem comete infrações que podem trazer com maior frequência as policias aos bairros são punidos”, contou.

Bairros Controlados

Conforme apontam as investigações, o Comando Vermelho é a maior facção e mais organizada de todos os grupos criminosos. Atualmente não se tem mais o número estimado de integrantes. Até 2016, era de pelo menos 2,5 mil. Mas com o crescimento da chamada “mancha vermelha” dominando e controlando os bairros, é possível estipular que o número quadriplicou.

O Jardim Florianópolis, área periférica da Capital, é um dos bairros em que o Comando Vermelho controla, onde também está terminantemente proibido assaltos, uma vez que os integrantes não querem a polícia circulando pelas ruas, atrapalhando o comércio de drogas e outros atos ilícitos. Assim como dizem não quer que a população desfavorecida seja oprimida pelas forças de segurança pública.

Já no bairro Paiaguás, eles controlam quem entra e quem sai a partir das 22h. A reportagem fez uma visita neste horário, e o carro foi parado por três homens que perguntaram de onde viemos e o que queríamos na área. Após a explicação de que seria uma entrega de objetos, o veículo foi autorizado a passar.
No Jardim Vitória onde foram mortos dois integrantes do CV Kelves Gonçalves da Silva acusado do sequestro da empresária Milene Falcão Eubank, e de atirar no investigador Sidney Ribeiro dos Santos, e o comparsa Jean Pierre, a ação do grupo criminoso é evidente. "Inclusive os moradore ajudam. Para se ter uma idéia, além daquela submetralhadora 9mm, que foi encontrada com eles no esconderijo, no bairro ainda tem mais quatro delas", contou o ex-integrante.

tentou conversar com alguns moradores do bairro, mas ninguém aceitou tocar no assunto. Disseram não ter ouvido ou visto a ação da Polícia Civil no último dia 27.

"Ao invés de falar sobre o Comando Vermelho, deviam era cobrar assistência dos governantes. Aqui não temos nem asfalto, não olham para nós", lembrou a fonte.

Mesmo com a transferência Sandro da Silva Rabelo, conhecido como “Sandro Louco”, considerado o fundador da franquia em Mato Grosso, foi transferido para o presídio federal de Catanduvas (PR), o CV continua crescendo. Além do controle nos bairros em Cuiabá e Várzea Grande, a facção tem comandado o tráfico de drogas nas fronteiras entre Mato Grosso e a Bolívia.

Investigações apontam que ataques aos bancos e caixa eletrônicos no interior do Estado também seriam a mando do CV, uma vez que precisam de mais dinheiro para adquirir armamentos. No interior, as cidades onde o Comando Vermelho também está ganhando força são Rondonópolis, Sinop, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde.

Fonte:

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