DENISE: Caramujos africanos "tomam conta" da cidade
Entramos em contato com a pessoa responsável pela Vigilância Epidemiológica do município; segundo ela, através de sua equipe, providências já foram tomadas na orientação para que cada munícipe saiba lidar no combate ao caramujo. ( Distribuição de panfletos informativos e Informativo volante).
No período das chuvas, a proliferação do caramujo africano é constante no Brasil. Em Denise, não tem sido diferente; moradores já reclamam há algum tempo da presença desses bichos por todos os lugares, principalmente em loteamentos vazios que não são limpos pelos proprietários e em entulhos nas ruas e avenidas da cidade.
Segundo informações, próximo ao Departamento de Água da cidade, existe uma população considerável desses animais, e que o poder público não tomou providências até o momento.
Entramos em contato com a pessoa responsável pela Vigilância Epidemiológica do município; segundo ela, através de sua equipe, providências já foram tomadas na orientação para que cada munícipe saiba lidar no combate ao caramujo. ( Distribuição de panfletos informativos e Informativo volante).
Ainda segundo ela, outras providências foram tomadas no intuito de informar apopulação sobre os riscos de infecção e a melhor formar de exterminar com o bicho.
SAIBA MAIS SOBRE O CARAMUJO AFRICANO:
"A Achatina fulica (CARAMUJO AFRICANO)é uma espécie de origem africana. Temos notícia de que a espécie foi introduzida no Brasil por meio de uma feira agropecuária na década de 80, no Paraná. No entanto, não consta registro de autorização de importação desse material no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O caramujo africano foi importado para consumo humano, como uma opção ao escargot. Este molusco é consumido principalmente na África e tem suas vantagens nutricionais, como ser rico em proteínas. Na feira realizada no Paraná, foram comercializados kits que incluíam a matriz com um número determinado de exemplares e livretos que ensinavam como iniciar a criação. A promessa era de lucro imediato. Porém, como o brasileiro não tem hábito de consumir este tipo de alimento, a demanda não existiu e os criadores soltaram os moluscos inadvertidamente na natureza, sem imaginar o mal que estavam causando.
As densas populações desse molusco no Brasil devem-se principalmente ao seu grande potencial biótico e à ausência de patógenos específicos. Apesar de serem herbívoros, são muito vorazes e pouco exigentes para se alimentar, comendo praticamente de tudo. Um exemplar pode colocar em média 200 ovos por postura e se reproduzir mais de uma vez por ano. Estes ovos são mais ou menos do tamanho de uma semente de mamão, branco-amarelados e ficam semi-enterrados. Por isso, quando a catação é feita, é preciso estar atento para catar e destruir os ovos também.
A principal providência a ser tomada é o controle pela catação. O uso de pesticidas não é recomendado em função da alta toxicidade dessas substâncias. A melhor opção é a catação manual com as mãos protegidas com luvas ou sacos plásticos. Este procedimento pode ser realizado nas primeiras horas da manhã ou à noitinha, horários em que os caramujos estão mais ativos e é possível coletar a maior quantidade de exemplares. Durante o dia, eles se escondem para se proteger do sol.
O sal, que seria uma opção para eliminar os moluscos, não é recomendado porque seu uso em excesso prejudica o solo e plantio. O Plano de Ação para o Controle de Achatina fulica do Ibama recomenda que após a catação os moluscos devem ser esmagados, cobertos com cal virgem e enterrados. Outras opções são jogar água fervente num recipiente para matar os caramujos recolhidos ou incinerar, desde que estes procedimentos sejam realizados com segurança. O material pode ser ensacado e descartado em lixo comum, mas é preciso quebrar as conchas para que elas não acumulem água e se transformem em focos de mosquitos, como o Aedes aegypti, vetor do vírus do dengue.
RISCOS PARA A SAÚDE
Existem duas zoonoses que podem ser transmitidas pelo caramujo africano. Uma delas é chamada de meningite eosinofílica, causada por um verme [Angiostrongylus cantonensis], que passa pelo sistema nervoso central, antes de se alojar nos pulmões. O ciclo da doença envolve moluscos e roedores. O homem pode entrar acidentalmente neste ciclo. No Brasil não há registro de nenhum caso da doença, que já foi verificada em ilhas do Pacífico, no Sudeste Asiático, na Austrália e nos Estados Unidos. A segunda zoonose é a angiostrongilíase abdominal, com casos já registrados no Brasil, mas não transmitidos pelo caramujo africano. A angiostrangilíase abdominal [causada pelo parasito Angiostrongylus costaricensis] muitas vezes é assintomática, mas em alguns casos pode levar ao óbito, por perfuração intestinal e peritonite. Em testes realizados em laboratório, Achatina fulica não se revelou um bom hospedeiro, sendo portanto considerado um hospedeiro potencial para o parasita, causador da angiostrongilíase abdominal – mas, friso, trata-se de um hospedeiro potencial". - Silvana Targino (Pesquisadora).