Arcanjo tem R$ 250 milhões para receber de políticos e empresários; advogado avisa que "perdão só no paraíso"
Solto na última segunda-feira (26) após quase 15 anos cumprindo pena em regime fechado, inclusive em presídios federais, o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro ainda gera “temor” em muitas pessoas. Isso porque empresários e políticos têm dívidas milionárias com o ex-comendador.
No dia de sua soltura, o advogado de Arcanjo, Zaid Arbid, informou que ele não perdoaria as pessoas que lhe devem. Já nesta sexta-feira, em entrevista ao programa Cadeia Neles (TV Vila Real), o jurista reforçou que haverá cobranças por parte do ex-bicheiro. “Não é questão de perdoar. Nós não estamos no paraíso. No paraíso, é que você aplica o pai nosso: você vai perdoar as dívidas e as ofensas. Mas estamos na terra e tudo na terra tem que receber para poder pagar”, afirmou Arbid.
Dono de uma grande fortuna em Mato Grosso, o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, Arcanjo tem cerca de R$ 250 milhões para receber de empréstimos realizados por sua factoring até 2002, ano em que teve a prisão decretada pela Justiça Federal. Segundo Zaid Arbid, os títulos estão “retidos” pela Advocacia Geral da União.
Assim que forem devolvidos, procederá às ações de cobrança. “Ele tem muita coisa para receber porque a quase totalidade dos créditos que tinha em 2002, ainda não recebeu. A Advocacia Geral da União que está na posse desses títulos de crédito e vai devolver a João Arcanjo Ribeiro. Tenho para mim que, se nada foi recebido, está na casa de R$ 200 milhões a R$ 250 milhões”, detalhou Arbid.
A maioria dos empréstimos realizados pelo “ex-comendador” foi para políticos e empresários. Inclusive, investigações apontam que os recursos custearam campanhas eleitorais ao longo dos anos.
NÃO A DELAÇÃO
Arbid, porém, alega que os procedimentos realizados por Arcanjo ocorreram dentro da legalidade. Por conta disso, não firmou colaboração premiada com a Justiça nestes anos de cadeia. “Todas as vezes que Joao Arcanjo Ribeiro procedeu de algum empréstimo, procedeu de forma lícita. Ele nunca procedeu financiando o ilícito. Então, não teria qualquer delação a fazer porque nunca empreendeu em prejuízo da sociedade. Ele jamais cogitou qualquer acordo porque nunca participou de nenhuma ação e de nenhum grupo criminoso”, disse.
Dono de um poderio que atingiu as mais variadas esferas no Estado até o início dos anos 2000, Arcanjo dificilmente atuará com os mesmos modus operandis de antigamente. Na época, foi atribuído a Arcanjo diversas mortes, como a do jornalista Sávio Brandão, do radialista Rivelino Brunino e do motorista Fause Rachid Jaudy, e ainda do ex-vereador de Várzea Grande, Valdir Pereira.
Para o promotor Célio Wilson, secretário de Segurança Pública na época da “Operação Arca de Noé”, o ex-bicheiro não detém mais influência como antigamente. “Os tempos são outros, o governo é outro e não há mais espaço para este tipo de fato. Inclusive, o atual governador Pedro Taques participou da investigação. As pessoas ligadas a ele na época não exercem mais poder, ou se aposentaram ou foram até denunciadas”, promotor Célio Wilson
Fonte: Folhamax