PF apreende "barras de ouro", cheque de ministro e dinheiro em fundo falso na casa de Riva
Relatório parcial de análise do material apreendido na casa do ex-deputado José Geraldo Riva (PSD) na Operação Ararath revela que a Polícia Federal encontrou diversos documentos na casa do ex-presidente da Assembleia pertinentes a movimentações financeiras, escrituras de imóveis, cheques, dinheiro e até barras de metal dourado, aparentemente ouro. O mandado de busca e apreensão foi cumprido em 20 de maio de 2014, durante a quinta fase da operação, e foi obtido na Justiça graças ao depoimento do delator Júnior Mendonça.
Dos cheques encontrados na casa de Riva, três haviam sido emitidos pelo ex-ministro da Agricultura, Neri Geller, que ainda estava no cargo no dia da apreensão, nos valores de R$ 220 mil, R$ 232 mil e R$ 575 mil. Dois deles de 2009 e um de 2010, período anterior ao ingresso de Neri no staff de Dilma Rousseff (PT). Geller ascendeu ao ministério em março de 2014 e deixou o posto em janeiro de 2015, após a reeleição da presidente.
A Polícia Federal encontrou R$ 29 mil em espécie escondidos em um fundo falso na casa de Riva. O relatório não detalha a maneira como o dinheiro estava camuflado. Informa ainda que em uma caixa preta foram encontradas três barras de metal dourado, semelhantes a ouro, sendo duas de menor tamanho. Em dois carros do ex-deputado, uma Triton Mitsubishi e uma SW4, ainda foram encontrados R$ 11 mil e R$ 5 mil.
NOTAS PROMISSÓRIAS
A Polícia Federal ainda encontrou duas notas promissórias em nome de Janete Riva (PSD), esposa do ex-parlamentar, cada uma no valor de meio milhão de reais, com vencimentos para julho de 2013 e 2014, emitidas por empresário do setor madeireiro.
Ainda foram encontradas notas promissórias nos valores de e R$ 5 milhões e uma de R$ 125 mil, sendo a segunda com o nome do beneficiário em branco. Uma terceira foi encontrada no valor de R$ 2,3 milhões, em uma mala do ex-deputado. Esta foi emitida pelo empresário Eraí Maggi. A PF buscou explicação para a promissória de Eraí em documentos apreendidos em outra fase da Ararath, durante busca na Sociedade de Fomento Mercantil, em Brasília, propriedade de Valdir Agostínho Piran.
“Constatamos através dos fatos acima que a NP emitida por Erai Maggi em 09/04/2013 estava em poder da empresa Piran Factoring, contudo, a mesma promissória neste ano de 2014 foi apreendida na Residência do Deputado José Geraldo Riva, durante busca e apreensão referente a operação Ararath. Ao que tudo indica, esta NP que esteve em poder da Piran Factoring, provavelmente foi dada como garantia de um empréstimo, sendo resgatada posteriormente”, informa o relatório da PF.
QUINTA FASE DA ARARATH
A quinta fase da operação Ararath cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Riva e do então governador do Estado, Silval Barbosa (PMDB). Riva chegou a ser preso juntamente com o ex-secretário de Estado, Eder Moraes. Ambos foram transferidos para Brasília, mas o ex-presidente da Assembleia acabou solto dias depois.
Os mandados de busca e apreensão contra Riva se ancoram nas informações concedidas pelo delator da operação, o empresário Júnior Mendonça, investigado por manter um suposto “banco pirata” em Mato Grosso. O empresário revelou que desde o ano de 2006, a "instituição financeira (factoring)" por ele operada ilegalmente vinha sendo utilizada por integrantes do núcleo político do Estado de Mato Grosso, dentre eles José Riva. Conforme o depoimento de Mendonça, Riva reiteradamente obteve empréstimos de recursos em cifras milionárias em valores incompatíveis com a remuneração da função pública dele.
Por: LUCAS BÓLICO/OLHAR DIRETO