Ex-chefe de gabinete de Silval usou WhatsApp dentro da cadeia para tentar fugir
Mesmo preso, o ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), Sílvio Cezar Correa Araújo, teria tentado fugir do país. Segundo consta em um documento assinado pela juíza Selma Rosane de Arruda, ele teria abordado uma servidora da Casa Militar, por meio do aplicativo WhatsApp, enquanto ainda estava preso pela Operação Ouro de Tolo, com intuito de reaver seu passaporte.
O fato demonstraria a pretensão de articular uma fuga, segundo a magistrada. As informações foram divulgadas pela Sétima Vara Criminal na decisão que decretou as prisões preventivas do ex-governado Silval Barbosa e dos ex-secretários Pedro Nadaf e Marcel de Cursi, no bojo da Operação Sodoma.
De dentro da cadeia, ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa tentou reaver seu passaporte por meio de uma conversa no WhatsApp
“Esta magistrada tem conhecimento próprio, por meio do que ocorreu nos autos de n. 414182, que tramitam nesta Vara, que Sílvio Cezar Correa Araújo teria abordado uma servidora da Casa Militar, por meio do aplicativo WhatasApp, ainda quando estava preso por força de mandado expedido naqueles autos, no intuito de obter com ela um passaporte”, expõe a magistrada, completando: “Esse fato é um indicativo claro que o mesmo pretende foragir, já que, naqueles autos, responde por crime peculato”, concluiu a juíza.
Na ocasião da detenção, em meados do mês de agosto durante a deflagração da Operação Ouro de Tolo, o ex-chefe de gabinete impetrou Habeas Corpus, deferido pelo Tribunal de Justiça oito dias depois da prisão. Livre da prisão, Sílvio passou a usar uma tornozeleira eletrônica, para ter seus passos monitorados pela Justiça.
Na mesma operação, a esposa de Silval, Roseli Barbosa, foi presa sob a acusação de comandar uma organização criminosa instalada que teria desviado ao menos R$ 8 milhões da Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas). O fato foi lembrado pela juíza Selma Rosane de Arruda no despacho que ordenou a prisão de Silval.
"Interessante anotar que naquela ação penal a pessoa apontada como líder de uma organização criminosa que visava desvios de verbas da Administração Estadual é exatamente a esposa do investigado SILVAL BARBOSA, ROSELI DE FÁTIMA MEIRA BARBOSA, então secretária da SETAS — Secretaria de Trabalho e Assistência Social", diz.
Desta vez, denúncias da Operação Sodoma apontam que Sílvio Cezar Correa teria algo em torno de R$ 25 mil no esquema supostamente liderado por Silval, que extorquia empresários para concessão de incentivos fiscais do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic).
Sabendo que o monitoramento eletrônico de Sílvio poderá ser revogado por instâncias superiores da Justiça, o que o deixaria livre para foragir, a juíza Selma de Arruda ordenou, mais uma vez, o monitoramento eletrônico do "braço direito" de Silval. Assim, caso consiga se livrar do monitoramento em um caso, continuará usando a tornozeleira eletrônica.
"Assim, ainda que naquele caso esta magistrada já tenha imposto a SILVIO a obrigatoriedade do uso de tornozeleira eletrônica, não é demais fazê-lo também nestes autos, já que é óbvio que tal medida pode ser revogada a qualquer momento por uma instância superior", explica a magistrada.