Emanuel Pinheiro seria o responsável por blindar empresas do esquema de Nadaf e de Cursi na CPI
O deputado estadual Emanuel Pinheiro (PR) foi citado várias vezes na delação feita pelo empresário João Batista Rosa, dono do Grupo Tractor Parts, como um dos artífices utilizados pelo ex-secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme) Pedro Nadaf. Rosa afirmou que Pinheiro era sempre citado como uma das “pessoas poderosas” utilizadas para coagi-lo a continuar dando dinheiro a Pedro Nadaf e Marcel de Cursi.
Foto: Angelo Varela/AL-MT
Segundo o delator do esquema investigado na Operação Sodoma, Marcel de Cursi estava agendando uma reunião com Emanuel Pinheiro
Emanuel Pinheiro também seria o homem a impedir que as investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa, justamente de Renúncia e Sonegação fiscal, chegassem até as empresas envolvidas no esquema criado pelos ex-secretários Silval Barbosa (PMDB) e, segundo disse Batista Rosa, durou até julho deste ano.
Não ajuda muito o fato de Emanuel Pinheiro ter brigado, inclusive na Justiça, para conseguir fazer parte da CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal, criada para investigar irregularidades nas concessões de benefícios fiscais nos últimos anos. No tempo da implantação da CPI, ela foi definida como formada por Wilson Santos (PSDB), Max Russi (PSB), Wancley Carvalho (PV), Zé Domingos (PSD) e presidida por José Carlos do Pátio (PSD). No entanto, Pinheiro afirmou que, pelo princípio da proporcionalidade, seu partido teria direito a um representante na Comissão e conseguiu, na Justiça, o direito de participar da CPI.
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Conforme o delator, Marcel de Cursi era quem negociava com o deputado meios de colocar barreiras na investigação envolvendo a Tractor Parts. De Cursi e Nadaf teriam, inclusive, se reunido pessoalmente com Pinheiro hora na casa de um, hora na casa de outro. Em trecho de conversa no WhatsApp, Marcel de Cursi pergunta a João Batista Rosa se pode confirmar uma reunião no gabinete do deputado Emanuel Pinheiro.
“Posso confirmar com o deputado Emanuel Pinheiro agenda para hoje às 9h30 no gabinete dele na Assembleia?”, ao que Rosa responde: “gostaria de falar com você antes”. De Cursi replica: “Onde nos encontramos?” e encerra “reagendo o deputado para que horas?”. Para a juíza Selma Arruda, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, a convocação de Pedro Nadaf na CPI foi justamente para blindar as empresas Tractor Parts e NBC Assessoria.
Em reunião entre Nadaf, Rosa e de Cursi, ficou acordado que o último seria o responsável por defender a Tractor Parts das investidas da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, comandada por Seneri Paludo, que já tinha detectado as irregularidades que acabaram por se tornar alvo da Operação Sodoma.