Wilson diz que Zanata “não estava à altura” para comandar secretaria
O líder do Governo na Assembleia, deputado Wilson Santos (PSDB), teceu críticas contra o ex-secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia, Alan Zanatta, durante oitiva da CPI dos Incentivos e da Renúncia Fiscal, realizada na última quarta-feira (16).
Segundo ele, Zanatta nunca teve experiência pública na área e, portanto, não estava preparado para comandar a pasta.
“Pra mim, ficou muito claro que o senhor Alan Zanatta foi usado no cargo. Ele é uma pessoa que não estava à altura do cargo. Nunca teve experiência na área pública”, disse.
Zanatta foi ouvido na CPI um dia após a deflagração da Operação Sodoma, da Polícia Civil, que resultou na prisão de dois outros ex-gestores da pasta, Pedro Nadaf e Marcel de Cursi.
Eles são acusados de integrar um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, a partir do pagamento de propina para concessão de benefícios fiscais no Estado, por meio do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic).
Durante a oitiva, Wilson perguntou a Zanatta se ele temia ser preso: “Os ex-secretários já estão presos, o ex-governador Silval Barbosa está a caminho da prisão. O senhor tem medo de ser preso?”, questionou o deputado.
O ex-secretário, por sua vez, respondeu que não e ainda aproveitou para rebater as declarações de Wilson.
“Fui comerciante por muito tempo, queria ter a experiência de ocupar um cargo público e acho que correspondi ao que era esperado. Não tenho medo de ser preso”, afirmou.
Empresa de delator
Ainda durante a oitiva, Zanatta deu poucos esclarecimentos à CPI. Ele disse não se recordar de ter assinado boa parte das provas apresentadas pelos deputados e que davam conta de uma série de problemas na concessão de incentivos fiscais.
Um dos documentos apresentados foi o decreto homologado no Diário Oficial do Estado de 29 de dezembro do ano passado e que concedeu incentivos fiscais a três empresas do grupo Tractor Parts.
Um dos sócios do Grupo, João Batista Rosa, e delator do esquema investigado na Operação Sodoma, confirmou à Delegacia Fazendária (Defaz) ter pago R$ 2,6 milhões ao ex-secretário de Estado Pedro Nadaf para obter os benefícios.
As investigações da CPI dos Incentivos comprovaram que, em um único dia, as empresas deste grupo apresentaram carta consulta solicitando o beneficio do incentivo, foram encaminhadas para o Conselho Estadual de Desenvolvimento Empresarial [Cedem] e tiveram o decreto homologado.
No depoimento, Zanatta afirmou não se lembrar de ter assinado nenhum documento beneficiando as empresas de João Batista Rosa.
“Não me lembro de ter assinado esse decreto. Impossível você lembrar-se de todos os documentos que assina. São vários documentos assinados no dia a dia”, disse o ex-secretário.
Ele admitiu, no entanto, que não é normal que as empresas tenham conseguido realizar todos os trâmites em um dia só. “Normalmente, o processo para uma empresa conseguir o benefício leva de 60 a 90 dias”, afirmou.
Poucos esclarecimentos
O presidente da CPI, deputado Zé Carlos do Pátio (SD) afirmou que a oitiva com Zanatta pouco acrescentou nas investigações. Para ele, o ex-secretário estava desinformado das ações que aconteciam na sua secretaria ou não quis colaborar com as investigações.
“A gente nota que ele estava desinformado, ou no mínimo, tentou não passar as informações de dados que temos. Ele disse não se lembrar de vários atos e procedimentos que tomou. Senti nele uma pessoa alheia, pouco focada no cargo que teve e pouco focada no papel que exercia”, afirmou o deputado.
Fonte: Midia News