Filha de Galli e mais 8 viram réus acusados de furto e estelionato
A juíza Silvana Ferrer Arruda, da 5ª Vara Criminal de Cuiabá, recebeu uma denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) contra a servidora do Estado Ester do Nascimento Galli, filha do deputado federal Victório Galli (PSL), pelos crimes de furto qualificado e estelionato.
Os crimes teriam sido cometidos entre os anos de 2008 a 2010 contra a empresa Grupo Atame, da qual era funcionária na época. Ela nega que tenha cometido o crime e classifica a denúncia de "absurda e covarde" (leia abaixo).
Além dela, também foram denunciados pela promotora de Justiça Fânia Amorim, da 7ª Promotoria de Justiça Criminal de Cuiabá, e passaram a ser réus, Eliani Aparecida de Oliveira, Suely Gonçalves da Silva, Vanildo Nogueira, Julio Campos da Silva, Jean Carlos Ribeiro Barcelos Ferreira, Marcio Sales de Freitas, Augusto Cesar Ribeiro Macaúbas e Zaqueu Vieira da Rocha.
Os autos revelam que as acusadas durante o período acima referido, adulteraram várias cártulas de cheques emitidas por alunos ao inserir o nome da acusada Ester na ordem de pagamento
De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual (veja a íntegra AQUI), entre novembro de 2008 e outubro de 2010, Ester e Eliani subtraíram para si inúmeras folhas de cheques da empresa Grupo Atame, somando R$ 32 mil.
"Desponta dos autos que a acusada Ester era subordinada a denunciada Eliani e que trabalhavam no setor financeiro, responsável por administrar os cheques de pagamento à vista e também pré-datados que os alunos davam para a empresa como forma de pagamento parcelado pelos cursos em que matriculavam", diz trecho da denúncia.
"Os autos revelam que as acusadas, durante o período acima referido, adulteraram várias cártulas de cheques emitidas por alunos ao inserir o nome da acusada Ester na ordem de pagamento”, diz a denúncia.
Conforme o MPE, após adulterarem as folhas de cheque, a acusada Eliani ordenava os seus depósitos na conta de Chirley Conceição do Nascimento, que é mãe de Ester.
“Inclusive, descobriu-se que a acusada Eliani cobrava os alunos da empresa quando os cheques por elas subtraídos eram devolvidos sem compensação por falta de fundos”, diz outro trecho da denúncia.
Segundo o MPE, os crimes de furtos com abuso de confiança e fraudes só foram descobertos pela empresa em 28 de dezembro de 2008, quando duas cártulas de cheques aparentemente subtraídas pelas acusadas em data anterior foram depositadas na conta corrente de Ester.
Arrombamento
O MPE também acusa Ester e Eliani de planejarem um furto mediante arrombamento no Grupo Atame, em dezembro de 2009, dois meses após serem demitidas da empresa.
Para tanto, elas teriam contado com ajuda dos denunciados Elzyo, Suely, Vanildo, Marcio, Julio, Augusto Cesar, Zaqueu e Jean Carlos.
Conforme o Ministério Público Estadual, foram levados do local 67 folhas de cheque em nome de alunos da empresa no valor de R$ 220 mil, diversos talões dos bancos do Brasil e Itaú em nome da empresa, nove monitores LCD, de 17 e 18 polegadas, dois aparelhos datashow e documentos de veículos diversos.
"Desponta dos autos que os denunciados arrombaram a porta principal e dois cofres da empresa, e em seguida foragiram para local incerto e não sabido num veículo da marca Ford, modelo Escort, de cor vermelha, de placa e propriedade/pose por ora ignoradas, não apreendido nos autos”, diz trecho da denúncia.
De acordo com o MPE, os acusados foram precisos quanto às coisas que seriam subtraídas porque não reviraram o local.
“Descobriu-se que para subtrair as cártulas de cheques, os denunciados utilizaram a chave da gaveta, que ficava escondida dentro de um caixinha, que era de conhecimento da ex-empregada da empresa, ora denunciada, Ester”, diz outro trecho da denúncia.
Reprodução/MPE
Fac-símilie de trecho da denúncia do MPE
Estelionato
Conforme o MPE, após o furto mediante arrombamento, os acusados Ester, Elyzo, Suely, Vanildo, Marcio Julio, Augusto Cesar, Zaqueu, Jean Carlos e Eliani praticaram ainda o crime de estelionato.
A denúncia diz que uma das acusadas se passou pela pessoa de Jussara Neves Furtado de Souza apresentando documentos RG, CPF e Carteira de Trabalho falsificados para abertura de duas contas correntes para saques das quantias referentes às compensações dos cheques furtados nelas depositadas, no total de R$ 106 mil.
"Do mesmo modo, os denunciados Elzyo e Julio também abriram as supramencionadas contas correntes para realizar depósitos e compensações dos cheques por eles subtraídos", diz trecho do documento.
"Em seguida, no mesmo dia em que cometeram o delito de furto mediante arrombamento na empresa, os denunciados Jean Carlos, Augusto Cesar, Vanildo e Julio começaram a depositar as cártulas de cheques furtadas nas quatro contas correntes acima descritas, bem como realizaram as compensações dos cheques com ordens de pagamento a vista, direto nas bocas dos caixas de diversas agências bancárias nesta Capital”, pontua a denúncia.
Outro lado
Em nota, Ester Galli negou os crimes. Ela afirmou que trabalhou durante 10 anos e 8 meses no Grupo Atame e sempre exerceu sua função com "zelo" e "honestidade".
Veja a nota na íntegra:
"Venho por meio desta nota, dizer que jamais aceitarei qualquer tipo de acusação e calúnia envolvendo meu nome ou de minha família. Temos uma história de fé e temor a Deus, seguimos o caminho da retidão. Exercemos trabalhos lícitos, criamos nossos filhos com dignidade e nos caminhos do cristianismo.
Trabalhei há mais de 10 anos, durante 8 meses, numa determinada empresa na cidade de Cuiabá, exerci minha função com zelo e honestidade. A época, ocorreu um sinistro naquela empresa e todos os 10 funcionários, naquela ocasião, foram chamados em um processo e considerados suspeitos, embora eu considere a suspeita absurda e covarde.
Não há nenhum depoimento de suspeitos ou de envolvidos que tenham citado, em qualquer momento, o meu nome. Não há o menor sentido ou cabimento de me incluírem em tal situação.
Tomei conhecimento deste processo pela boca de um jornalista e estive no fórum, mesmo sem ser intimada, e constituí uma defensora para cuidar do assunto.
Para tanto, embora o lento processo esteja há 10 anos consumindo recursos de nós brasileiros e tempo do Poder Judiciário, eu fiz questão de fazer a peça de defesa, no meu dever de cidadã. Pois, a partir de agora, eu sou a maior interessada em mostrar o tamanho da covardia ao envolver meu nome nisso.
Após a conclusão e o devido arquivamento do processo, irei processar, por calúnia, todos que me citarem e usarem, deste fato, de forma sorrateira para afrontar minha família e atacar meu pai em pleno processo eleitoral.
Desejo toda a paz do Senhor Deus de Israel a todos. E peço, deixem minha família em paz.
Por que trazer um fato de 10 anos atrás, sem fundamentação, sem cabimento e sem provas, numa acusação absurda em pleno processo eleitoral?"
Posicionamento
A reportagem também procurou o deputado federal Victorio Galli. Por meio de assessoria, ele acusou a imprensa de "fomentar ataques" contra ele.
Veja a nota na íntegra:
"Parte da imprensa tem interesse, de alguma ordem, em fomentar ataques contra mim.
Querem atacar minha família para me atingir. Denigrem a imagem das pessoas, pais e mães de famílias, sem qualquer responsabilidade. A imprensa nacional está fazendo isso contra [Jair] Bolsonaro, atacaram a memória do pai de Bolsonaro com distorções e mentiras. Agora, sob alguma orientação, estão fazendo comigo.
O irônico é que a esquerda está atacando a honra de uma mulher e mãe! Então, fica comprovado que a imprensa esquerdista só exclui, de sua fúria e militância, mulheres de esquerda? Sendo uma mulher e mãe conservadora, direita e cristã, pode atacar e denegrir? Essa é a ironia dos absurdos que li na imprensa.
Fake News e matérias com perseguição, por eu ser um deputado cristão, defensor da família, não irão me fazer perder o foco".