Candidato a deputado federal, advogado fura cerco policial e é detido com sinais de embriaguez
O advogado e candidato a deputado federal pelo Partido Verde (PV), Carlos Naves de Resende foi detido na noite desta quarta-feira (29), supostamente por apresentar sinais de embriaguez e furar um bloqueio policial em Rondonópolis (a 216 quilômetros de Cuiabá).
Uma equipe da Polícia Militar fazia rondas na região central do município, quando avistou uma caminhonete S10 de cor branca trafegando de forma irregular na pista. Os policiais teriam dado ordem de parada através de sinais luminosos e sonoros, porém o motorista se recusou a descer e fugiu.
Consta no boletim de ocorrência, que o advogado seguiu pelas avenidas Amazonas e Rio Branco para fugir dos PM’s. Durante o percurso, ele teria furado sinais vermelhos e também não teria respeitado as sinalizações de trânsito.
Suspeitando que houvesse reféns no veículo e armas de fogo, a equipe acionou outras viaturas para apoio e realização de cerco. Os militares teriam sinalizado novamente para que Carlos parasse, porém ele teria jogado a caminhonete contra os policiais.
Após alguns minutos de perseguição, o candidato entrou em uma residência que estava com portão aberto. Na ocasião, Carlos teria se recusado a descer da caminhonete e começou a ofender os policiais, que retiraram o homem a força.
Durante abordagem, conforme a ocorrência, ele teria se identificado e tentado usar a influência politica na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para intimidar os policiais.
Ele acabou sendo encaminhado à Delegacia de Polícia para as devidas providências. Lá, se recusou a fazer o teste do bafômetros, mas os militares afirmaram que ele apresentava sinais de embriaguez, como falta de coordenação motora, fala alterada e nervosismo.
Se autuado, ele deverá responder por desobediência, resistência, direção perigosa e por dirigir sob influência de álcool. A polícia investiga o caso.
Outro lado
O candidato enviou uma nota para a reportagem sobre o ocorrido. Veja a íntegra:
Nota à Imprensa e ao Povo de Mato Grosso
Na noite de 29 de Agosto de 2018, última quarta-feira, retornando do aniversário do filho de um amigo, fui surpreendido na porta do meu escritório de advocacia, na Vila Aurora, em Rondonópolis, pela abordagem truculenta de mais de 20 policiais militares em seis viaturas da Força Tática, tropa de elite da nossa gloriosa Polícia Militar do Estado de Mato Grosso.
De forma agressiva comigo e minha família, tendo arrancado de minha filha seu celular de forma violenta de suas mãos, quando registrava o ato insano e covarde dos policiais, fui acusado de ter furado o cerco de uma blitz e dirigir embriagado.
Pelo fato de eu não ter submetido, acuado e subserviente a tamanho desrespeito dos meus direitos de cidadão e de minhas prerrogativas como advogado, fui conduzido à delegacia e denunciado por condução indevida do meu veículo e desacato à autoridade.
Diante de tamanha arbitrariedade e da disseminação de notícias falsas sobre o episódio, venho esclarecer à Imprensa e ao Povo de Mato Grosso a verdade dos fatos, que desmascara a empreitada policial contra minha a pessoa.
1 - Por que, se eu estivesse de fato com suspeita de embriaguez ou de qualquer outro ato ilícito, a polícia não me abordou imediatamente, preferindo me seguir por quilômetros e fazer uma abordagem na frente do meu escritório, tentando me humilhar na frente de minha família e de meus vizinhos? Qual o interesse disso? O que está por detrás de uma ação totalmente fora dos padrões de abordagem?
2 - Por que um aparato de seis viaturas e mais de 20 policiais fortemente armados para abordar um advogado digno, um pai de família íntegro, vindo do aniversário de 1 ano do filho de um amigo? Que tipo de crime requer tamanha mobilização policial? Certamente as ruas de Rondonópolis, onde com frequência ocorrem assassinatos à luz do dia, não necessitam de tal tipo de atuação.
3 - Ademais, há contradições na narrativa dos policiais, que ora falam de furo de cerco numa blitz e ora mencionam uma ronda. Em ambos os casos, no entanto, o modus operandi dos policiais foi totalmente fora do padrão.
4 - Outro ponto a ressaltar é o fato de os policiais desrespeitarem totalmente a minha prerrogativa de advogado, numa abordagem praticamente dentro do meu escritório e num claro flagrante forjado. Trata-se de um fragrante atentado ao estado democrático de direito. Se fazem assim com um advogado cuja vida pública é notória na sua cidade e em todo o Estado, o que não fazem com um cidadão comum.
5 - A atuação da PM fora dos padrões tem um claro viés político e persecutório, demonstrando que minha pessoa, meus posicionamentos políticos, minha coerência, incomodam poderosos que não possuem intimidade com a democracia.
6 – Por fim, a prática dos policiais escancara o arbítrio de um governo em putrefação, permitindo que uma importante força do aparelho de segurança pública seja colocada a serviço de investidas privadas e interesses políticos desprezíveis, demonstrando o descontrole e que governo de Mato Grosso sucumbe em relação à sua Polícia Militar, força respeitada por mim e por toda a população, mas que é frequentemente usada e abusada em atos ilícitos da administração comandada pelo senhor José Pedro Taques.
Diante do exposto, informo que junto com meu partido, o PV, estamos solicitando um posicionamento das demais agremiações que compõem nossa coligação e também da Ordem dos Advogados do Brasil sobre o total desrespeito dos policiais para com um advogado e que a Secretaria de Segurança Pública tomem as devidas providências.
Também estamos estudando, junto com meus advogados e meus companheiros de partido, a necessidade de pedido de proteção federal ante as ameaças que eu e minha família estamos sofrendo há alguns últimos meses.
Carlos Naves, advogado e candidato a deputado federal.