EUA registra reinfecção por Covid com segundo contágio mais grave que o primeiro
O que torna o caso relatado como preprint na revista Lancet diferente é que, desta vez, a segunda infecção foi mais severa do que a primeira, fazendo com que o paciente, de 25 anos, fosse hospitalizado e recebesse oxigênio. Da primeira vez, ele conseguiu se recuperar em isolamento em sua casa. No caso de Hong Kong, a segunda infecção foi assintomática, gerando suspeitas de que talvez a memória imunológica do organismo tenha proporcionado um caso mais leve; o caso americano mostra que isso pode não ser a regra para um segundo contágio.
Assim como o paciente de Hong Kong, o caso de Nevada contou com sequenciamento genético do vírus que permitiu aos pesquisadores deduzirem que realmente são duas infecções distintas, como relata o site Ars Technica. Existem situações em que o coronavírus apenas se mantém “dormente” no organismo e se manifesta novamente, o que passa a impressão de uma segunda infecção após a cura, mas ainda é a primeira.
Pelo mapeamento do RNA viral, os cientistas perceberam que havia uma série de diferenças pequenas no código genético das amostras da primeira e da segunda infecção. Mutações são um processo natural para um vírus, mas, pelos cálculos dos pesquisadores, para o vírus ter chegado a este ponto com uma única infecção ele precisaria ter se alterado em um ritmo 3,6 vezes mais alto do que é conhecido pela ciência atualmente. Então, a tendência é que sejam contágios distintos.
Por mais que os casos comecem a aparecer, ainda parecem raros os casos de reinfecção, pelo menos em um período tão curto, já que já são mais de 20 milhões de casos confirmados no mundo desde o início do ano. O organismo humano não é uma máquina e corpos diferentes podem produzir respostas diferentes ao vírus. Como não foi realizado um teste sorológico do paciente de Nevada após a primeira infecção, não se sabe se ele chegou a desenvolver anticorpos contra a doença. No caso de Hong Kong, um teste indicou que o corpo não tinha criado os anticorpos IgG.
Existem uma série de estudos indicando que anticorpos podem não ser o mecanismo de defesa mais importante no caso da Covid-19, já que eles podem desaparecer em questão de alguns meses. Pesquisadores defendem que as células T devem ter um papel maior na prevenção e reação ao vírus, eliminando as células infectadas impedindo a replicação do vírus e permitindo a geração rápida de anticorpos em caso de novo contágio.
De qualquer forma, como são poucos casos de reinfecção catalogados pela ciência, os pesquisadores ainda não têm respostas conclusivas. É esperado que a imunidade não seja eterna, como visto com outras doenças causadas por coronavírus como Sars e Mers, mas a Covid-19 é muito nova para determinar qual é o “prazo médio” para essa reinfecção ser possível, ou quais condições determinam como é a resposta imunológica de cada pessoa.
Fonte: olhardigital