"Ex-aliados achavam que Governo seria terra sem lei, mas não é”
Responsável por aglutinar partidos e dar viabilidade à reeleição do governador Pedro Taques (PSDB), o secretário de Governo Domingos Sávio disse que o tucano tem sido alvo, nos últimos meses, de "críticas eleitoreiras e covardes".
Para ele, as “facas nas costas” que Taques tem sofrido de ex-aliados já eram esperadas em um ano de eleição ao governo.
“Algumas críticas são eleitoreiras, feitas de maneira covarde com o governador. Muitos ex-aliados nunca foram aliados. Estavam ao lado do governador por conveniência. Muitos acharam que aqui era uma casa sem dono. E não é. O Pedro foi eleito com credibilidade e precisa tocar o Governo com credibilidade. E muitos ex-aliados achavam que isso aqui era uma terra sem lei. Mas não é. E quando viram isso, passaram a virar as costas”, disse, em entrevista ao MidiaNews.
Apesar de admitir que a gestão falhou no traquejo político no início de mandato, Sávio disse que Taques melhorou ao longo da gestão. Ele defendeu que o tucano tenha a possibilidade de um segundo mandato por ter ajustado o Estado após o que chamou de “farra” de gestões anteriores.
Ainda citou que, mesmo diante das dificuldades de caixa, o Executivo cumpriu com o pagamento dos reajustes salariais aos servidores públicos. Ele disse esperar que, assim que Taques for para televisão, no programa eleitoral, sua popularidade aumente.
“O governador fez uma excelente gestão. Ele foi um grande gestor. Estancou a corrupção e precisa dar continuidade nisso. Eu não tenho dúvida de que essa gestão precisa e merece mais quatro anos”, afirmou.
Algumas críticas são eleitoreiras, feitas de maneira covarde com o governador. Lamentamos
Veja os principais trechos da entrevista:
MidiaNews – O governador Pedro Taques, nos últimos meses, tem sofrido uma série de críticas de ex-aliados. Acredita que ele tem sido injustiçado?
Domingos Sávio – Algumas críticas são eleitoreiras, feitas de maneira covarde com o governador. Lamentamos. São politicagens. Vejo algumas pessoas da oposição apenas jogando pra galera, críticas sem responsabilidade. Infelizmente, é natural sofrermos essa faca nas costas em período eleitoral. A gente tem respondido com números baseados em fatos reais e, mais uma vez, a sociedade vai saber avaliar.
MidiaNews – Por que o governador chega nesse período eleitoral com tantos ex-aliados?
Domingos Sávio – É natural a briga por espaço político. Muitos ex-aliados nunca foram aliados. Estavam ao lado do governador por conveniência e, infelizmente, agora o governador não presta mais e querem o seu projeto político. Alguns eram, realmente, aliados e hoje não são mais apenas pelo projeto de poder. Nós lamentamos tudo isso. Hoje, o governador sabe separar o joio do trigo. O próprio governador disse que, durante o processo eleitoral, vai dizer o porquê de alguns terem passado a ser ex-aliados. Se ele for candidato, vai dizer.
Muitos desses ex-parceiros acharam que poderiam sentar na cadeira dele e colocar o pé na mesa. Muitos acharam que o Governo seria uma bagunça. achavam que, porque ajudaram o governador, poderiam sair mandando e desmandando. Muitos acharam que aqui era uma casa sem dono. E não é. O Pedro foi eleito com credibilidade e precisa tocar o Governo com credibilidade. E muitos ex-aliados achavam que isso aqui era uma terra sem lei. Mas não é. E quando viram isso, passaram a virar as costas.
Alair Ribeiro/MidiaNews
"É natural sofrermos essa faca nas costas em período eleitoral. A gente tem respondido com números baseados em fatos reais"
MidiaNews – Como vê essas avaliações de que Taques sofreu além do que deveria por falta de traquejo político? Acredita que isso, de fato, pesou politicamente?
Domingos Sávio – Já houve momento em que falhamos com relação ao traquejo político. Momento em que o governador optou por ter uma equipe mais técnica. Essa equipe foi muito valiosa naquele momento, mas chegou determinado período em que a equipe técnica precisava passar por uma transição e fazer uma mistura com o político. Essa transição demorou um pouco para acontecer, mas ela aconteceu. Podemos chamar isso de traquejo político. Então, acredito que falhamos nisso. O governador pediu desculpas, não conseguimos consertar tudo em quatro anos. Mas hoje já avançamos bastante. Temos um grande problema, que se fosse resolvido melhoraria quase tudo, que é a questão financeira. Estamos com problemas não só em Mato Grosso, mas em relação aos repasses financeiros do Governo Federal.
Um exemplo disso é que temos oito escolas técnicas em construção, das quais sete estão paradas. Não por falta de recurso do Estado, porque toda a contrapartida foi dada. O FNDE [Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação], que é um órgão onde não costuma faltar dinheiro, está nos devendo R$ 10 milhões. No mês passado, eram R$ 15 milhões e o governador e o deputado Nilson Leitão foram lá tentar resolver e liberaram R$ 5 milhões. Retomamos uma obra, queremos retomar mais uma, mas seis escolas técnicas estão paradas. A sociedade passa em frente daquelas escolas e acha que é uma obra parada pelo Governo do Estado, mas não é. Os estados sofrem com esse colapso do Governo Federal.
MidiaNews – O senhor está nas articulações com os partidos para reeleição do governador Pedro Taques. Mesmo ele não tendo declarado oficialmente que irá disputar, por que acha que Taques merece um segundo mandato?
Muitos desses ex-parceiros acharam que poderiam sentar na cadeira dele e colocar o pé na mesa
Domingos Sávio – Porque o governador fez uma excelente gestão. Ele foi um grande gestor. Estancou a corrupção e ele precisa dar continuidade nisso. Eu não tenho dúvida de que essa gestão precisa e merece mais quatro anos. Ele honrou com o funcionalismo público e estamos pagando um alto preço disso sem nos arrependermos. É muito fácil propor aumento salarial para o outro pagar. Por isso, acho que ele merece mais quatro anos, porque ele plantou muito. E ele tem muito mais a fazer. E em decorrência da PEC do Teto de Gastos, o cenário vai começar a mudar muito em 2019. E não é justo o governador pegar o Estado do jeito que pegou, passar por toda essa crise econômica-financeira e, a partir de 2019, que vislumbramos a melhora do cenário, entregar o Estado para outro gestor.
MidiaNews – Mas alguns casos de corrupção vieram à tona nesta gestão, entre eles a revelada na Operação Rêmora, na Secretaria de Educação, na Operação Rota Final, na Ager, e até os casos dos grampos telefônicos ilegais. Isso vai pesar negativamente no processo eleitoral?
Domingos Sávio – De forma alguma. Na Rêmora foi detectada e estancada a corrupção. Mas não teve outro caso de corrupção. EIG? Começou em 2011. Não tem nada. O governador quando entrou fez um decreto pedindo para suspender, mas eles amarraram tão bem esse contrato que a multa era de R$ 100 milhões, humanamente impossível para se rescindir. O governador decretou intervenção no Detran. A corrupção era um câncer maligno que não era fácil extirpar. O depoimento do principal executivo da empresa isentou os irmãos [Paulo Taques e Pedro Jorge]. Foi uma coisa que começou lá atrás. Quando o governador assumiu, pediu para suspender.
MidiaNews – O fato de os primos do governador estarem presos não é algo ruim para ele?
Alair Ribeiro/MidiaNews
"Não é justo o governador pegar o Estado do jeito que pegou e, a partir de 2019, que vislumbramos a melhora do cenário, entregar o Estado a outro gestor"
Domingos Sávio – A sociedade e as pesquisas já demonstraram que isso não pegou no governador. Estou aqui dando essa entrevista e não sei o que está acontecendo na minha casa. A gente não sabe o que acontece na nossa ausência. Existem pessoas boas e ruins. Não dá para ter o controle total do que acontece na sua casa, imagine em todo o Estado. Cada um é responsável por seus atos. Seja o primo do governador, um primo, um secretário, que pague por aquilo que tenha feito. Mas pode ter certeza de que não houve conivência do governador.
MidiaNews – Com quantos partidos o governador Pedro Taques já conta neste momento e com quantos vai para a reeleição?
Domingos Sávio – O governador fazendo o anúncio de que é pré-candidato ao Governo do Estado, tenho a certeza que iremos marchar de 12 a 15 partidos. Não tenho dúvidas disso. Esses partidos já demonstraram que gostariam de ter o governador por mais quatro anos no Governo. Os que estão 100% ao lado do governador, temos nove partidos. Mas a tendência é crescer.
MidiaNews – O grupo que articula a reeleição já considera o DEM como carta fora do baralho ou ainda vê chances de reaproximação?
Domingos Sávio – O DEM é um parceiro do Estado. Tem cargos no Governo. Marchou conosco até agora e ainda está marchando. É natural que um partido do tamanho do DEM pleiteie ter uma candidatura própria. É legitimo isso e faz parte da democracia. Os pré-candidatos do DEM disseram que vão tentar construir, se isso não for possível, o DEM já está aqui ao nosso lado. E, aí, precisaremos ajustar novas composições lá na frente. Agora, todo partido tem direito de trabalhar uma candidatura própria. Óbvio que, como sempre fomos parceiros, queremos aqui. Um deputado estadual do DEM [Dilmar Dal’Bosco] até recentemente era líder do Taques na Assembleia, defendia o Governo e ainda defende. Quero crer que, a partir do momento que deflagrar o processo eleitoral, o DEM vai estar conosco.
MidiaNews – A coligação, então, vai ficar esperando o DEM?
Domingos Sávio – Vamos esperar até onde pudermos. Queremos que eles estejam na coligação conosco. Estamos trabalhando diuturnamente para que o DEM esteja na coligação com o PSDB, até porque eles são base de sustentação do governador. Durante três anos e meio, o DEM esteve e está na base eleitoral. Então, não tem razões para romper, mas respeitamos o direito de todo partido ter candidatura própria.
Alair Ribeiro/MidiaNews
"Governador fez uma excelente gestão. Ele foi um grande gestor. Estancou a corrupção e precisa dar continuidade nisso"
MidiaNews – O Mauro estava aliado do governador Pedro Taques desde 2010. Agora, como pré-candidato, tem feito discurso de oposição à atual gestão. O senhor vê ingratidão ou mesmo uma traição nesse movimento?
Domingos Sávio – Eu prefiro trabalhar na hipótese de que todo partido tem direito a lançar um pré-candidato. O Mauro Mendes foi parceiro do governador Pedro Taques em várias ações aqui em Cuiabá, uma delas é o novo Pronto-Socorro, outra é o Hospital São Benedito, a pavimentação em algumas ruas. Eles foram parceiros, mas o Mauro tem todo direito de lançar uma candidatura e vai fazer a propaganda da gestão dele. Mas, primeiro, vamos aguardar se o DEM vai ter realmente candidatura própria. Se não tiver, vamos trabalhar a vinda deles para junto do Governo. Quanto à ingratidão, eu prefiro deixar a sociedade avaliar isso.
MidiaNews – O senhor afirmou, recentemente, que o Mauro deveria reconhecer que sua gestão contou muito com a ajuda do governador. Acha que o ex-prefeito tem falhado em admitir isso?
Domingos Sávio – Isso é um problema do Mauro, mas que o Governo do Estado foi muito parceiro da Prefeitura, é inegável. É pública e notória a parceria. Vamos respeitar a opinião do Mauro, do governador, e a melhor coisa é deixar a população avaliar isso. O Pedro foi, sim, um grande parceiro de Cuiabá e está sendo ainda. Olhem o quanto o Governo do Estado está investindo em Cuiabá e o quanto investiu, com novas trincheiras, duplicações da MT-251, da Salgadeira, com o Cridac [Centro de Reabilitação Integral Dom Aquino Correa], com os repasses para o Pronto-Socorro, que começou na Gestão Mauro Mendes e continua na do Emanuel Pinheiro. O Pedro está sendo parceiro da Capital e a sociedade sabe avaliar isso. A sociedade sabe quem fez ou deixou de fazer.
MidiaNews – O governador já foi criticado por aliados por se colocar demais na linha de frente do Governo, assumindo todo o desgaste. Sua escolha como “supersecretário”, no comando de duas Pastas e cuidando da articulação política, tem objetivo de “blindar” Taques?
Estamos trabalhando diuturnamente para que o DEM esteja na coligação com o PSDB
Domingos Sávio – Isso é o perfil de cada político. Tem uns que gostam de ficar mais nos bastidores. O governador gosta de ficar na linha de frente. Precisamos respeitar o perfil de cada gestor. Cada um tem o seu perfil, uns são mais agressivos, outros mais conciliadores, outros são mais exibicionistas, cada um com seu perfil. O governador gosta de ir mais para cima, de ficar na frente. Confesso que, às vezes, trabalhamos para que a articulação política fale primeiro e que o governador se blinde mais. Mas este é o perfil dele e respeitamos. Apesar disso, o governador tem ouvido muito os companheiros, tem discutido, constantemente, com os aliados. Tem feito reuniões constantes com a assessoria dele e tem se moldado bastante com relação a isso.
MidiaNews – Como analisa o momento pelo qual vive o Governo? É o ideal para o início do último semestre de um mandato?
Domingos Sávio – Todos os governos passam por dificuldades, principalmente neste período. O governador assumiu um mandato sombrio, após uma farra de gestões anteriores, principalmente com relação à Copa do Mundo. Quantos milhões de reais foram gastos para retomar essas obras? Quantos milhões de reais sofremos de prejuízo por conta da corrupção? O VLT é uma prova disso. As obras inacabadas é uma prova disso. A todo momento, novas operações sendo colocadas à tona para sociedade. E tudo isso, relacionado às gestões passadas. Isso, estou falando do reflexo financeiro do Estado. Confissões de ex-gestores afirmando que houve propina em praticamente tudo. É humanamente impossível você consertar isso em três anos de governo. Nós gastamos um cartão de crédito internacional, uma dívida em dólar.
A fatura do cartão está chegando para a gente e não temos condição de pagar o que herdamos. Não é possível arrumar tudo isso em apenas uma gestão. Mas o governador tomou medidas necessárias, em especial no estancamento da sangria da corrupção que tínhamos no Estado. Conseguimos economizar no custeio algo em torno de R$ 1 milhão e, se não fosse isso, o Estado já estava parado. Então, o governador pegou um mandato sombrio, negro.
Alair Ribeiro/MidiaNews
"Todos os governos passam por dificuldades, principalmente neste período. O governador assumiu um mandato sombrio, após uma farra de gestões anteriores"
MidiaNews – Qual o ânimo do governador Pedro Taques nesta reta final?
Domingos Sávio – Muito animado. Um governo que passou por tudo isso e chegou até aqui, conseguindo fazer entregas. Nós ainda temos nessas três últimas semanas que o governador ainda pode fazer entregas. Nós temos uma agenda carregada de entregas, entre elas o Ganha Tempo em Cuiabá, a Salgadeira, milhares de títulos na região do CPA, em Cuiabá, na cidade de Várzea Grande. O governador tem feito obras importantes para Baixada Cuiabana, como a trincheira da Estrada da Guia, a entrega da MT-251, da Rodovia Emanuel Pinheiro, a pavimentação do Coxipó do Ouro, que está em andamento. Então, o governador está extremamente animado para essas ações. E está bastante animado mesmo. Então, não tenho dúvida de que ele está bem animado. Diante de como pegamos o Estado, com denúncias de corrupção que ocorrem até hoje, temos grandes avanços.
MidiaNews – A data limite para pagamento das emendas impositivas, por conta do processo eleitoral, é 7 de julho. Quanto será possível pagar até lá?
Domingos Sávio – Nós temos, tecnicamente, até o dia 5 de julho para fazer o pagamento dessas emendas. Estamos pagando um número bem maior de emendas em 2018 que em 2017. Trabalhamos com fluxo de caixa, com melhoras e pioras. Tivemos, nesse intervalo, a greve dos caminhoneiros. Tomamos um prejuízo na arrecadação de R$ 86 milhões. Isso atrapalhou. Estamos refazendo um cronograma financeiro para conseguir cumprir esses pagamentos novamente, tanto emendas quanto convênios.
Quanto às emendas, do meio do ano passado para cá estamos acelerados nesse pagamento e acredito que vamos avançar bastante. Um número ainda não temos, porque as emendas são as mais variadas possíveis, que vão de R$ 15 mil a R$ 1 milhão em várias áreas. O que nós pedimos aos deputados é que priorizem emendas na área da Saúde, que é a mais problemática, e eles têm sido muito parceiros do Estado em relação a isso.
MidiaNews – O presidente da Assembleia, deputado Eduardo Botelho, disse que o atraso no pagamento dessas emendas chega a R$ 200 milhões. Vai ser possível pagar esse valor?
Trabalhamos com fluxo de caixa, trabalhamos com a realidade e teve o déficit de R$ 86 milhões com a greve dos caminhoneiros
Domingos Sávio – Não conseguiremos pagar em tempo hábil esses R$ 200 milhões em emendas. Trabalhamos com fluxo de caixa, trabalhamos com a realidade e teve o déficit de R$ 86 milhões com a greve dos caminhoneiros. Tínhamos uma programação mais avançada para o pagamento dessas emendas e não podemos estabelecer um número exato por conta disso. Realmente, estamos em déficit com o pagamento das emendas. Mas isso não é só na Gestão Pedro Taques. Temos restos a pagar em emendas de 2012, 2013 e 2014. Então, estamos tranquilos com relação a isso e temos avançado bastante de 2017 para cá.
MidiaNews – Esse prejuízo de R$ 86 milhões afetou o quê? Como o Governo trabalhar para reverter?
Domingos Sávio – Afetou todas as áreas, porque é a receita líquida do Estado. É receita que deixou de entrar no caixa do Estado. Teremos dificuldades para recuperar esse valor. O secretário Rogério Gallo [Fazenda] nos passa um relatório semanal da situação do Estado e trabalhamos com esse fluxo. Tínhamos uma programação e essa programação teve que ser refeita. Nesses 10 dias de greve, os carros pararam, não abasteceram. Isso são ações que não tem como voltar atrás. O carro que ficou parado uma semana não vai rodar em dobro. Então, deixou de entrar receita no caixa do Estado. É dinheiro que deixamos de passar aos Poderes, dinheiro que ajudaria a pagar o funcionalismo público, convênios, emendas, enfim, todas as áreas. Mas acredito que retorna uma parte dele, não tudo.
MidiaNews – De que forma?
Domingos Sávio – Na retomada de ações do Governo. Alguns empresários que deixaram de pagar impostos nesse intervalo de tempo, de arrecadar, vão repassar nesse período posterior à greve.
MidiaNews – As contas do Governo referentes ao exercício 2017 tiveram parecer favorável do TCE, mas o relator encontrou 17 falhas e fez 44 recomendações. Entre as falhas, o conselheiro disse que, em algumas, o Governo é reincidente. Como Executivo tem trabalhado para corrigir problemas como o repasse do Fundeb, dos Municípios, dos duodécimos dos Poderes?
Alair Ribeiro/MidiaNews
"O governador fez uma opção e eu não entendo isso como um erro. O governador está ao lado do funcionalismo público"
Domingos Sávio – A maioria desses apontamentos feitos pelo Tribunal de Contas, principalmente as reincidências, foi porque o governador Pedro Taques cumpriu na íntegra com o funcionalismo público. A maioria dos apontamentos foi porque o Pedro foi muito fiel aos servidores públicos. Porque ele honrou com todos os planos de cargos e carreira, com todas as progressões salariais, do funcionalismo público. Porque o governador pagou a RGA [Revisão Geral Anual]. Tudo isso impacta o caixa do Estado. Muitos da oposição falam que o Governo aumentou a arrecadação. Sim, aumentamos. Mato Grosso cresce acima da média nacional, acima da média dos Estados. Mas o problema não é esse. O grande problema é que os gastos com pagamento dessas progressões são maiores que o aumento da arrecadação. Mas, mesmo assim, o governador honrou com o funcionalismo público. E tudo isso trouxe um prejuízo financeiro aos cofres do Estado. E por isso não conseguimos cumprir algumas metas.
MidiaNews – Foi um erro essa escolha política?
Domingos Sávio – Não. O governador fez uma opção e eu não entendo isso como um erro. O governador está ao lado do funcionalismo público. São eles que tocam o Estado de Mato Grosso. Mas, claro, temos outras questões, temos o custeio da máquina pública, que é muito grande. O governador não errou. Teve uma decisão acertada. Parte da sociedade precisa reconhecer que o Pedro cumpriu com todas as progressões salariais. A partir do momento que soubermos mostrar isso para população, a compreensão vai ser muito maior. Eu não tenho dúvida. Sofremos tudo isso e no próprio voto dos relatores do TCE colocam que o Governo não deveria ter avançado tanto como avançou em relação aos servidores. O TCE recomendou que o Governo não pagasse a RGA e mesmo assim o governador está honrando e vai manter o pagamento disso. Quer uma prova maior? Ele colocou sua equipe técnica para discutir isso com o TCE e manter o pagamento da RGA.
MidiaNews – Liminarmente o pagamento da RGA foi barrado pelo TCE. Não seria saudável para as contas do Governo não pagar esses valores?
Domingos Sávio – Bom por um lado, ruim por outro. O que queremos é honrar com esse pagamento. O governador determinou que honrássemos com todas as progressões salariais, em especial a RGA. E é isso que vamos trabalhar. Mas, obviamente, não vamos descumprir uma decisão judicial. A oposição é quem tenta trabalhar isso de maneira maldosa. A oposição, de maneira maldosa, tenta jogar o funcionalismo público contra o Governo do Estado, mesmo tendo a certeza que o Governo está ao lado deles e a prova disso está aí.