Governabilidade e mediocridade
No último fim de semana ministrei o módulo de “O Brasil e a Política Externa” no curso de pós-graduação “Geopolítica, Inteligência e Política Externa” da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra - Adesg. Tomo a liberdade de colocar aqui algumas das conclusões a que chegamos depois de excelentes discussões e debates muito qualificados entre o professor e os alunos.
Começamos no cenário de mundo e encerramos no Brasil de agora e do futuro próximo. Estados Unidos, Rússia e China são os três grandes protagonistas políticos e econômicos do mundo moderno. Com seus arsenais militares, possuem problemas internos complexos dentro dos respectivos territórios.
De nada lhes adiantará os seus arsenais militares diante dos cenários ambientais, econômicos e do aumento populacional do mundo. Problemas políticos, ambientais, escassez de alimentos, de oxigênio e de recursos naturais serão seus maiores pontos frágeis.
Aqui entra o Brasil. O país não tem arsenais militares do mesmo porte e certamente não terá nunca. Mas tem um potencial fantástico que lhe dá a posse do maior ativo bélico, financeiro e econômico dos próximos anos: água, produção de alimentos, oxigênio, clima, recursos naturais florestais e minerais. No futuro as armas se curvarão à sobrevivência.
Vamos ao Brasil. Como o país lidará com esse potencial, desgovernado como está. Pior. Como se mostrará pros próximos anos. Tomemos a eleição-tampão do Tocantins. No segundo turno 51,1% dos eleitores não compareceram ou anularam os votos e votaram em branco. Os eleitores brasileiros indicam isso pra eleição de 7 de outubro deste ano.
Quem se eleger se elegerá com margem pouco superior a 30% dos votos brasileiros. Não terá governabilidade pra lidar com a indignação popular que espera um ambiente de reformas estruturais graves e profundas já conhecidas. O pior é que o Congresso Nacional deverá se renovar em menos de 30%.
Teremos uma péssima equação: um presidente eleito sem representatividade da maioria dos votos, uma população querendo reformas e governabilidade, e o terceiro pior elemento: um Congresso Nacional não renovado, retrógrado, corrupto e incapaz de dar respostas aos dois pontos anteriores.
O Congresso Nacional tem a força constitucional de sufocar o próximo presidente e puxá-lo pra ambiente de mediocridade da política partidária e das práticas que estão aí escancaradas aos olhos de todos nós.
Numa leitura pessimista, ousaria dizer que o cenário mais próximo de nós a partir de 1º. de janeiro de 2019 será o de caos. Independente do presidente que seja eleito. O problema desce em cascata pra os estados também! Esperar pra ver.