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É ficção, mas é liderança

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Fonte Midia News:

Você pode até não conhecer, mas é bem provável que já ouviu falar ou leu algo sobre as séries Billions, Designated Survivor ou La Casa de Papel. E eis que surge uma questão: por quais motivos essas produções, que são mundialmente “maratonadas” na Netflix, tornaram-se pauta até no dia a dia de trabalho? A resposta é simples: elas trazem lições de gestão e liderança que podem ser aplicadas no cotidiano profissional. Daqui para a frente, tem spoiler.  

Mesmo que você não se interesse pelos altos e baixos do mercado financeiro ou conheça os jargões e "juridiquês" que pairam no setor, nada te impede de gostar de acompanhar a série americana Billions e, de quebra, observar atentamente o modelo de liderança de seu protagonista, Bobby Axelrod, interpretado pelo ator Damian Lewis.   

Na trama, Axelrod é um às do mercado financeiro, dono de uma grande corretora, que é movido pelo desejo de crescer cada vez mais. A princípio, sua empresa era praticamente soberana no mercado, mas logo começa a sentir as consequências dos "ataques" promovidos pelo procurador da república Charles Rhoades Jr., interpretado por Paul Giamatti, que – por motivações controversas – começa a investigar minunciosamente as atividades da organização.

Para muito além do clássico enredo de "gato e rato", Billions nos apresenta na figura de Axelrod uma liderança bastante caricata, porém interessante. Apesar de possuir um ego grande e ser um workaholic ["viciado em trabalho"], o personagem é admirado por sua equipe em virtude de sua inteligência e senso de justiça. Inclusive, as pessoas ao seu redor sentem que podem aprender muito com ele, cujo entusiasmo pelo negócio contagia os demais. 

Em sua empresa, Axelrod desenvolve de forma impressionante um modelo efetivo de meritocracia. Para ele, quem realmente faz a diferença e demonstra não apenas resultado, mas também lealdade, é recompensado. Sob uma liderança estratégica, o financista também apresenta uma ótima capacidade de lidar com a adversidade – sendo capaz de ter conversas extremamente difíceis e confrontar pessoas em situações complexas. 

Apesar de intenso, o personagem é um líder bastante reflexivo e intuitivo. Ele pratica meditação e busca sempre ampliar sua visão. Procura se cercar de excelentes analistas, pessoas que decifram com maestria informações e dados, mas utiliza de sua intuição para complementar as tomadas de decisões. Aliás, ele emprega sua intuição em situações que passam desde saber se pode ou não confiar em algo/alguém, avaliar com clareza o que ocorreu em determinada ocasião até decidir qual rumo seguir. 

Por outro lado, a série americana Designated Survivor traz como cenário os bastidores da Casa Branca e a presidência dos Estados Unidos para nos presentear com um outro modelo de liderança – que é extremamente participativa. Em seu enredo, um ataque terrorista explode o Capitólio [centro legislativo americano] durante o discurso do presidente, o que resulta na morte da maioria dos políticos.

Interpretado por Kiefer Sutherland, o secretário de habitação Thomas "Tom" Kirkman, por não ter comparecido ao encontro, é o único sobrevivente na linha de sucessão e, de imediato, acaba empossado como presidente. 

O que poderia ser considerado um desastre, maior do que o atentado que vitimou a cúpula dos Estados Unidos, resulta no surgimento de um grande estadista. Kirkman se apresenta como um líder capaz de tomar as melhores decisões, mesmo sob intensa pressão. Tarefa que se torna cada vez mais difícil à medida que o jogo político esquenta e é preciso driblar os problemas. 

Apesar de ser um chefe de estado acidental, ele tem boas intenções: é alguém que olha para todos e dá esperança. Escuta muito aqueles que estão ao seu redor, busca agregar e manter uma postura respeitosa e que valorize as pessoas. Isto, além de seguir o caminho daquilo que considera correto e que não irá prejudicar o povo. Postura que é reconhecida mesmo quando o personagem se desestabiliza brevemente por conta de acontecimentos em sua vida pessoal.

Prova de que tais características de sua boa liderança são autenticadas ocorrem quando ele sofre um processo, em virtude do descontrole emocional pela morte de sua esposa, que poderia tirá-lo da presidência. Durante o julgamento, a lealdade de sua equipe foi vital para garantir sua continuidade no cargo. Na sentença, pondera-se que Kirkman deve ser um grande líder por conseguir criar uma equipe tão leal a ele. 

E é com ênfase na palavra "equipe" que outro líder da ficção chamou a atenção do público recentemente. Na série espanhola La Casa de Papel, várias reflexões acerca do mundo corporativo podem ser feitas ao observar seu personagem central: o "Professor", interpretado por Álvaro Morte. Extremamente minucioso e precavido, ele planejou durante anos cada detalhe do assalto à Casa da Moeda e se demonstrou um excelente líder na ficção.

Na trama, o personagem seleciona a dedo os oito integrantes que, ao combinarem suas habilidades e perfis distintos, irão participar da execução do seu grande plano: a impressão de 2,4 bilhões de euros. Ou seja, o “Professor” montou um grupo multidisciplinar – com motivações, experiências e formas de atuação singulares – e, sob uma liderança atenta, procurou extrair o melhor de cada um ao definir seus papeis com clareza em prol de objetivo final.

Mas, acima de tudo, ele trouxe consigo um modelo de liderança coeso e que inspira confiança. Isto, no sentido de todos saberem que ele está ali pelo coletivo – e não apenas por seus planos. De forma clara, ele demonstra que está preocupado com que cada membro de sua equipe consiga realizar seus projetos pessoais na medida em que os projetos da coletividade são realizados.

Sem contar que o “Professor” é proativo, excelente em planejar e organizar processos, fazer a leitura de possíveis cenários [e soluções], antecipar reações das pessoas na adversidade e já prepará-las para lidar com aquilo. Inteligência emocional até poderia ser seu sobrenome.

Apesar dos diferentes estilos de liderança, todos eles são efetivos em seus projetos profissionais, sendo reconhecidos por sua liderança frente aos diversos desafios. Isso nos mostra que não há um modelo único ou ideal de liderança. Aprender a construir o seu – que represente o melhor em você e que promova mais performance, satisfação e prosperidade – fará toda a diferença em sua carreira e na vida como um todo.

E você, qual modelo de liderança rege o seriado da sua vida real? 

LORENA LACERDA é diretora executiva do Grupo Valure, representante da Fundação Dom Cabral (FDC) em MT, Coach de Executivos e Times há mais de 17 anos, Mentora de Gestão e Treinadora de Líderes.

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