Nuvem de gafanhotos assusta comunidade no Distrito da Guia e traz prejuízos a produtores de caju; veja vídeo
Uma infestação de gafanhotos tem assustado a comunidade Quintas do Bandeira, localizada na MT-402, nas proximidades do Distrito da Guia (30 km de Cuiabá). Segundo a presidente da Associação de Moradores da comunidade, Josefina de Almeida, os gafanhotos começaram a trazer prejuízos há cerca de 15 dias.
Os principais prejudicados são os pequenos produtores de caju, que nessa época do ano confeccionam o tradicional doce da fruta. No entanto, com a chegada dos gafanhotos, os cajuzeiros ficaram sem as frutas e até sem folhas.
“Além do prejuízo financeiro, isso traz outros transtornos para nós. Tem muita gente que fica assustada, eu, por exemplo, tenho medo dos gafanhotos, eles são muito grandes”, pontuou Josefina.
A representante da comunidade afirmou ter procurado as autoridades do Meio Ambiente, no entanto, não obteve respostas.
“Eu procurei as autoridades, mas não consegui contato. Tentei com a Defensoria Pública também, mas a secretária informou que não havia ninguém para me atender por conta da pandemia. Nós precisamos de ajuda”, pontuou.
A presidente ainda lembrou das nuvens de gafanhotos argentinas que preocuparam o Brasil no mês passado. No entanto, a Engenheira Agrônoma e especialista em sustentabilidade, Helena Régis, tranquiliza destacando que provavelmente os eventos não estão relacionados. Isso porque os gafanhotos argentinos, que poderiam ter atingido o Rio Grande do Sul, seguiram para o norte do Uruguai.
Segundo a engenheira, os aparecimentos das nuvens de gafanhotos têm relação direta com a situação climática.
“As situações de calor e tempo seco tornam o ambiente propicio para o aparecimento dos gafanhotos e as formações das nuvens. Além disso, o acasalamento ocorre no verão e ciclo reprodutivo das fêmeas é alto, e elas chegam a colocar cerca de 100 ovos de uma só vez”, explicou Helena.
A engenheira também lembrou que os insetos são umas das principais pragas na agricultura porque se alimentam de qualquer vegetal que encontram e em uma velocidade rápida.
“Na maioria dos casos eles podem se alimentar até 100% da área foliar, diminuindo de forma drástica a área fotossintética, necessárias à sobrevivência da planta”, pontuou.
Helena ainda esclareceu que existem dois tipos de tratamento para lidar com o problema, sendo os defensivos agrícolas e as barreiras biológicas, ou seja, fungos, predadores naturais, dentre outros elementos que ajudam no controle da população da praga.
“O ideal seria combinar diferentes tipos de tratamentos dependendo da fase de desenvolvimento do inseto podendo mesclar o uso de defensivos agrícolas com controles biológicos. Também é importante ressaltar a importância da preservação dos inimigos naturais dentro da lavoura através de um manejo integrado de pragas”, concluiu a agrônoma.
Providências
A reportagem tentou contato com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), mas não obteve resposta.