ROSÁRIO OESTE: Forquilha do Manso se destaca na produção pela agricultura familiar
Janete Cardoso da Silva, 40 anos, e Francisco Reinaldo da Silva, 45 anos, sempre trabalharam com a terra e para eles nunca foi uma opção deixá-la. Obstinados, tiveram a ideia de plantar arroz num local onde antes nada crescia. “Viemos para a Forquilha do Manso e começamos a plantar arroz, entre outras culturas. Todos diziam que não ia dar certo, que aqui a terra não era boa para nada”, conta Francisco.
Distante 30 quilômetros de Rosário Oeste (99 quilômetros de Cuiabá), a Forquilha do Manso também já foi conhecida como ‘criadouro de calangos’. “Diziam que aqui nada nascia, até que plantamos o arroz e tivemos uma ótima colheita”, diz Janete, com um sorriso no rosto.
O sucesso do casal causou curiosidade nos vizinhos, e a notícia não demorou para chegar aos ouvidos de uma vereadora de Rosário, que, animada com a experiência, prometeu ajudar o casal e os moradores da região a receber assistência de órgãos competentes.
A Secretaria de Estado da Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários (Seaf-MT) foi a primeira a se envolver no que viria a ser um futuro projeto bancado pelo governo, via Desenvolve MT.
“Começamos visitando o local, dando a assistência técnica que eles precisavam”, diz Luiz Henrique Araújo, engenheiro agrônomo da Seaf. Márcio Guedes Martins, que hoje preside a Associação dos produtores de Arroz da Forquilha do Manso (Apraf), e Edésio da Silva, técnico agrícola da Secretaria de Agricultura de Rosário Oeste, são mais um dos diversos atores que ajudaram a alavancar o projeto.
“Quando vimos, o Sindicato Rural da cidade e o pessoal do Desenvolve MT já estavam ajudando a gente, foi incrível”, lembra Janete Cardoso. Mas como tudo na vida, nada foi tão fácil como parece.
“Até o Desenvolve MT entrar no projeto e abrir o crédito para iniciarmos o plantio foi complicado; corremos atrás de recurso, buscamos diversas parcerias, porque quando começamos pra valer tínhamos pouco ou nenhum conhecimento, e ter a ajuda destes parceiros foi fundamental”, acrescenta Francisco.
Tão logo o Desenvolve MT abraçou o projeto pioneiro, R$ 20 mil reais foram destinados para cada uma das nove famílias que toparam fazer o plantio. O resto é história.
“O plantio foi feito em 13 de dezembro de 2017, e colhemos 800 toneladas, que está sendo beneficiado em uma cerealista de Nova Mutum; hoje vemos que vale a pena acreditar num sonho e buscar a ajuda do Estado, que ao lado de outros parceiros nos ajudou a concretizar esse sonho”, suspira Janete, com ar de alívio e dever cumprido.
Resultado? Às nove famílias que participaram do projeto desde o início, hoje somam-se hoje mais seis. “Após ver o êxito alcançado pelos pioneiros, resolvemos embarcar no projeto”, conta um dos moradores da Forquilha, que acresce: “e tem gente de outras regiões que tem vindo conversar com a gente pra ver se dá pra participar.”
Pioneirismo
O presidente do Desenvolve MT, José Adolpho de Lima Avelino Vieira, viu no projeto um potencial para auxiliar na melhoria de vida daquelas famílias. “O pioneirismo não partiu só da família que acreditou, foi lá e plantou, partiu de nós também: é a primeira vez que o Desenvolve MT abre crédito para famílias de pequenos produtores rurais, e ver o resultado disso, porque fomos lá, acompanhamos o processo desde o plantio até a colheita, é gratificante.”
Merenda escolar
E as notícias boas atreladas a este projeto não cessam. Parte da produção será destinada a merenda escolar da rede estadual de ensino. “Assim promovemos a redução da pobreza e da insegurança alimentar no campo, a (re)organização de comunidades, incentivamos a formação de associação das famílias, que por sua vez dinamiza a economia local”, finaliza José Adolpho Viera.