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Falso graduado em medicina é de família de políticos de Nortelândia

bruno

Fonte: RD News

Falso graduado em Medicina que tentou obter registro profissional com diploma falsificado no CRM em Mato Grosso e foi flagrado pela Polícia Federal é de família tradicional de Nortelândia (a 253 km de Cuiabá). Conhecidos relatam que ele se formou médico em 2017 na Bolívia, mas não entrou com processo de revalidação na UFMT.

Segundo informações apuradas, Bruno César Olímpio de Oliveira, 32 anos, suspeito de tentar falsificar o registro profissional, é filho do ex-prefeito de Nortelândia João Olímpio de Oliveiro (gestão 1989 a 1992) e primo do atual presidente da Câmara de Vereadores, Renan Nunes Oliveira.

O vereador confirma o parentesco, mas diz que não pode falar nada sobre o diploma por que não conversou com o primo. Afirma que a família toda está apoiando Bruno neste momento conturbado. “Principalmente o pai e os irmãos”, e nega que o caso está prejudicando a imagem dele como parlamentar.

O caso surpreendeu  todos da cidade natal do rapaz, que tem 5971 habitantes. “Nortelândia é pequena todo mundo se conhece. O vídeo dele sendo flagrado pela PF está rolando nos grupos de whatsapp, uma rádio de Nortelândia deu a notícia e o burburinho é geral”, informa uma moradora de Nortelândia que pediu para não ter o nome divulgado. “Ninguém esperava isso do Bruno. Ele foi para Bolívia fazer o curso de Medicina, não sei por que não esperou o processo de revalidação e tentou essa falsificação”, revela.

Outra conhecida de Bruno, que também não será identificada a pedido, diz que em 2008 começou a fazer o curso de Odontologia com ele em uma faculdade de Tangará da Serra (a 240 km de Cuiabá), mas Bruno desistiu do curso no segundo semestre. “Ele sempre quis ser médico. Tentou passar em alguns vestibulares de Medicina no Brasil, mas não conseguiu. A última notícia que tive é que se formou na Bolívia em 2017”, conta. “Eu não sei o que passou pela cabeça dele. É um bom rapaz, gente boa demais", reforça. "Em Tangará, todos os estudantes viviam apertados, Bruno andava com uma caminhonete S10, é de uma família tradicional de Nortelândia podia ter esperado a revalidação do diploma”, avalia a ex-colega.

O vice-presidente do CRM-MT, Gabriel Fesky dos Anjos, informa que não tem notícias da formação em Medicina do suspeito em outro país, mas revela que esta graduação não é questionada pelo conselho e sim o fato de Bruno ter apresentado um documento falso para conseguir o registro profissional. "O diploma apresentado era grosseiro e facilmente foi confirmada a falsificação. Um dos reitores que assina o diploma nem estava mais na instituição, porém temos casos de falsificações mais elaboradas", conta. "O CRM verifica todos os documentos, é uma praxe. As pessoas que tentam dar este golpe devem estar atentas que se tratam de um crime federal", alerta.

O processo de revalidação ocorre com datas agendadas e as provas, oral e prática, são realizadas por instituições de ensino superior credenciadas ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), autarquia federal vinculada ao MEC. Em Mato Grosso, a UFMT é credenciada. "As provas mais recentes ocorreram em outubro de 2017 e em março deste ano. O CRM não tem participação nesse processo", explica.

"Depois de aprovado, o interessado deve pedir a inscrição no CRM para atuar. O procedimento será o mesmo de checagem do documento", informa. "Há muitos casos do diploma de estrangeiro ser falsificado e o processo é barrado na instituição. Em 2018, acompanhamos sete casos de diplomas estrangeiros falsos tentando revalidação", enumera. De acordo com Fesky, se Bruno tiver mesmo se formado na Bolívia, poderá entrar com processo de revalidação do diploma e seguir os trâmites legais. "Basta ficar atento a data das provas e passar na avaliação", resume. 

A Faculdade de Medicina da UFMT informa que, após consultar as inscrições do processo de revalidação de diploma estrangeiro, não encontrou nenhuma inscrição em nome de Bruno César Olímpio de Oliveira.

Reportagem tentou contato com Bruno César, sem sucesso

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