Carne de frango deve sofrer alta de preços, diz Maggi
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi (PP) afirmou que em razão da paralisação dos caminhoneiros, existe o risco de que o país sofra com a alta dos preços da carne de frango e não está descartada a chance de o Brasil ter que importar aves. Os reflexos se dão em virtude da mortalidade de matrizes, ocorrida pela escassez de alimentação nos 10 dias de paralisação. O movimento começou a se dissipar em Mato Grosso na última quarta-feira (30), com desmobilização total na quinta-feira (31).
Como a ração não chegava até os locais de criação de frangos e suínos, muitos animais foram sacrificados pelos produtores. “É uma situação bastante delicada, porque os efeitos que a população começar a sofrer nesse momento parecem que são só deste momento, mas eles vão continuar por bastante tempo, mesmo restabelecendo o fluxo de mercadoria. Porque numa paralisação dessas se esgotam todos os estoques, não há como você transportar as mercadorias. Então, com o cessar da greve, com tudo liberado, ainda vamos gastar algum tempo até repor supermercado, as carnes, os frangos e tudo mais”, lembrou o ministro.
A preocupação com a carne de frango se deu depois de uma reunião realização com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), na qual o dia 31 de maio foi colocado como uma data fatídica em razão da falta de alimentação. “No Brasil abatemos 23 milhões de aves por dia. Significa que o sistema parado ou quase todo ele parado e pelo tempo que essas aves estão ficando sem se alimentar, a mortalidade é muito grande. Então, a consequência que nós vamos ter na frente é uma alta nos preços e corremos o risco de retroceder muitos anos pela perda de quantidade que a gente tem de aves. Hoje passamos de 1 bilhão de aves. Se a gente perder tudo isso, perder o sistema de criação, as matrizes, o Brasil vai sofrer muito com isso. Por incrível que pareça, até importar carne pode ser que aconteça”.
O cenário foi desenhado por Maggi caso a paralisação se estendesse além do dia 31 de maio. O ministro afirmou que passou a situação ao presidente da República, Michel Temer, e esse foi um dos fatores que fizeram com que ele determinasse a desobstrução das rodovias.
O movimento dos caminhoneiros teve início no último dia 21. A pauta de reivindicação, composta por 12 itens, trazia como principal cobrança a redução do valor do óleo diesel, a isenção de cobrança do eixo suspenso em praças de pedágio e ainda a criação de uma pauta mínima de frete. No dia 27, em uma reunião entre Governo e lideranças representativas dos caminhoneiros, foi selado acordo. No entanto, mesmo com a pauta atendida, ainda havia paralisação no país.
O Governo descobriu que movimentos políticos se infiltraram e se adonaram do protesto. Mantinham os caminhoneiros paralisados fazendo ameaças. Desta maneira, o presidente da República optou por acionar as forças policiais e o Exército para desmobilizar os pontos de concentração.