Médicos brasileiros desistem de substituir cubanos em Mato Grosso
Metade dos candidatos desistiu do programa ao saber que o trabalho seria realizado em municípios distantes da Capital ou em aldeias indígenas.
O Governo Federal abriu uma nova etapa do “Mais Médicos” para o preenchimento das 65 vagas restantes em Mato Grosso. Agora, os profissionais têm até o dia 10 de janeiro para se inscrever no programa.
Na primeira etapa – quando o edital foi lançado no final de novembro para preencher 132 vagas – o Mais Médicos teve 100% de adesão, porém, metade dos candidatos brasileiros não compareceu no último dia 18 deste mês, quando encerrou o prazo de homologação das vagas, com isso, 65 vagas ficaram abertas.
Os novos contratados vão substituir os médicos cubanos que deixaram o programa por questões políticas envolvendo o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e Governo caribenho. O futuro governante questionou a competência dos médicos estrangeiros para atuar no país e impôs novas regras ao acordo assinado durante o Governo Dilma Rousseff (PT).
Mato Grosso contava com 258 médicos cadastrados no programa. Desses, 132 eram cubanos, ou seja, os profissionais atendiam um terço da população mato-grossense.
Segundo a coordenadora de Atenção Primária da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Regina Paula de Oliveira Amorim Costa, as vagas remanescentes foram transferidas para segunda fase do edital. Nessa etapa, ainda participam apenas brasileiros que tiraram o registro profissional (CRM) no país.
Caso as 65 vagas – ou parte delas – não sejam preenchidas na segunda fase, o programa abrirá uma terceira etapa, com brasileiros formados no exterior sem o CRM do Brasil. Segundo Regina, o Mais Médicos ainda prevê uma quarta etapa, apenas com médicos estrangeiros, para o preenchimentos das vagas remanescentes.
Conforme a coordenadora da Atenção Primária do Estado, o objetivo é dilatar os prazos do edital até que todas as vagas sejam preenchidas.
Desistência dos médicos
Segundo Regina, na primeira etapa do edital, houve muitas desistências principalmente nos Distritos Sanitários Indígenas (Dsei’s) e nos municípios mais afastados de Cuiabá.
Ela comentou que uma médica, inscrita para trabalhar no Dsei Cuiabá, entrou em contato para tirar dúvidas sobre o local. Ao saber que a sede do Dsei’s ficava na Capital, mas que o trabalho seria na aldeia, a profissional desistiu da vaga. Dentre os municípios que sofreram com desistências estão: Água Boa, Luciara, Canarana, Nova Monte Verde, Nova Xavantina, Peixoto de Azevedo, Pontes e Lacerda e Novo Santo Antônio. Para não trabalhar nesses locais os médicos alegaram falta de interesse, dificuldade de deslocamento e motivos pessoais.
Das 35 vagas disponibilizadas para os distritos indígenas apenas quatro foram de fato homologadas e os médicos já estão atuando nas comunidades.