Sprites, fenômeno ainda misterioso, já é explicado pela ciência
'Sobrenaturais', é como geralmente chamam aqueles fenômenos os quais não se podem explicar a partir de nosso conhecimento da natureza. Existe um desses fenômenos que era considerado sobrenatural até o momento em que o desenvolvimento tecnológico permitiu seu registro, estudo e sua explicação por meio das leis naturais da física. Os "Sprites", até o final do Século XX, eram pouco conhecidos, cujo estudo se limitavam a alguns poucos relatos e especulações em torno desses relatos.
No segundo volume do livro "Neue Kleine Schriften" (Novas Pequenas Escritas), o alemão Johann Georg Estor, relata algo interessante presenciado por ele em Vogelsberg. Durante uma tarde bastante fechada do ano de 1730, Estor subiu uma das montanhas mais altas daquela região atravessando uma nuvem de tempestade. Ao chegar no alto dessa montanha, viu o céu azul acima dele e as nuvens abaixo formando um mar branco, do qual os flashes subiram também diretamente para o céu. Este é, provavelmente, o mais antigo relato da observação de sprites que se tem notícia.
Sprites são eventos luminosos transitórios de origem elétrica que ocorrem acima das nuvens de tempestade. São geradas por intensas descargas elétricas que partem dos topos da nuvens e se estendem até o limite superior da mesosfera (em torno de 95 Km de altitude). Em certa altura, essa descarga gera um flash de plasma que, por alguns milissegundos, se torna iluminado assumindo formatos variados. Alguns podem parecer colunas de luz, alguns se assemelham a pés de cenouras e outros, podem apresentar formato semelhante à fadas. Com isso, não é difícil imaginar que, por muito tempo, muitos daqueles que visualizavam esses flashes, os associavam a fenômenos sobrenaturais como fantasmas ou OVNIs. Algumas das explicações consideradas naquela época é que seria apenas uma ilusão de óptica e haviam até quem duvidava da sanidade mental das testemunhas.
Sprites registrados em alta definição a partir da Itália - Créditos: Stephane Vetter
Os séculos se passaram e vários outros textos científicos relatavam flashes luminosos acima de nuvens de tempestades. Além das populares associações à fenômenos sobrenaturais, psíquicos, fantasmas e OVNIs, algumas explicações científicas sobre as origens desses fenômenos foram especuladas. Mas de fato, essa área de estudo só começou a ter alguma credibilidade e relevância a partir de 1989, quando os primeiros sprites foram registrados acidentalmente em uma câmera de vídeo.
Na noite de 6 de julho daquele ano, o Professor John Winckler, Físico de Auroras da Universidade de Minnesota (Estados Unidos), testava uma câmera de televisão que queria usar para filmar um lançamento de foguete. A câmera era especialmente desenvolvida para trabalhar em situações de baixa luminosidade. Na fita gravada por Winckler naquela noite, em apenas dois quadros de vídeo, apareceram colunas brilhantes de luz, elevando-se acima das longínquas montanhas do norte de Minnesota. Essa foi a primeira gravação do fenômeno, que foi inicialmente chamado de "raio nuvem-espaço".
Nos anos que se seguiram, vários pesquisadores utilizando câmeras de alta sensibilidade registraram esses raios. Um novo campo de pesquisa estava se abrindo. Outros fenômenos parecidos foram registrados como os "Blue Jets", jatos azulados partindo do topo das nuvens de tempestade, e os raríssimos "Gigantic Jets", que são jatos gigantescos partindo azulados desde o topo das nuvens de tempestade, se tornam avermelhados e atingem até os limites superiores da mesosfera, a cerca de 95 Km de altitude.
Em 1995, a partir de uma pesquisa desenvolvida pela Universidade de Alaska Fairbanks, cunhava-se o termo "Red Sprites" para nomear os recém descobertos fenômenos. O nome "Sprite" remete à uma criatura do folclore europeu também chamada de "espírito do ar". É um nome que lembra a origem destes fenômenos que, por muitas vezes, tinham explicações sobrenaturais.
Fonte: olhardigital