Após cirurgia, jovem com muletas tem benefício negado pelo INSS em MT: ‘deixei de pagar muita conta para contribuir’
G1-MT
Um jovem que sofreu um acidente há cerca de 3 anos e somente na última semana conseguiu passar pela cirurgia foi liberado para trabalhar por uma médica do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). O caso aconteceu em Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá.
O INSS foi procurado pela reportagem, mas não respondeu às solicitações.
Logo após ter alta médica, Murilo Santana da Silva passou por uma perícia no INSS e, apesar de ainda estar se recuperando, utilizando muletas para conseguir se locomover e com sequela por causa da demora na cirurgia, a médica perita do INSS liberou o jovem para trabalhar.
Em 2016 ele sofreu um acidente de moto e sofreu uma fratura na perna. Desde então, aguardava pela cirurgia.
“Como é que eu, um torneiro mecânico, vou trabalhar usando muletas? Um torneiro mecânico precisa das mãos livres”, afirmou Murilo.
A primeira cirurgia foi realizada em Tangará da Serra, logo após o acidente, mas, segundo ele, foi mal feita e as complicações começaram a aparecer. Depois disso, Murilo disse que ficou 3 anos de cama aguardando pelo próximo procedimento cirúrgico.
Depois de 3 anos, conseguiu fazer a cirurgia, mas em Cuiabá. Em seguida passou pela perícia do INSS, mas teve o benefício cortado.
“Ninguém nunca veio me perguntar se esse dinheiro do INSS me fez falta. Eu deixei de pagar muita conta para contribuir com o INSS. Hoje eu preciso me humilhar para conseguir obter um benefício que é um direito do trabalhador”, diz Murilo.
Revisão
A assessoria do INSS informou que Murilo recebeu o benefício entre setembro de 2016, logo após o acidente, e abril deste ano. Depois disso, ela entrou novamente com o pedido de perícia, que só aconteceu no dia 16 deste mês, coincidentemente alguns dias após a realização da cirurgia, depois de ficar 3 anos em uma cama, sem poder trabalhar.
O INSS alegou que não tinha a informação sobre o retorno ou não de Murilo ao mercado de trabalho durante o período que ficou aguardando a nova perícia. Como essa informação não existia no órgão, o benefício foi indeferido.
Nesta terça-feira, o INSS entrou em contato com Murilo para avisá-lo que a perícia concedeu o afastamento dele até o dia 30 de janeiro de 2020. Assim, ele voltou a receber o benefício, inclusive os valores atrasados, a partir desta terça-feira.