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MPE denuncia investigador e escrivão que aplicavam golpes na Delegacia do Carumbé

O Livre

O Ministério Público de Mato Grosso (MPE) denunciou à Justiça o investigador da Polícia Civil, Márcio Xavier da Costa, o escrivão Valtencir Siqueira de Faria, o auxiliar de cozinha Maykson Douglas da Silva e o advogado Fred Henrique Silva Gadonski.

O quarteto é acusado de exigir vantagens indevidas (propina) para “livrar” pessoas da prisão. O caso é caracterizado por crimes de corrupção, peculato (desvio de bens que estejam em sua posse, em função do cargo) e concussão (exigir vantagem indevida em razão do cargo).

Pelos crimes, o MPE pediu que condenação à indenização por danos morais coletivos, suspensão dos direitos políticos por até cinco anos, pagamento de multa civil de até 100 vezes o valor dos salários públicos e, no caso dos agentes da Polícia Civil, a perda das funções públicas.
Os crimes

Os casos foram registrados em 2016 e resultaram em procedimento na Corregedoria-Geral da Polícia Civil. Pelo menos três vítimas foram interrogadas e confirmaram os atos ímprobos dos funcionários públicos e dos outros denunciados.

Uma das tentativas de extorsão aconteceu quando uma jovem foi presa por desacato e resistência. No caso, o auxiliar de cozinha Maykson, em conluio com o escrivão Valtencir, teria cobrado R$ 5 mil da mãe da menina para “ajudarem na soltura”.

Ele informou ter acesso fácil aos policiais da unidade e garantiu a liberdade da jovem, mediante pagamento da propina. Para confirmar a história, pediu para o escrivão Valtencir falar diretamente com a mulher.

As tratativas teriam acontecido, inclusive, na porta da 2ª Delegacia de Polícia de Cuiabá, no Carumbé, onde o escrivão atuava. Contudo, a mulher não tinha o dinheiro e não fez o pagamento. Mais tarde ela descobriu que tratava-se de um golpe, já que sua filha foi solta mesmo sem que a propina.

Em outro caso, quando um rapaz foi detido por posse de drogas, o escrivão chamou o advogado na delegacia, sendo que depois, Fred cobrou R$ 9 mil para tirar o jovem da cadeia.

Como o homem não tinha dinheiro, ofereceu uma motocicleta como garantia, avaliada em R$ 6 mil. Depois de solto, foi acompanhado pelo advogado até sua casa, para entregar o veículo. Em depoimento, o homem revelou que Fred dizia a todo momento que se ele “sujasse” com ele, “sujaria” com a polícia.
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