Neri nega propina e diz que acusação é “sem fundamento”
O ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, negou que tenha recebido propina e disse ser “sem fundamento” a informação de que ele teria tirado foto com Florisvaldo Oliveira, o “homem mala” da JBS, após ter recebido R$ 250 mil em propina, no ano de 2014. Geller ainda declarou que a notícia “é requentada”, uma vez que foi publicada em agosto de 2017 pela revista Época.
Questionado se a nova publicação, feita pela revista Veja esta semana, poderia ser uma forma de atingir seu projeto de disputa ao cargo de deputado federal, Geller ponderou que há essa possibilidade.
“Meu nome está crescendo, estou sentindo isso no estado. Alguns setores estão defendendo meu nome para majoritária, mas esse não é meu foco, não há nenhuma chance. Meu projeto é federal e levanta ciumeira sim. Não estou acusando ninguém. Estou tranquilo. No meu trabalho no Ministério andei muito por Mato Grosso, ajudei o país e não teria cabimento tirar foto no gabinete e mandar para lá com esse tipo de coisa”, argumentou.
Para explicar a foto com Florisvaldo, Neri alegou que enquanto desempenhou o cargo de ministro, era praxe do ministério registrar todas as reuniões que tinha no gabinete, inclusive com fotografias. “Tirei mais de 20 mil fotos. Era de praxe. Minha agenda nesses três anos como ministro foi 100% pública. Recebia pessoas e na maioria das vezes fazia audiências com a presença de técnicos e da minha assessoria. Tirávamos fotos de praticamente todos. São 20 mil fotos. Se tiver foto de gente que fez coisa errada, pode até ser. Essa foto foi minha assessoria quem tirou”, alegou.
Neri Geller explicou que enquanto desempenhou o cargo de ministro da Agricultura, atuou fortemente para a abertura de mercados. Para isso, viajou para 18 países e conseguiu levantar o embargo em 12 deles. Em razão disso, executivos de grandes grupos como JBS, BRF e Aurora, estiveram muito presentes no ministério da Agricultura.
“A atuação minha foi muito forte na abertura de mercado e teve a participação desses grandes grupos. Em todas essas viagens organizadas pela ABIEC [Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes] e pelas associações como a ABPA [Associação Brasileira de Proteína Animal], levava executivos. Eles sempre muito presentes no ministério. Nenhuma dificuldade quanto a isso. Essa matéria é requentada. Estou bem tranquilo”.
Neri Geller também negou qualquer proximidade com o deputado cassado Eduardo Cunha. “Dizem que eu tinha vínculo com o Eduardo Cunha. Em 3 anos no ministério, minha agenda foi 100% pública e não tive agenda com o Cunha e nem com o pessoal do MDB. Somente recebi deputados que faziam parte da Frente Parlamentar da Agropecuária”, disse.
Publicação feita pela Revista Veja esta semana aponta que Geller teria recebido um montante de R$ 250 mil em propina pago por Florisvaldo Oliveira, o encarregado de distribuir os valores pagos irregularmente pela JBS. O pagamento teria ocorrido no dia 3 de novembro de 2014, quando Neri Geller ainda exercia o cargo de Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no governo da petista Dilma Rousseff. O encontro ainda teria sido registrado pelo fotógrafo do Ministério, a pedido da própria assessoria.