“Fake news é realidade e vai fazer parte das campanhas em MT”
Empresários falam sobre utilização de mídias digitais por políticos de Mato Grosso
À frente da empresa Engaje, responsável por fazer campanhas e mídias digitais, o jornalista Humberto Frederico e o publicitário Matheus Moraes acreditam que as eleições deste ano, em Mato Grosso, devem enfrentar as notícias falsas ou, como são mais conhecidas, as fake news.
Para eles, o principal meio de disseminação de publicações inverídicas contra adversários políticos deve ser o aplicativo WhatsApp.
“Independentemente do esforço que as mídias estão fazendo, acho que vamos viver um sistema de fake news gigantesco. Porque, por mais que a lei tenha mudado, sentimos que os órgãos ainda não estão preparados para lidar com isso. Até que ponto o TRE vai estar preparado para analisar um impulsionamento de um terceiro que está fazendo fake news para um candidato específico?”, questionou Moraes.
“Com certeza vão fazer parte das campanhas em Mato Grosso. Porque, na verdade, as fake news já existem, as pessoas já montam uma estrutura em relação a isso. Mas não sei se, em Mato Grosso, com tanto profissionalismo quanto existe lá fora”, disse Frederico.
Em entrevista ao MidiaNews, os empresários ainda falaram sobre a utilização das redes sociais por políticos mato-grossenses. Destacaram as páginas do governador Pedro Taques (PSDB) e da deputada estadual Janaina Riva (MDB).
Mas disseram que os políticos mais tradicionais do Estado ainda não entenderam a importância de uma página no Facebook ou Instagram para o pleito eleitoral.
“Talvez, os políticos mais tradicionais sejam resistentes. Porque, na cabeça de alguns candidatos, eles sempre ganham eleições sem a mídia digital. Então, criam essa resistência maior”, disse Frederico.
"Estamos vivendo um cenário em que os clientes vêem o potencial da mídia social e de converter isso em venda"
Veja os principais trechos da entrevista:
MidiaNews – Mato Grosso, na opinião de vocês, pela vivência e pelo dia-a-dia, dá o devido valor à profissionalização das redes sociais, no sentido de potencializar seus negócios, de fazer uma divulgação estratégica para as imagens?
Matheus Moraes – Nós passamos por um período de amadurecimento. Vivemos uma primeira fase, onde era legal ter curtidas e comentários, mas não uma coisa aprofundada. Víamos pelo boom de estar na mídia social e nesse contexto não tinha valorização necessária, porque qualquer sobrinho, qualquer pessoa poderia fazer esse tipo de trabalho. Nós estamos percebendo no mercado certa evolução, porque as empresas não estavam sentindo resultado no trabalho que estava sendo feito, era algo mais improvisado. Eles buscavam muitos likes na página ou curtida no post, mas isso não estava revertendo em venda. Agora, estamos vivendo um cenário em que os clientes veem o potencial da mídia social e de converter isso em venda.
MidiaNews – Qual a diferença dessa primeira onda que teve, mas na base do improviso, para o trabalho que você fazem? Como é o trabalho de vocês?
Humberto Frederico – O Facebook mudou o sistema, antes ele não era uma mídia, era mais uma maneira de você expor suas coisas. Mas com a mudança do algoritmo, virou uma mídia. Uma página, por exemplo, aparece para menos pessoas, então é necessário que você faça um investimento, fazendo a compra do ‘impulsionamento’. Se você não tiver uma inteligência por trás disso, por exemplo, tem muito cliente que nos procura dizendo que quer fazer os posts, mas que precisa de alguém fazendo uma inteligência, de como ele vai fazer o impulsionamento. O Facebook está dificultando cada vez mais. Está profissionalizando as ferramentas que oferece na página, as configurações e está buscando pessoas qualificadas para isso. Em Mato Grosso, inclusive, podemos contar nos dedos às pessoas que sabem fazer esse estudo. Hoje, o termo mídia social nem é mais o correto, mas, sim, mídia digital. Todos achavam que os sites iriam morrer, por causa da entrada do Facebook e Instagram, mas, hoje, é necessário ter site, se você quiser ser bem sucedido.
"O Facebook está dificultando cada vez mais. Está profissionalizando as ferramentas que oferece na página"
Matheus Moraes – O Facebook liberou páginas para as empresas, por exemplo. Tudo que você postava tinha muito engajamento, as pessoas comentavam e curtiam muito. Todo mundo começou a entrar nesse mercado, mas o Facebook começou a abaixar o alcance e para você aparecer cada vez mais, tinha que investir mais. Então, virou uma mídia de fato. Para você conseguir que tenha engajamento, que seu produto seja exibido para o seu público, tem que investir uma verba. Então, é muito isso, você teve um alcance inicial e, ao longo do tempo, do crescimento, para você aparecer tem que investir.
MidiaNews – Isso também é em função das fake news e da cobrança? Esse algoritmo valoriza mais as relações pessoais e interpessoais e quando a publicação é empresarial eles jogam lá para baixo?
Humberto Frederico – Sim. Eles querem que você gaste cada vez mais para estar aparecendo.
MidiaNews – Mas, também, é para não disseminar a fake news?
Humberto Frederico – Depende do número de curtidas, comentários e de engajamento quando se colocar um post. Hoje em dia é muito difícil se ter um engajamento muito grande sem ter um impulsionamento. Porém acontece.
MidiaNews – Como funciona o trabalho de vocês? Como é feito essa prospecção?
Humberto Frederico – Hoje, você pode fazer vários pacotes. Podemos gerenciar toda sua mídia digital, desde site, fazer Inbound Marketing que é uma coisa que está em moda e é focado em venda. Então, depende muito do cliente. Se o cliente for um político, é de uma maneira que a gente conversa, se é loja de shopping, uma boutique, é outra maneira, se for uma construtora, também é diferente. Mas, aí, você vai da mídia digital, até a construção de um site, fazer com que o site seja bem ranqueado no Google. Por exemplo, se você tem um site de notícias e a pessoa pesquisa “site de notícia”, se você for bem ranqueado, a ideia é que o MidiaNews seja o primeiro site. Hoje, existem ferramentas que a gente consegue ver que a pessoa entrou no seu site e clicou três vezes em um produto que você vende. Se você coloca na ferramenta que é para identificar quem é essa pessoa, eu consigo acionar o meu comercial para falar para sobre esse interesse. Se você está com um site e se a pessoa entrou no seu site, significa que ela está com um interesse muito maior. Na rede social, você está buscando, por isso, às vezes, gera o interesse, a pessoa achou interessante, gostou do post, mas não necessariamente aquilo vai se reverter em venda.
MidiaNews – O gerenciamento que vocês fazem é mais em cima de Facebook e de Instagram? De quais mídias vocês fazem?
Matheus Moraes – Nós fazemos toda uma avaliação no início do trabalho. Um planejamento, para entender qual é o cenário daquele cliente. Facebook e Instagram abrangem um maior número de pessoas. Dizemos que o Facebook, hoje, é a grande massa. É onde que está da classe A até a classe E. No Instagram, temos um público um pouco mais segmentado, sendo A e B. Então, se for um ramo de moda e alimentação, pode fazer um esforço maior. Mas nós temos um cliente, por exemplo, de consultoria que o Linkedin dá muito mais resultado que o Facebook, porque o público que está consumindo aquele conteúdo usa mais esse recurso. Nós fazemos essa avaliação para saber onde esse cliente pode se comunicar melhor. A princípio, o Instagram e Facebook são a maioria dos casos, porque é onde está o maior número de pessoas. Mas quando a gente tem clientes que conseguimos identificar melhor o público, como esse no caso do Linkedin ou no Youtube, podemos fazer um trabalho específico.
MidiaNews – E o Twitter?
Humberto Frederico – O Twitter também. Ele tinha dado uma estagnada, mas agora está voltando cada vez mais forte. Em Mato Grosso, por incrível que pareça, o Twitter inclusive para político, ainda não está tão forte. Mas acreditamos que os próprios políticos e as assessorias deles não usam tão bem. No Twitter tem que colocar coisas relevantes, como opiniões e diversas coisas. Mas os políticos ainda têm resistência.
MidiaNews – Em relação às eleições, sabemos que nos mercados internacionais as redes sociais tiveram papel extremamente relevante, talvez até decisivo. Como foi, pela primeira vez, na questão do Barack Obama e a polêmica do Donald Trump, ser acusado de ter usado inteligência artificial. Como vocês vêem essa utilização das mídias digitais em relação a um processo eleitoral e como deve ser nessas eleições em Mato Grosso?
Humberto Frederico – Vejo que o mercado de fora para as eleições nas mídias digitais está muito mais adiantado do que aqui. Mas isso vai do próprio candidato ver essa importância. Por exemplo, já começou o período de fazer doações através da internet para o candidato. Nós não vimos quase nenhum pré-candidato utilizando essa ferramenta. Esse dinheiro vai ser importante durante a eleição?
MidiaNews – Pelo que vocês sabem, nenhum pré-candidato fez uso?
Humberto Frederico – Eu já vi alguns pré-candidatos. Ulisses Moraes, do movimento MBL. Mas os candidatos majoritários, por exemplo, pelo que saiba, não. Alguns candidatos à proporcional, mas os que a gente conhece que já são deputados, que tem boa chance de reeleição, praticamente nenhum está se movimentaram. Hoje, o trabalho das eleições será em dois viés: um é de Facebook e Instagram, é mídia social e o outro é mídia digital. A diferença dos dois é que, a inteligência artificial pega dados, você vai à busca do seu eleitor, você consegue identificar quantas pessoas estão te procurando. Hoje em dia, existem ferramentas que possibilitam ver os que as pessoas estão falando sobre você, de bom e ruim. Consegue fazer pesquisa através desses dados e se você tiver um bom banco, dá para segmentar e saber qual seu público-alvo, inclusive nas redes.
Matheus Moraes – No contexto das eleições americanas que você citou, vejo que foram usadas de formas diferentes. O Obama trabalhou muito um a um. Ele tinha uma base de dados muito boa, mas fazia comunicação específica para as pessoas. Um homem negro de 20 a 30 anos, era um tipo de comunicação. Para um homem branco, era outro tipo de comunicação. Uma campanha super personalizada e acho que foi aí o grande diferencial. Já o Trump também se utilizou da base de dados, mas muito mais para desconstruir a adversária [Hillary Clinton]. Nesse contexto, ele conseguiu crescer. Nós vemos muito essa diferença dos dois. Mas ambos usaram essa inteligência de dados.
MidiaNews – Aqui, o Bolsonaro é um dos que mais usam as redes sociais, inclusive para impulsionar o próprio nome.
Matheus Moraes – Há diversos grupos de WhatsApp espalhados pelo Brasil em que ele e a base dele estão presentes. Então, a gente já percebe que ele tem certa organização nesse sentido e tem coisas que ele manda lá nesses grupos, interage com o público dele, manda bom dia, mensagem personalizada. Ele está se organizando nesse sentido.
Humberto Frederico – Ele tem pouco espaço de televisão. Vai focar muito nas redes digitais.
MidiaNews – Quando se manipula dados, com um batalhão para fazer comentários positivos e rebater os negativos, criando uma falsa sensação de que está bombando sem que o público saiba o que está acontecendo. Até que ponto esses determinados tipos de uso não passam a ser uma coisa antiética?
"Em 2014, o Pedro Taques usou bastante o Facebook e Instagram. Se a gente colocasse hoje as publicações que ele fez, não teria resultado"
Matheus Moraes – Isso é algo que, principalmente nessa eleição, vamos ter uma discussão muito grande.
Humberto Frederico – De eleição para eleição muda muito sobre o que você pode usar ou não. Em 2014, o Pedro Taques usou bastante o Facebook e Instagram. Se a gente colocasse hoje as publicações que ele fez, não teria resultado, porque hoje o Facebook limita em até 20%. Na eleição anterior, isso não existia, podia usar como é. Mas essa discussão sempre vai permear na política, não só na internet. Até que ponto você pode usar determinadas pessoas em um horário eleitoral, falar determinadas coisas que não são verdade? Depois vem a Justiça... Esse ano vai ter uma coisa interessante: você vai ter direito de resposta na página do seu adversário. Se ele te denegrir e você entrar com direito de resposta e ganhar, vai ser muito interessante.
Matheus Moraes – Com a mudança eleitoral que tivemos, principalmente voltada para a questão da internet, vamos deliberar conforme o impulsionamento, que até então não estava na última eleição. Há uma discussão nesse sentido, pois quem tem mais dinheiro, teoricamente, pode alcançar mais pessoas. Houve essa mudança na lei que iria beneficiar todo mundo, mas ainda não tem um limite.
Humberto Frederico – Nós percebemos claramente que quem fez as leis eleitorais para internet, não conhece a internet. Eles quiseram baratear muita coisa jogando para a internet. A internet está encarecendo. Vai entrar uma disputa, um candidato tem R$15 mil mensais para fazer um investimento, o que é um investimento barato. Se começar desde agora, no final vai gastar R$ 100 mil. Mas o adversário tem R$ 100 mil e quer pulverizar, quer o tempo todo. Quem vai gastar muito dinheiro com isso é o Facebook. Uma equipe para a internet é grande. Vamos diminuir o tempo de campanha para 45 dias, porém vamos liberar a pré-campanha desde agora. Se você tem um recurso maior e começar a fazer o investimento desde agora, o que é o mais o correto, no final você vai gastar o mesmo se a eleição fosse durar dois ou três meses.
Matheus Moraes – Há uma estimativa que o marketing digital fazia parte de 5% a 10% das eleições e que hoje vai para 30% a 40%, justamente por essa mudança na lei. Vamos ter, nessa eleição, um investimento maior. O cenário local e nacional estão incertos, não temos mais os grandes grupos, está muito distribuído e por isso a internet acaba sendo favorecida. Cada um pode ter seu alcance.
"Nós percebemos claramente que quem fez as leis eleitorais para internet, não conhece a internet. Eles quiseram baratear muita coisa jogando para a internet. A internet está encarecendo"
MidiaNews – Na opinião de vocês, as redes sociais e digitais vão ser um diferencial a ponto de decidir nessa campanha?
Humberto Frederico – Eu acho que vai ser. Mas acredito que não é a principal ferramenta. Uma boa rede social, uma boa militância, dependendo do tipo de campanha, pode te dar mais votos, com certeza. Nos Estados Unidos, por exemplo, foi o diferencial porque era uma campanha muito parelha. Uma boa estratégia de mídia digital do Donald Trump é o que parece que acabou dando a vitória a ele. Mas ainda não há um estudo de quantos por cento a mídia social consegue dar a um candidato.
Matheus Moraes – Independente do esforço que as mídias estão fazendo, nós vamos viver um sistema de fake news gigantesco. Já tivemos na última eleição, principalmente quando a Marina Silva estava com um número grande nas pesquisas, de percentual de votos, e o PT como o PSDB, naquela época... O que tinha de fake news nas mídias sociais que ajudaram desconstruí-la era gigantescos. Percebo que nessa [eleição], também teremos um número grande, porque por mais que a lei tenha mudado, nós sentimos que órgãos ainda não estão preparados para lidar com isso. Até que ponto o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) vai estar preparado para analisar um impulsionamento de um terceiro, que está fazendo fake news para um candidato específico? Esse gerenciamento vai ser complicado.
Humberto Frederico – Os digitais influencers vão ser uma figura de bastante decisão para quem souber trabalhar. Muitas vezes, não vamos usar na página de um candidato, mas se tiver um digital influencer apoiando, até que ponto o TRE pode interferir na página dele? A mídia digital vem como um complemento. Na campanha passada já foi usado muito e nós também acabamos usando durante a eleição. Se um adversário fala alguma coisa durante o debate, por exemplo, você pode instruir o seu candidato a pedir que entrem em sua página no Facebook para ver que o que o outro candidato está falando é mentira.
MidiaNews – O importante também é saber se defender da fake news. Como isso pode ser feito?
Matheus Moraes – O candidato já tem que ter um planejamento grande, principalmente do que as pessoas podem bater em cima dele, seus defeitos. Existe outra situação que algumas pessoas não dão valor, em relação aos sites. A maioria dos candidatos que estão se colocando no pleito, nenhum tem site ou um trabalho bem fortalecido nesse sentido. Mas se você digitar o nome desse candidato do Google, vai ver lá, CPI, que está sendo investigado por tal lugar, quando ele poderia ter um site bem ampliado e poderia aparecer links positivos sobre ele. Quem deixar para última hora, vai perder muito nesse sentido, não vai conseguir se blindar.
Humberto Frederico – O Mauro Mendes, por exemplo, ainda está como ‘Mauro Mendes 40’ no Instagram dele. Mas ele já é 25 e não é nem falha, é por uma questão de que ele está sem uma assessoria de mídia digital para poder ver isso. É uma coisa simples de mudar.
MidiaNews – Quais os políticos de Mato Grosso, atualmente, sabem usar as redes?
Humberto Frederico – O Pedro Taques consegue humanizar os stories dele, que hoje é uma ferramenta de engajamento muito bom. Todas as postagens tem um engajamento grande.
Matheus Moraes – A Janaina Riva talvez seja hoje a pessoa com maior poder de impacto. Tudo o que ela publica tem repercussão imediata.
Humberto Frederico – Ela cresce no Facebook e Instagram, não foca só em um. O Facebook foi o primeiro a estourar e tem muito político que o Facebook está muito grande e o Instagram não está tão bem. A Selma Arruda foi a primeira que se atentou a isso. Deu start na pré-campanha, foi a única que já montou uma estrutura de mídia digital. Ela já está se posicionando em suas páginas, se atentando a isso. O Jaime Campos quando apareceu nas redes sociais virou burburinho, todo mundo falou dele. Quando ele dá opinião, a própria mídia acaba repercutindo. Mas de resto, o Otaviano Pivetta não faz nenhum trabalho em cima das redes dele, assim como o Mauro Mendes. Talvez os políticos mais tradicionais sejam resistentes. Porque, na cabeça de alguns candidatos, eles sempre ganham eleições sem a mídia digital. Então, criam essa resistência maior. Os vereadores mais novos, por exemplo, são mais atuantes, porque já vêm de outra geração. Hoje, a mídia social faz diferença, sim. Muito mais na proporcional.
Matheus Moraes – Na mídia digital você consegue trabalhar por geolocalização, interesse, renda, idade, tem uma série de fatores, que dependendo da bandeira que você está trabalhando, consegue já ter um conteúdo mais direcionado para o público que quer impactar.
MidiaNews – Na opinião de vocês, as fake news são uma realidade que vão fazer parte dessas campanhas?
Humberto Frederico – Com certeza vão fazer parte das campanhas em Mato Grosso. Porque, na verdade, as fake news já existem, as pessoas já montam uma estrutura em relação a isso. Mas não sei se em Mato Grosso com tanto profissionalismo quanto existe lá fora. Vai ter muita fake news. Mas depende de como vai fazer essa fake news, acredito que não vai ser montando sites, como temos visto lá fora. Aqui, ainda não chegou nesse nível de profissionalismo, que parte do próprio candidato, porque isso tem custo. Então, acredito que os candidatos que a gente vê hoje não querem investir nisso.
"Veículos tradicionais que existem é a grande ferramenta que tem para filtrar as fake news"
Matheus Moraes – O próprio PT tinha um site que era “A cada mentira, dez verdades”, algo nesse sentido. Nós percebemos que nessa eleição vai ser muito maior e vai ter um impacto maior nas classes mais baixas, C, D e E. Principalmente para um veículo que hoje já está ali pareio com o Facebook, que é o WhatsApp. Esse público utiliza muito esse recurso. Quando você faz uma disseminação de um conteúdo por WhatsApp, a proporção que tem de alcançar um número de pessoas é gigantesca. Hoje, tem grupos, lista de transmissão e é uma ferramenta difícil para checar. Quando você está no computador e lê uma notícia fake que fica em dúvida, vai ao Google, digita e vê se tem alguma relação com aquilo, tende a fazer uma pesquisa. Mas no WhatsApp, não. A primeira coisa que as pessoas fazem, na verdade, é compartilhar com um amigo, um grupo, sem saber se aquilo ali é verdade. Então, vejo que nessas classes vai ter uma presença de fake news muito grande.
MidiaNews – Tem até estudo já mostrando que mesmo aqueles que sabem que é fake news, colocam nos grupos para causar burburinho.
Humberto Frederico – Veículos tradicionais que existem é a grande ferramenta que tem para filtrar as fake news. Quando vejo uma notícia nacional, que acredito que pode ser fake, que vi isso na rede social, mas não vi em lugar nenhum, faço uma pesquisa nas mídias mais tradicionais para saber se é real. Aqui, em Mato Grosso, também tem que ser feito a mesma coisa. Se está ali no Facebook, mas não saiu no MidiaNews, não sai compartilhando que, com certeza, não é verdade.
Matheus Moraes – A própria lei tem diversas brechas. Em um dia, ela fala que não pode patrocinar nenhum post no dia da eleição, mas se você tiver um post patrocinado no dia anterior está valendo. Tem que amadurecer muito ainda.
Humberto Frederico – Quem fez essas novas regras, não sabe de nada.
Matheus Moraes – O impulsionamento também não deixa claro que é mídia social, então está aberto para fazer anúncio no Google.
MidiaNews – Deve ter uma readequação dessa lei em função disso?
Matheus Moraes – Pode ser que aconteça.
Humberto Frederico – Mas eu não vi nenhum movimento. O momento de fazer é agora.