Sem ração, porcos gritam de fome em MT e ministro vê situação insustentável
Associação dos Criadores de Aves do Estado de Mato Grosso (Amave) conseguiu liminar judicial na manhã desta quinta (24), que determina a liberação dos caminhões que transportam ração para as granjas. A previsão é que ainda nesta tarde, representantes da entidade, com auxilio da Polícia Rodoviária Federal comuniquem os caminhões com ração estacionados nas barreiras de Cuiabá e Várzea Grande.
Desde segunda (21), as cinco plantas frigoríficas que abatem aves em Mato Grosso, estão sem operar, em razão da impossibilidade do transporte entre as granjas e os locais de abate. Os prejuízos com a falta de operações ainda não foram calculados.
A via judicial também está sendo tentada pelos suinocultores. De acordo com o presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Raulino Teixeira, a entidade entrou esta semana, com uma liminar na justiça pedindo ao Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens (Sindicam) a liberação de caminhões com rações para os animais e transporte de suíno vivo.
“Com os bloqueios, as granjas já estão sofrendo com o baixo estoque de grãos e consequentemente animais estão morrendo. E a continuidade das paralisações reflete em ainda mais riscos para a cadeia produtiva, que há quase um ano sofre com o baixo preço pago pelo quilo do suíno e que tem tornado a atividade inviável para produtores no Estado. Atualmente, o quilo do suíno vendido pelo suinocultor tem preço médio de R$ 2,55, sendo que o ideal, só para cobrir os custos de produção, deveria estar em torno de R$ 3,30”, pontua.
Raulino ressalta ainda que apoia as motivações da paralisação, mas entende que o movimento deve preservar o fluxo dos alimentos e dos insumos para a produção. “É de conhecimento nacional a grave crise enfrentada pela cadeia produtiva, que há meses luta para preservar os postos de trabalho do setor. Desse modo, impedir a continuidade da produção poderá gerar consequências graves para o Mato Grosso".
A Nutribras Alimentos de Sorriso, um dos maiores frigoríficos de suínos do Estado, já informou em nota que paralisará as atividades por três dias por conta da falta de insumos e combustível para manutenção das atividades. A empresa tem um plantel de 17 mil matrizes e capacidade de abate de até 3 mil suínos por dia.
O proprietário da Suinobras, Reinaldo Morais, ressalta que se não bastassem os preços do quilo do animal despencarem após a deflagração da Operação Carne Fraca, as delações premiadas de representantes do Grupo JBS e o alto do custo de produção, somados agora com a greve dos caminhoneiros, a crise da suinocultura mato-grossense se agravará. Conta que possui mais de dez carretas carregadas de milho paradas entre as cidades de Deciolândia e Diamantino e de farelo de soja em Nova Mutum e Rondonópolis, que não conseguem abastecer as granjas de Diamantino e Pedra Preta.
“Eu também entrei na justiça com um pedido de liminar, não somos contra a greve que busca o melhor para o Brasil, sabemos da importância dos caminhões em nossas vidas, porém somos contra a arbitrariedade de impedir o transito de suínos vivos e de alimentos para eles. Nossa granja em Diamantino, que possui cerca de 200.000 mil animais e produz quase 500 toneladas por dia, está há três dias sem conseguir abastecer os insumos. Infelizmente já apresentamos a mortalidade de quase 100 suínos por falta de alimento”, reforça Reinaldo.
Outro a entrar na justiça foi o suinocultor, Fernando Takeuti de Diamantino, que também tem sentido no bolso os impactos da greve. A Granja, que conta com um plantel de aproximadamente 200 mil suínos e um consumo de 480 toneladas de ração por dia, depende da entrega diária de matéria-prima para alimentar os animais. “O estoque é curto, para no máximo 2 dias. Como a paralisação já está no terceiro dia seguido, os carregamentos não chegaram. Os animais estão sem ração e alguns até morreram de fome” (Com Assessoria).