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Grupo radicaliza, tenta manter bloqueio e entra em confronto com Exército - vídeos

Chegando ao fim do 9º dia de paralisação, caminhoneiros, em pontos de manifestação à beira de rodovias em Mato Grosso, estão cansados, estressados, sem banheiro próximo, com pouca comida e, mediante a flexibilização do governo federal, a tendência é do movimento ir se esgotando, até no máximo o final de semana. Esta é a avaliação de Gilson Baitaca, que atua no setor há 12 anos e representa o Estado nas negociações em Brasília junto a parlamentares.

Além do cansaço, com o reabastecimento de postos e de aeroportos, a vida nas cidades vai voltando ao normal e isso também deve enfraquecer a greve. "É pesado ficar na estrada nestas condições", disse Baitaca ao , pouco antes do início de um confronto na BR-163/364. Acontece que um grupo mais radical, que defende a intervenção militar, insiste em manter o movimento.

No final da tarde, houve enfrentamento entre os que querem passar e os que estão impedindo. Após bloqueio da pista, as forças federais passaram a utilizar gás lacrimogêneo e balas de borracha para liberar a rodovia. Manifestantes chegaram a cantar o hino nacional pouco antes da ação mais forte do Exército e PRF.

Em coletiva, o governador Pedro Taques (PSDB) confirmou o confronto e disse que as forças estaduais estão agindo junto com as federais no controle da situação - veja vídeos. Acontece que, no momento que eclodiu o confronto, acontecia a reunião do Comitê de Gerenciamento de Crise no Palácio Paiaguás. Diante da situação, o secretário de Segurança Gustavo Garcia e representantes da PM deixaram a reunião para acompanhar a situação. A PRF, por enquanto, não confirma ou desmente a existência de uso de força para controlar o conflito.

Congresso

Segundo o caminhoneiro Baitaca, o foco do movimento agora é no Congresso Nacional, para colocar em pauta em regime de urgência o marco regulatório do setor e no Senado o PL 121, que trata do piso da classe.

Nos pontos de manifestação de Mato Grosso, Baitaca diz que tem sido grande a pressão dos empresários para os carros rodarem, porque estão parados há muitos dias e o prejuízo é grande. Na manhã desta terça, 500 caminhoneiros forçavam passagem na BR-163 em Rondonópolis. Destes, 60 foram liberados e viajaram escoltados pela Polícia Federal e Exército até Cuiabá.

Ele avalia que, apesar de quaisquer perdas financeiras, os avanços foram importantes, conquistados nestes nove dias. “Sem a forte pressão que fizemos, não nos dariam nem uma agulha”, acredita.

Para desmentir boatos de que teria sido preso pela Polícia Federal na tarde desta terça, ele divulgou vídeo. "É tentativa de manchar a imagem de alguém que tenta fazer algo pelo coletivo", comenta. "Somos pessoas de bem, trabalhamos, cumprimos com nossos compromissos".

Outro caminhoneiro,  de grupo diferente e que já saiu da greve, afirma também que a tendência é de desmobilização. Segundo ele, nas estradas os intervencionistas são os que fazem mais alarde no momento, querendo derrubar o presidente Michel Temer e instaurar uma ditadura militar. Eles insistem em impedir a passagem.

Tensão na estrada

A Polícia Rodoviária Federal informa que, devido ao cansado e ao estresse, as negociações nesta terça com os manifestantes foram instáveis e difíceis, tendo ocorrido conflitos em Rondonópolis, de onde saíram os 60 caminhões, e em Jaciara, por onde eles passaram e houve uma tentativa de parar o comboio. O Exército teria reagido disparando balas de borracha, para conter o conflito, mas esta informação não é confirmada oficialmente.

Caminhões teriam passado também no bloqueio em Diamantino.

A PRF também informa que os 30 pontos de manifestação em Mato Grosso ainda não se desmobilizaram  porque há manifestantes impedindo e insistindo em manter a greve.

No Distrito Industrial, vídeo mostra manifestantes anunciando que vão impedir a passagem de caminhões com combustíveis.

Locaute

O caminhoneiro Baitaca garante que esta é uma greve de trabalhadores e a tese de que se trata de locaute – ou seja, movimento de interesse patronal – não é verdadeira, embora a Polícia Federal tenha instaurado inquérito para apurar a possibilidade.

O advogado trabalhista Marcos Dantas explica que para comprovar locaute, prática vedada pela lei de greve, é preciso uma escuta telefônica, por exemplo, mostrando que o empresariado conduz as movimentações nas estradas. “Mas não é isso que a gente vê, essa greve aparentemente não tem dono”, comenta o advogado.

(Esta reportagem foi atualizada às 18h após aumento de tensão no Distrito Industrial e início e confronto entre caminhoneiros e Exército)

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