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Pesquisa brasileira encontra primeiro anfíbio com mordida venenosa



Isso aí é matéria-prima para muitos pesadelos. Pesquisadores do Instituto Butantan e da Universidade de Utah (USU), nos Estados Unidos, encontraram a primeira evidência conhecida de glândulas de veneno oral em anfíbios. O estudo que descreve a descoberta foi publicado na iScience e recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O animal em questão, o Siphonops annulatus, também conhecido cecília ou cobra-cega, possui glândulas associadas aos dentes que, quando comprimidas durante a mordida, liberam uma secreção que penetra nos ferimentos causados nas presas.

"Pensamos em anfíbios - rãs, sapos e similares - como basicamente inofensivos", afirma o, professor emérito do Departamento de Biologia da USU, Edmund Brodie. "Sabemos que vários anfíbios armazenam secreções venenosas e desagradáveis na pele para impedir predadores. Mas encontrar pelo menos um pode causar envenenamento pela mordida é extraordinário", completa.

As cobras-cegas vivem em ambientes subterrâneos, e comem minhocas, larvas de insetos, pequenos anfíbios, serpentes e filhotes de roedores. “Estávamos analisando as glândulas de muco que o animal tem na pele da cabeça, para abrir caminho debaixo da terra, quando nos deparamos com essas estruturas. Elas se posicionam na base dos dentes e se desenvolvem a partir do mesmo tecido que lhes dá origem, a lâmina dental, assim como ocorre com as glândulas de peçonha das serpentes”, conta Pedro Luiz Mailho-Fontana, coautor do estudo.

Nem cobras, nem vermes, esses animais são parentes dos sapos e das salamandras, e são encontrados em climas tropicais da África, Ásia e Américas. Alguns são aquáticos e outros, como o estudado pelos pesquisadores, vivem em tocas. Em 2018, a equipe relatou que a espécie secretava substâncias venenosas das glândulas da pele nas duas extremidades do corpo.

A partir da cabeça e estendendo-se pelo comprimento do corpo, a criatura emite um lubrificante mucoso que permite mergulhar rapidamente no subsolo para escapar dos predadores. Na cauda, ​as cobras-cegas têm glândulas com uma toxina que atua como uma última linha de defesa, bloqueando o túnel contra predadores.

Fonte: olhardigital
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