MPE é destaque nacional com aulas de combate à corrupção em escolas públicas
Um projeto do Ministério Público de Mato Grosso (MPE) de combate à corrupção com estudantes de escolas públicas ganhou projeção nacional ao ser lembrando pela senadora Aná Amélia (PP-RS), durante audiência da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal em alusão ao Dia Internacional contra a Corrupção.
“As crianças, que têm uma facilidade muito grande de aprender, já entenderam que até a fila da merenda escolar, até bater num colega ou praticar bullying, tudo isso é uma forma de desrespeitar uma lei. E quando você entende esses princípios, você sabe também que não pode roubar a borracha, não pode colar do colega, porque tudo isso é uma forma de apropriação indébita do que é alheio. Então, a criança já começa a aprender desde cedo esses princípios e será capaz também de dizer para o pai ou para mãe: não faça isso porque isso está errado, isso é corrupção”, ressaltou a senadora ao falar do projeto “Onde há educação, a corrupção não tem vez”, em dezembro de 2018.
Depois do pronunciamento da parlamentar, a iniciativa, até então pouco conhecida, ganhou destaque e muitos Ministérios Públicos entraram em contato com MPE de Mato Grosso querendo implantar o projeto nas escolas de seus respectivos estados.
Na verdade, em Mato Grosso, o projeto já funciona desde 2014 e começou com as crianças de adolescentes das escolas públicas do município de Porto Alegre do Norte.
Promotora de justiça Luciana Freitas, idealizadora do projeto.
A idealizadora da iniciativa, a promotora de justiça Luciana Freitas, explica que o projeto foi aceito de imediato pela comunidade escolar, que contou com a participação integral dos moradores de Porto Alegre do Norte, “o que me encorajou a replicar nas demais cidades que atuei”.
Segundo Luciana, o foco é a “prevenção primaria à corrupção”.
“Trabalhamos com crianças e adolescentes de escolas públicas, e propomos uma competição entre elas. São realizadas etapas (provas) de redação, artes (teatro, músicas, etc) e oratória, apresentadas ao público. Durante a execução do projeto, são realizadas palestras com alunos, professores, familiares, pois o objetivo é atingir toda comunidade escolar de forma integral. Ao final, a melhor escola ganha um prêmio, assim como os alunos participantes da equipe vencedora e o educador. Também tenho como importantíssimo, o compromisso que firmamos com as Secretarias de Educação para a difusão da temática durante o ano letivo”, ressaltou a promotora.
O “Onde há educação, a corrupção não tem vez”, além de Porto Alegre do Norte, já ocorreu nas cidades de Comodoro, Cuiabá, Várzea Grande, Diamantino, Alto Paraguai e em Alta Floresta.
“Muitos MPs já pediram os materiais utilizados, entraram em contato comigo, com a ideia de replicar. Além disso, é importante destacar a atuação do Ministério Público nesta área, pois outros importantes projetos de prevenção à corrupção também são realizados pelo órgão”, enfatizou.
Luciana destaca que teve a ideia porque acredita na transformação social através da educação.
Alunos colocam em prática, por meio de apresentações teatrais, o que aprendem em sala de aula sobre o tema corrupção
“Depois de atuar em diversos casos de corrupção, improbidade, percebi que a prática da é uma decisão ética, independe de classe social, da oportunidade (a oportunidade revela o ladrão, não o faz), e, portanto, o melhor é investir em educação”, avalia.
Recentemente o projeto foi ganhou o prêmio nacional “selo íntegro”, concedido pelo Conselho Nacional do Ministério Público, em pareceria com a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
A inciativa ficou classificada entre as melhores do país, dentro do programa de metas do Ministério Público brasileiro para o fortalecimento da instituição na construção de uma sociedade brasileira mais cidadã e justa.
“Considero de extrema importância um projeto de prevenção à corrupção receber destaque no âmbito do Poder Legislativo e na seara empresarial, pois todos fazemos parte da mesma sociedade”, destacou a promotora.
O próximo passo, segundo Luciana, é implementar o projeto nas escolas particulares de Mato Grosso. “Além disso, preparamos um ciclo de capacitação para os educadores. Mas tem mais por vir! Para isso, precisamos de parceiros da sociedade civil e da comunidade como um todo”, ressaltou.
Saiba mais do projeto AQUI.