O Messias que o povo esperava
Renato de Paiva Pereira:
Preocupa o perfil bronco do provável presidente com suas tiradas grosseiras e atitudes beligerantes
Tudo indica que a fatura eleitoral está liquidada com a provável eleição do candidato Jair Messias Bolsonaro derrotando o nefasto PT, que com o Lula e a Dilma, quebrou o país. A não ser que haja um fato novo e extraordinário que possa alterar os rumos indicados nas pesquisas, a partir de 2019 a direita assume o poder no Brasil.
E tem mais, a relação de forças no Congresso Nacional está profundamente alterada, com os sindicatos apoiados pelo Partido dos Trabalhadores perdendo representatividade. Eles que tinham 84 parlamentares em 2010 passaram para 51 em 2014 e têm 33 eleitos em 2018. O PSL do Bolsonaro ficou com 52 vagas, atrás apenas do PT com 53 legisladores.
Mas nem tudo é festa. Preocupa o perfil bronco do provável presidente com suas tiradas grosseiras e atitudes beligerantes, parecendo muito mais um sargento mandão no comando da tropa que um quase Presidente da República que precisa cuidar da liturgia do cargo.
Causa também apreensão sua manifesta tendência de estimular a adoração do povo, neste caso muito parecido com o detento que está derrotando. Esta história de criar ídolos políticos costuma ser muito boa no começo, mas quase sempre não termina bem. Talvez tenha sido mesmo a intemperança do candidato que o fez herói da massa, porque a serenidade não desperta paixões e o comedimento cria respeito, mas não produz deidades.
A julgar pelos gritos de “mito” e “bolsomito” com que o candidato é recebido nos aeroportos, pela paixão manifesta do povo pelo líder que está preso e pela forma com que os súditos brigam por eles, vê-se que o povo sempre está esperando um messias que, por fim, o livrará de todos os sofrimentos. O Jair Messias Bolsonaro, a julgar pelo sobrenome, é esse enviado dos céus.
Há uma ação, entretanto, que pode minimizar um pouco o risco de caminharmos para a extrema-direita e para discursos de hostilidade. O segredo está na escolha dos ministros que comporão o primeiro escalão e têm o poder de dar peso e austeridade ao governo. Os três indicados até agora – Paulo Guedes na Economia/Planejamento, General Heleno na Defesa e Onix Lorenzoni na Casa Civil – parecem ter equilíbrio e competência para as áreas que ocuparão.
É importante evitar falastrões e concentrar na busca de homens/mulheres serenos e experientes que vão contrapor ao perfil xucro e meio boquirroto do provável presidente.
A custo estamos enterrando um ídolo, que por quase quatro mandatos presidenciais mandou no país e que mesmo com as trapalhadas que fez continua tendo a adoração de muitos. Não é, pois, hora de criar outro para colocar no oratório que está ficando vazio.
Parece-me que o candidato ideal para o Brasil, neste momento, não é o Bolsonaro, mas como caiu na graça do povo ele será capaz de derrotar o Lula e o Partido dos Trabalhadores, o que é um grande presente para o país.
Oh glória! Parece que sensibilizado com o slogan “Deus acima de tudo” Ele enviou à terra, para alegria do povo que andava muito sofrido, o desejado “Messias” Jair Bolsonaro!
RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor