MANDATO MALDITO: Todos os meses, desde a posse, administro faltando dinheiro
Governador Pedro Taques cita economista que abordou "era da incerteza"; ele declara guerra aos sonegadores
“O momento que os governadores vivem é de crise. É de você querer fazer, mas não poder fazer. E isso é muito difícil. Nunca administrei, em três anos, com sobra de dinheiro. Todo o mês, falta dinheiro. Desde a minha posse...”, afirmou o governador Pedro Taques (PSDB).
A declaração foi dada na noite da última quinta-feira (19), durante solenidade de posse da procuradora-geral do Estado, Gabriela Novis Neves, e do secretário de Estado de Fazenda, Rogério Gallo.
Taques fez uma análise da conjuntura política e econômica e de crises locais que atingem praticamente todos os Estados brasileiros.
Na verdade, ele fez referência a um artigo de Raul Veloso - publicado em vários veículos -, em que o economista afirma que os governadores, atualmente, enfrentam um “mandato maldito”.
"A estratégia anunciada pelo descontraído ministro Carlos Marun, de pressionar governadores a se perfilarem com o Planalto no Congresso, em troca de facilidades para a liberação de financiamentos da Caixa, foi apenas o sinal mais evidente da humilhação", diz Veloso.
Segundo Taques, isso ocorre porque o Brasil atravessa uma crise moral, ética, política e econômica, que praticamente inviabiliza uma boa gestão.
Na oportunidade, Taques disse que esse cenário de crise o leva a administrar o Estado "fazendo escolhas".
“Você tem que fazer escolhas difíceis, como entre hospital e Apae. É muito difícil isso. Esse artigo do professor Raul Veloso mostra que a crise fiscal a que chegamos hoje, se ela não se resolver, os estados todos terão uma queda na qualidade das politicas públicas”, disse.
O governador afirmou que espera uma situação mais favorável ao longo de 2018. E disse que, apesar das dificuldades, não seguirá o mesmo caminho dos administradores de outros 16 estados brasileiros, que elevaram impostos ao longo do ano passado.
“Nós chegamos até aqui sem aumentar impostos, não aumentaremos impostos. Combatemos a despesa, diminuímos a despesa, combatemos a corrupção através do Cira e combatemos sonegadores. Isso que vamos fazer, respeitando direitos do cidadão”, afirmou.
Guerra à sonegação
Pedro Taques aproveitou a posse do novo titular da Sefaz para dizer que o Estado não irá “tolerar sonegadores de impostos”.
“Na Fazenda, o secretário Rogério Gallo tem alguns objetivos, pois precisamos arrecadar. Mas não é arrecadar a qualquer custo, é arrecadar respeitando direitos fundamentais; é arrecadar respeitando a Constituição, que diz que vivemos em um estado em que ser empresário não é crime”, disse.
“O Gallo vem imbuído também deste princípio. Agora, nós não toleramos sonegadores. Os sonegadores retiram o ar-condicionado da escola, retiram a gasolina da viatura policial... Os sonegadores não terão vida fácil. Não queremos atropelar direitos, mas faremos o que a lei determina”, completou o governador.