Grileiros são atingidos nas costas; Seguranças de Riva alegam emboscada
Uma pessoa morreu e nove ficaram feridas na manhã deste sábado (05), em disputa de terras envolvendo a fazenda do ex-deputado José Riva
Um dos representantes da Associação Gleba União, Derisvaldo de Sá, afirma que agricultores foram baleados nas costas por seguranças da Fazenda Agropecuária Bauru (Magali), do ex-deputado José Riva.
O conflito aconteceu na zona rural de Colniza (1.065 km ao Norte de Cuiabá) por volta das 6h30 deste sábado (05) e resultou na morte de Eliseu Queres e deixou mais nove pessoas feridas.
Ao , Derisvaldo negou as informações da assessoria do ex-deputado de que os seguranças da fazenda foram alvos de uma emboscada de supostos trabalhadores do Movimento Sem Terra (MST), que teriam atirado contra os profissionais (veja a nota na íntegra).
Segundo a versão de Derisvaldo, os agricultores bebiam água em um rio da região quando foram surpreendidos pelos seguranças, “que chegaram atirando”.
“Nós estávamos em 150 pessoas e eles em cinco. Nossa turma estava tão armada que eles chegaram e balearam 10, feriram nove e mataram um, e nenhum deles foi atingido. A prova que não tínhamos armas está aí”, disse o trabalhador rural. “A troca de tiros foi tanta que o povo nosso está atingido nas costas. Como é que se troca tiro e leva bala nas costas?”, completou.
Segundo o agricultor, as famílias montaram um acampamento à beira da estrada que fica a 5 quilômetros da fazenda de Riva, e que a medida foi tomada por conta da decisão da juíza Adriana Sant'anna Coningham, da Segunda Vara Cível Especializada em Direito Agrário, que determinou a saída dos trabalhadores da área.
O Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso também afirmou, por meio de nota, que a Polícia Militar se negou a ir no local do conflito e “sequer deixou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) ir buscar as vítimas da tragédia“. Confira a nota na íntegra AQUI.
Em nota, a Polícia Militar informou que mandou grupamentos especiais para reforçar a segurança no local. Ainda de acordo com a PM, “toda e qualquer denúncia será devidamente apurada por meio de instrumento legal competente”. O reforço inclui duas viaturas e duas equipes do Batalhão de Ronda Ostensiva Tático Metropolitana (Rotam).
De acordo com informações iniciais da Polícia Civil o conflito foi entre seguranças da fazenda e supostos membros do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) que tentaram invadir o local.
Tragédia anunciada
Em setembro de 2018, o Ministério Público Estadual (MPE), por meio da Promotoria de Justiça de Colniza, oficiou o Governo do Estado sobre risco de conflito armado por disputas de terras na região. Na oportunidade um grupo de aproximadamente 200 pessoas havia ocupado a fazenda, que possui 46 mil alqueires.
Diante da situação, o MPE comunicou as autoridades competentes reiterando providências.
“Não há dúvida de que a ausência de intervenção imediata do Estado pode ocasionar a morte de dezenas de pessoas”, afirmou à época o promotor de Justiça de Colniza em ofício encaminhado ao governador do Estado, com cópia integral da Notícia de Fato, solicitando adoção de providências para impedir o conflito armado.
De acordo com o MPE, a Fazenda Agropecuária Bauru (Magali) vem sofrendo invasões desde o ano 2000 e, após a reintegração de posse ocorrida em 2017.