“Não me filiei ao Bolsonaro e sim ao PSL”, diz juíza aposentada
A juíza aposentada Selma Arruda assinou sua ficha de filiação ao PSL durante uma coletiva de imprensa realizada na tarde desta quinta-feira (5), em Cuiabá.
A ex-magistrada, que passa a trabalhar uma pré-candidatura ao Senado a partir da próxima semana, explicou os motivos que a levaram a ingressar no partido liderado pelo deputado federal e candidato à presidente da República, Jair Bolsonaro.
De antemão, Selma afirmou que não concorda com todos os posicionamentos defendidos pelo presidenciável, que já foi acusado, entre outros pontos, de ser machista e homofóbico.
“Não me filiei ao Bolsonaro e sim ao PSL. Minhas ideias são minhas e vou sustentá-las. Se não forem as mesmas que a do presidente da República, paciência... Estamos em uma democracia”, disse Selma Arruda.
Selma também afirmou que optou por se filiar ao PSL porque procurava uma sigla sem histórico de atos relativos à corrupção.
“Tenho respeito por vários outros partidos, muitos dos quais pretendo caminhar junto. Vejo que o PSL é um partido que prega o liberalismo econômico, que é aquilo que coaduna com o combate à corrupção”, afirmou ela.
“Quando você fala em liberalismo econômico, você pensa em um estado enxuto, com necessidades básicas da sociedade geridas pela própria sociedade. Isso enxuga o Estado e diminui, no meu ponto de vista, a possibilidade da ocorrência da corrupção. Quanto maior o Estado, mais bagunçado, mais corrupto”, acrescentou.
Ainda conforme Selma, o PSL é um partido que prega valores como o estado democrático de direito aplicado “em sua plenitude”.
Ela citou o “conservadorismo” da sigla com relação aos valores familiares, éticos e morais com os quais ela concorda.
“Assédio de partidos”
Selma Arruda confessou, inclusive, que chegou a receber convites de filiação dos ex-secretários de Estado de Educação e da Casa Civil, Marco Marrafon (PPS) e Max Russi (PSB), respectivamente, mas que os recusou por diferenças ideológicas.
Selma negou que o mesmo tenha sido feito pelo governador Pedro Taques (PSDB).
“Ele não me fez nenhum convite. Eu recebi um convite do Marrafon, do Russi e não aceitei porque as ideologias daqueles partidos não combinavam comigo”, afirmou.
Candidatura ao Senado
Apesar de manifestar sua vontade em concorrer ao Senado, Selma não descartou a possibilidade de disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa.
Ela descartou qualquer hipótese de concorrer ao Governo do Estado, tampouco sair candidata a vice-governadora em uma eventual chapa encabeçada por Taques ou qualquer outro candidato.
“A forma que me vejo atuando é na legislação. Porque eu trabalhei a minha vida inteira com lei e é com isso que sei mexer”.
“Eu não tenho pretensão de ser governadora, já adianto isso para todo mundo. Tenho dito e redito: eu não tenho experiência administrativa. O que eu tenho, se serve, é uma pós-graduação em direito administrativo, mas acho que não serve, né?”, brinca.
Selma Arruda junto ao deputado federal Vitório Galli, aliados no PSL
Ao falar sobre sua entrada na política, Selma Arruda revelou uma sensação de impotência em relação ao trabalho desenvolvido na Magistratura.
“Estou na Magistratura de Mato Grosso há 22 anos, com muito orgulho. Amei a toga e pretendo honrá-la até o último dia da minha vida”, disse.
“Só tive a certeza que devia e que podia fazer alguma coisa, quando proferi uma sentença, da Operação Sodoma 1, com mais de 400 laudas. Um livro. Nessa sentença, percebi que não houve resultado prático nenhum. Não consegui - agindo da forma como a lei determina - aplicar a justiça como eu achava que deveria ser feito. As imposições da lei me obrigavam, me amarravam naquilo ali”, desabafou, referindo-se a operação na qual ela condenou o ex-governador Silval Barbosa e mais cinco pessoas por crimes relativos à corrupção.
O grupo teria lucrado R$ 2,6 milhões, entre 2013 e 2014.
Selma disse que, tão somente, reclamar do sistema judicial no país não é suficiente.
“Aproveitei que estava recebendo convites, que estava tendo a oportunidade de optar por uma carreira que me permitisse ir a frente, para de reclamar e fazer alguma coisa. Foi um cavalo encilhado que passou em minha frente e pensei: ‘ou você sobe, aceita ou desafio ou então se aposenta e vai fazer nada, vai viajar’. Resolvi entrar na carreira política”, disse.
“O que me levou exatamente a essa carreira política é a oportunidade de fazer alguma coisa e a sensação de que aquilo que eu estava fazendo não tinha o efeito social pratico”.