Valtenir cobra "dízimo" em atraso para liberar dissidentes do PSB
O presidente regional do PSB, deputado federal Valtenir Pereira, condicionou a liberação do grupo do ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes para se filiar a outra sigla ao pagamento de uma dívida do chamado dízimo partidário.
Segundo ele, o valor chega a R$ 230 mil e corresponde a 10% do salário bruto dos deputados estaduais Eduardo Botelho, Adriano Silva, Mauro Savi, Oscar Bezerra e Max Russi (atual chefe da Casa Civil).
“Essa é uma obrigação que eles têm com o partido. Qualquer pessoa que for se filiar tem que olhar o estatuto do partido. No PSB, o artigo 64 diz que as contribuições são obrigatórias para quem ocupar cargo eletivo, tendo que contribuir com 10% do seu rendimento bruto ao partido. Na hora que eles quitarem essa dívida, a gente dá a liberação”, disse o secretário-geral do partido, Milton Simplício.
De acordo com Simplício, os valores serão usados para quitar uma dívida que teria sido deixada pela gestão do deputado federal Fábio Garcia. O dirigente disse que o parlamentar deixou mais de R$ 200 mil em dívidas de encargos sociais.
Botelho: "Estamos negociando isso com o Valtenir, então, talvez, ele me libere no início do ano. Mas ele quer que os deputados paguem a dívida"
Caso os valores não sejam pagos até março de 2018, quando abrir a janela partidária e o grupo ficar livre para trocar de sigla sem perder o mandato, Simplício afirmou que Valtenir irá acionar a Justiça.
“Em março vai ter a janela, que é por lei, e eles poderão mudar de partido. Mas não é porque vão mudar de partido que ficarão isentos dessa dívida. Vamos acioná-los na Justiça, porque têm a obrigação de pagar. Está no estatuto”, afirmou.
O deputado Eduardo Botelho disse que pagou o dízimo até o mês de junho, antes de Valtenir assumir o comando do partido.
“Estamos negociando isso com o Valtenir. Então, talvez, ele me libere no início do ano. Mas ele quer que os deputados paguem a dívida. Inclusive o Mauro. O meu é pouco, porque eu vinha pagando e só parei de pagar quando Valtenir entrou. Então, dá pouco”, explicou.
Já outros parlamentares se recusam a repassar os valores. Mauro Savi, por exemplo, garantiu que o dízimo não é obrigatório e que não irá pagar. Ele chamou a proposta de Valtenir de “absurda”.
“Eu acho um absurdo isso: condicionar uma questão dessas. É opcional. Em todos os partidos de que participei era opcional. Não existia essa prática quando o presidente era o Fábio. Valtenir entrou agora, nos tomou o partido há quase quatro meses e quer falar em cobrança. Ele que vá para a Justiça. Vá onde ele tomou o partido e me toma o dinheiro”, ironizou.