Carga de R$ 2 mi de celulares roubados em Brasília seguiria para MT
A Polícia Civil desarticulou neste sábado (9) uma organização criminosa que atuava dentro do Aeroporto de Brasília para roubar smartphones durante o trânsito de cargas entre os aviões e revender os aparelhos na Feira dos Importados. O prejuízo estimado pela polícia supera R$ 2 milhões. Quatro homens foram presos suspeitos de integrar o esquema.
Um dos criminosos é funcionário da Latam. Ele foi preso em flagrante quando tentava levar um carregamento com 400 celulares avaliados em R$ 750 mil. Os aparelhos vinham de Vitória, no Espírito Santo, faziam escala em Brasília e seguiriam para Cuiabá, no Mato Grosso.
A Latam informou ao G1 que "está colaborando com as autoridades policiais desde o início das investigações". A Inframérica, que administra o aeroporto, disse que apoia a operação e que ofereceu "mecanismos de segurança" para dar suporte aos flagrantes.
"Desde que foi observada movimentação atípica em área de carga, a Inframérica trabalhou em conjunto com a Polícia Civil", informou em nota.
Segundo a Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos (DRF), as investigações da Operação Icarus começaram em setembro, quando os criminosos roubaram 600 celulares de última geração. A carga foi avaliada em R$ 1,5 milhão.
O funcionário da banca na Feira dos Importados que comercializava os aparelhos – a maioria sob encomenda dos clientes – também foi preso no sábado. Segundo a polícia, ele vendia os celulares a preços "bem abaixo do mercado para atender a uma clientela cativa".
No comérico, foram apreendidos 222 aparelhos, tablets e outros produtos eletrônicos – todos sem nota fiscal.
Como funcionava?
Imagens das câmeras de segurança do aeroporto obtidas com exclusividade pela TV Globo mostram o funcionário da Latam desviando a caixa com celulares dentro do pátio de transporte de cargas.
Para esconder o roubo, ele coloca o caixote em uma posição estratégica. Puxa outros dois carrinhos de bagagens para próximo da carga, para que ninguém veja a ação, e retira o plástico que envolve a caixa de papelão.
Ele acena para um ajudante, integrante do esquema, que busca a carga em uma kombi branca. Este comparsa é ex-funcionário de uma empresa terceirizada que prestava serviços para o aeroporto.
Segundo a polícia, para entrar no terminal, ele usava crachás falsos e contava com a ajuda de um funcionário de uma emrpesa que presta serviços de alimentação para companhias aéreas, que também foi preso.
O comparsa coloca a carga, de 136 quilos, dentro da kombi e deixa o pátio das aeronaves. Do lado de fora do aeroporto, ele espera pela mulher, que chega em uma caminhonete preta para buscar os celulares. Na troca de veículo, os dois foram presos em flagrante pela polícia.
A mulher foi liberada neste domingo (10) após uma audiência de custódia e, por isso, vai responder ao processo em liberdade. No entanto, a juíza determinou que ela use tornozeleira eletrônica até a decisão da Justiça.
Os criminosos combinavam o esquema por telefone:
Funcionário Latam: – Hoje não deu pra pegar, porque tava cheio de gente lá.
Comparsa: – Não, beleza.
Funcionário Latam: – No sábado, eu vou tentar chegar o mais cedo possível. Umas oito e meia, nove horas.
Comparsa: – Aí sim, tá bom.
Funcionário Latam: –Mas vai dar certo. É bom que faz o negócio com calma e já tira o Natal, logo tudo já...