Professores: Mais de dois terços não têm qualificação em MT
Cerca de 70% dos professores da rede pública de Mato Grosso, e 57% da rede privada, não têm qualificação para estar nas salas de aula.
Em Mato Grosso, o índice de professores do ensino médio da rede estadual com formação adequada para dar aulas na disciplina que lecionam é de apenas 30,3%. Esse percentual sobe para 42,7% quando se trata dos profissionais do setor privado. Dados como estes ficaram evidenciados com os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por escola referentes ao ano de 2014, divulgados na semana passada pelo Ministério da Educação (MEC).
Nos números da qualificação, o Estado fica na 13ª posição, atrás do vizinho Mato Grosso do Sul (MS). No país, tanto nas escolas estaduais quanto nos particulares que tiveram suas médias no exame divulgadas pelo Ministério da Educação (MEC) chega a 40% o índice de docentes sem formação adequada, conforme informações publicadas pelo “O Globo”, jornal de veiculação nacional.
Os dados divulgados pelo MEC mostram que o total de professores com formação adequada no ensino médio na rede pública é de 60,02%, na privada o índice é pouco maior: 61,28%. Essa formação específica (ou falta dela) tem uma clara ligação com o desempenho dos alunos no Enem. Das 10 primeiras escolas da capital que obtiveram a melhor colocação no exame, oito são particulares e duas são institutos federais. Nenhuma escola pública de Mato Grosso está entre as 5.000 melhores do Brasil.
O secretário-adjunto de Políticas Educacionais da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Gilberto Fraga, reconhece o problema, mas garante que a gestão atual trabalha para mudar o quadro, que tem um cenário mais negativo especialmente nas unidades localizadas em comunidades rurais e indígenas.
Como uma das causas para o resultado negativo, Fraga aponta a ausência de profissionais habilitados em áreas ou disciplinas, como matemática, física, química e biologia, além da falta de busca pela melhorar a formação.
Para avançar, conforme Fraga, uma das estratégias que vem sendo implantada é o “EduComunicação”, que consiste no emprego das novas tecnologias como ferramentas pedagógicas de uso continuado e melhoria da educação. Projeto piloto já vem sendo desenvolvido em duas unidades de Jangada e Acorizal, mas está sendo estendido para outros colégiosna capital, Jaciara e Distrito de Mimoso (Santo Antonio de Leverger).
“Também estamos com um grupo de estudo para identificação das necessidades e fazendo discussão com professores com vista à elaboração de uma política de formação continuada”, afiançou. Fraga compara ainda a média obtida pelas unidades públicas com as das privadas. “No ranking, as escolas de Mato Grosso obtiveram 475 pontos e, as privadas, 537. A diferença é de cerca de 60 pontos”, ponderou.
Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores (Sintep/MT), Henrique Lopes, critica a inexistência de uma política de formação e afirma que um dos motivos para a falta de profissionais com formação específica se deve à não realização de concurso público. “Em Mato Grosso, há 20 mil profissionais e, segundo levantamento de 2013, mais de 11 mil são contratados, onde está o maior índice de docentes não habilitados. Eles têm nível superior, mas na área pedagógica, e estão dando aula de química, física, matemática e biologia”, informou.
CÍRCULO VICIOSO – Ao Globo, a diretora-executiva do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, reforçou que a qualificação dos professores é determinante para os resultados desses estudantes. Afinal, “não há como ter uma educação superior à qualidade dos professores que atuam nas salas de aula”.
O entendimento da diretora é que as consequências desse tipo de desvio na atuação dos profissionais são mais graves quando não há diálogo entre a área de formação do professor e a disciplina que ele ministra. “É o caso de um profissional de Humanas que atue em Exatas”, aponta.
Fonte: JOANICE DE DEUS – DIÁRIO DE CUIABÁ