Mestre em sociologia fala sobres os desafios da baixada cuiana
O desenvolvimnto de qualquer região não é um processo simples e fácil, demanda uma avaliação correta da mesma em seus aspctos demográfico, ocupação do solo, sistema produtivo, organização e estrutura social, cultura e tradicões e, também, da organização e ação do poder público, tanto local, quanto estadual e nacional, que atuam na região, tudo isto através de uma visão histórica: passado, presente e futuro.
Somente então é possível estabelecer os parâmetros que irão nortear a construção de um plano estratégico de desenvolvimento, que contemple as peculiaridades de cada município, e, ao mesmo tempo, possibilite a integração de políticas púbicas e das ações dos atores não governamentais, ai incluidos os empresários, os trabalhadores, as organizações culturais, educacionais e religiosas e a população de uma maneira geral.
Esses são os atores que devem participar deste processo desde o diagnóstico até a elaboração do plano regional de desenvolvimento integrado participativo e sustentável, evitando a imposição de soluções acabadas sem a paticipação da população, que é, afinal, a construtora do progresso e que deve ser também a contemplada com os frutos do desenvolvimento.
Historicamente o prrocesso de desenvolvimento brasileiro tem proporcionado uma grande concentração populacional, econômica e social nas capitais e regiões metropolitanas e, fora dessas em cidades polos. Os resultados são a exclusão social e econômica tanto dos pequenos municípios, quanto de sua população e também dos municípios periféricos integrantes das regiões metropolitanas.
Esta realidade pode ser vista, observada e constatada em todas as regiões metropolitanas e seu entorno imediato, incluindo a menor dessas que é a Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá e do chamado “colar” metropolitano, compreendido pelos demais municípios.
A Baixada cuiabana, que tem em Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso, seu polo central, destaca-se dos demais por ser o núcleo de ocupação mais antiga da região e um dos mais antigos locais de ocupação do Brasil Central; dentro de quatro anos Cuiabá estará completando 300 anos.
Por ser a capital do Estado, Cuiabá concentra os serviços administrativos e as instituições que conformam o poder público estadual, incluindo, os poderes executivo, legislativo e judiciário e também as representações de todos os poderes da união.
Além disso também em Cuiabá estão concentradas todas as insttuições de representação dos setores produtivos, instituições educacionais, de saúde, de segurança pública, serviços bancários e outras mais. Esta concentração atrai pessoas e negócios de toda ordem, gerando um dinamismo econômico, social e politico que confere a Cuiabá tanto os benefícios quanto as consequências negativas deste processo.
A Baixada Cuiabana apesar de representar apenas 8,9% da área do Estado concentra 30,3% da população total, 35% da população urbana e apenas 13,% da população rural. Concentra também 25,1% do PIB estadual, apesar do crescimento e representatividade de alguns municípios polos inseridos no contexto da produção do agronegócio em outras regiões.
Todavia, este dinamismo econômico e social principalmente de Cuiabá, secundado bem distante por Várrzea Grande, não é experimentado em toda a região. Diversos municípios da Baixada cuiabana como Nossa Senhora do Livramento, que integra a Região Metropolitana, Rosário Oeste, Acorizal, Planalto da Serra, Nova Brasilândia e Barão de Melgaço estão perdendo poulação e dinamismo econômico, acarretando falta de perspectivas de desenvlvimento, a não ser através de um plano estratégico de desenvolvimento integrado participativo e sustentável, com horizonte de longo prazo, além das ações imediatas seja dos governos federal, estadual e também dos municípios.
Essas e outras localidades na Baixada Cuiabana estão se transformando em municípios dormitórios, sem futuro, principalmente para a população mais jovem, que se ve privada de oportunidades em seus locais de moradia.
Tendo em vista que no próximo ano serão realizadas eleições municipais, talvez este seja o momento mais apropriado para que esta discussão seja incluinda na agenda política e institucional. Em boa hora a Assembléia Legislativa constituiu uma Frente Parlamentar em prol do desenvolvimento da Baixada Cuiabana, tendo o assessoramento direto de uma equipe de técnicos de alto gabarito e comprometidos com o resgate de uma das regiões mais importantes na história de nosso Estado.
Voltarei a este tema oportunamente com alguns dados e sugestões para que este assunto possa ser aprofundado e possa até ser um modelo de planejamento para outras regiões do Estado.
Juacy da Silva, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
professor.juacy@yahoo.com.br
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