Vacina de Oxford tem teste paralisado após suspeita de evento adverso 'sério'
A vacina em fase mais avançada de testes contra a Covid-19, desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, encontrou um obstáculo. A pesquisa foi temporariamente paralisada devido à suspeita de um efeito colateral considerado 'sério' durante estudos clínicos de fase 3 no Reino Unido.
Segundo o site Stat News, a AstraZeneca confirma a paralisação, que ainda não tem um prazo para ter um fim. De acordo com a empresa, "um processo de análise padrão causou uma pauta na vacinação para permitir a avaliação dos dados de segurança". O representante da farmacêutica também cita que essa é uma "ação rotineira que precisa acontecer sempre que há uma doença inexplicada potencial em algum dos testes enquanto há a investigação, para garantir a integridade dos experimentos".
A empresa não explica qual evento suspeito foi esse que levou a interrupção dos testes, mas ao que tudo indica a paralisação foi uma decisão dos próprios pesquisadores, e não de uma agência regulatória.
Duas pessoas consultadas pela publicação trouxeram algumas explicações adicionais sob condição de anonimato. A primeira menciona que a decisão foi uma "abundância de cuidado", uma medida mais de precaução do que uma preocupação real. A outra aponta que essa interrupção deve impactar os ensaios clínicos em outros centros, já que a vacina está em testes em vários países, incluindo o Brasil.
Outros centros de pesquisa devem usar esse tempo para revisar dados de eventos adversos para encontrar outros ocorrência similares, com o acompanhamento do Quadro de Monitoramento de Dados e Segurança.
Ainda que o evento analisado não seja suficiente para fazer os pesquisadores recomeçarem o trabalho do zero, a paralisação deve atrasar os estudos e a disponibilização dos dados preliminares. Os Estados Unidos têm falado em aprovação emergencial da vacina de Oxford, e essa interrupção tende a afetar a velocidade com que os dados de segurança e eficácia podem estar disponíveis.
Vale notar que, pelos estudos de fase 1 e 2 publicados em julho, a vacina de Oxford está longe de ser livre de efeitos colaterais. Com mais de 1.000 participantes, a pesquisa notou que cerca de 60% das pessoas experimentaram algum tipo de evento adverso, mas a nenhum deles grave ou duradouro e em grande parte amenizados com paracetamol, como febre baixa e dores de cabeça.
A potencial descoberta de um efeito colateral mais grave que torne essa fórmula inviável seria uma péssima notícia, já que a vacina é uma das que tem mais acordos de distribuição pelo mundo, inclusive com o fundo Covax que distribuiria doses para economias menos abundantes. O Brasil já tem 100 milhões de doses previstas para entrega até o começo de 2021, com 30 milhões delas já garantidas com risco, mesmo que a pesquisa não funcione.
Fonte: olhardigital