30 empresários, conselheiros do TCE e políticos são alvos da Malebolge. Veja lista
Na última quinta (14), 30 pessoas foram alvos da Operação Malebolge (12ª fase da Ararath), deflagrada pela Polícia Federal. Entre os que sofreram mandados de busca e apreensão estão políticos, ex-agentes públicos, empresários e conselheiros do Tribunal de Contas (TCE).
Para que as diligências ocorressem, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, deferiu 15 decisões com objetos distintos, mas que estão contidas nas delações premiadas do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), do irmão Antonio Barbosa, o Toninho, do filho Rodrigo Barbosa e do ex-chefe de gabinete Silvio Correa. Inclusive, em algumas delas, Fux quebra o sigilo.
Diante disso, foram autorizadas 64 buscas e apreensões contra essas 30 pessoas, que estão sendo investigadas em várias frentes. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), por exemplo, teve três endereços vasculhados pela PF. O progressista é suspeito de tentar obstruir a Justiça.
Blairo é acusado ainda por Silval de pagar “mensalinho” a deputados estaduais em troca de apoio na Assembleia e de despender R$ 3 milhões para o ex-secretário de Estado Eder Moraes para que mudasse seu depoimento à Justiça. A informação consta na delação do peemedebista, homologada por Fux.
Já o deputado estadual Ondanir Bortolini, o Nininho (PSD), também foi alvo de buscas e apreensões em três endereços comerciais e três residenciais. Pesa contra o parlamentar a acusação de compra da concessão da rodovia MT-130, que viabilizaria a cobrança de pedágios. Além do social-democrata, o suposto esquema envolve os empresários Jurandir da Silva Vieira e Eloi Bruneta.
Além de Nininho, mais sete deputados estaduais tiveram seus gabinetes invadidos por agentes da PF, sendo eles Baiano Filho (PSDB), Zé Domingos Fraga (PSD), Romoaldo Júnior (PMDB), Wagner Ramos (PSD), Oscar Bezerra (PSB), Gilmar Fabris (PSD) e Silvano Amaral (PMDB).
Baiano, Zé Domingos e Fabris foram gravados no gabinete de Silvio Corrêa recebendo e/ou cobrando pagamento do suposto mensalinho para garantir apoio na Assembleia.
Já Wagner aparece em gravações de vídeo e áudio supostamente negociando pagamentos indevidos para aprovar as contas de 2014 do ex-governador. O parlamentar também é citado por receber mensalinho. Silvano, por sua vez, que aparece no apenso da delação, teria cobrado R$ 200 mil para aprovar as contas.
Em relação a Oscar, existe a acusação de ter cobrado propina de até R$ 15 milhões para livrar Silval do indiciamento na CPI das Obras da Copa que presidiu. O socialista é marido da prefeita de Juara Luciane Bezerra (PSB), filmada recebendo dinheiro do suposto mensalinho no período em que era deputada estadual.
Contra Romoaldo existem diversas acusações. O peemedebista teria se beneficiado do suposto mensalinho, recebido propina de obras para bancar campanhas eleitorais e intermediado a negociata para aprovação das contas de Silval, o que foi gravado pelo filho e pelo irmão do ex-governador - Rodrigo e Toninho Barbosa - que também são delatores.
No âmbito do TCE, os cinco conselheiros foram afastados sob acusação de indícios de prática criminosa, crime contra a administração pública e à ordem tributária, e lavagem de dinheiro. As medidas recaem sobre José Carlos Novelli, Waldir Teis, Antônio Joaquim, Valter Albano e Sérgio Ricardo de Almeida, que já estava afastado do cargo sob acusação de compra de vaga do Tribunal.
Vários inquéritos que foram juntados na operação são desdobramentos da Ararath, que investiga desvio de dinheiro público. Os fatos narrados por delatores, principalmente no que tange a questão financeira, corroboram com os depoimentos do empresário Junior Mendonça, primeiro a firmar acordo de colaboração premiada para desvendar o esquema de corrupção em Mato Grosso.
Na delação de Silval, o ex-governador conta em 57 eventos de corrupção, muitos deles ainda em análise pela Procuradoria Geral da República se possuem provas concretas para solicitar diligências, como abertura de inquérito e mandatos de busca e apreensão.
Até agora, já foi aberto inquérito contra Blairo, no qual é citado como líder do esquema de corrupção que se instalou no Executivo estadual entre 2006 e 2015. Além desse, STF determinou abertura de inquérito no caso do mensalinho aos deputados, aprovação das contas de Silval, em relação obstrução à Justiça, supostamente praticado por Blairo e Cidinho Santos (PR), dos R$ 53 milhões do TCE e venda de cadeira do TCE a Sérgio Ricardo. Outras investigações seguem em sigilo, por isso, não há número certo de inquéritos, mas que podem vir à tona com o andamento das apurações.