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Ex-esposa de Taques é acusada de intimidar escrivão de inquérito dos grampos

0b384861502a5a5d150ebcf52778046eA ex-primeira-dama do Estado e advogada Samira Martins, que foi casada com o governador Pedro Taques (PSDB), foi alvo de pedidos de mandados de busca e apreensão e condução coercitiva por parte da delegada Ana Cristina Feldner, que investiga o esquema de interceptações telefônicas ilegais ocorridas no alto escalão do governo.

Mas o desembargador do Tribunal de Justiça Orlando Perri indeferiu as representações por entender que não há, até o atual estágio das apurações, “indícios suficientes de autoria” em relação à ex-primeira-dama, que é amiga da personal trainer Helen Christy Carvalho Dias Lesco, esposa do coronel da Polícia Militar e ex-secretário chefe da Casa Militar, Evandro Lesco, ambos presos na operação “Esdras”, deflagrada na manhã desta quarta-feira (27).

Samira chegou ao Fórum de Cuiabá por volta das 12h e ao ser abordada pela equipe do Gazeta Digital, disse que não tinha lido o processo ainda. Destacou que estava no Fórum para fazer a defesa do secretário afastado da Sesp, Rogers Jarbas, um dos presos nesta quarta-feira. Por enquanto, Samira disse que não vai comentar o caso, tanto em relação ao seu cliente quanto ao fato de seu nome constar nas investigações.

No decreto assinado na terça-feira (26), em que determina a operação Esdras, Orlando Perri aponta qual teria sido a participação de Samira Martins no esquemas de grampos ilegais.

Conforme depoimento prestado pelo tenente-coronel José Henrique Costa Soares à delegada Ana Cristina Feldner, a advogada o abordou depois que ele se tornou escrivão do inquérito policial militar (IPM) instaurado na Corregedoria da PM para apurar crimes cometidos por militares envolvidos nas escutas criminosas. Na ocasião, Samira teria dito ao militar: “você é amigo do LESCO, né? A gente sabe o que você fez”.

A parte de saber o que ele fez, segundo o tenente-coronel, se refere ao fato dele ser usuário de drogas e de uma situação irregular em uma empresa na qual ele é sócio, informações que eram do conhecimento do ex-secretário chefe da Casa Civil e advogado Paulo Taques, primo do governador Pedro Taques, que prestou serviços advocatícios a Soares, oportunidade em que descobriu coisas sobre a vida dele.

Tais assuntos estariam sendo usados pelo suposto grupo criminoso para intimidar o escrivão desde a primeira semana em que ele foi nomeado escrivão do IPM relativos aos grampos ilegais, conforme consta na decisão de Perri.

Ainda conforme as investigações, em outra ocasião, Samira Martins também acompanhou a amiga Helen Christy Lesco até a casa do tenente-coronel Soares na noite do último dia 17, quando chegou a emprestar seu telefone celular para que Helen pudesse conversar com o escrivão do IPM.

Helen teria ido até lá com o pretexto de querer saber se teria esquecido o celular no carro do militar (o que teria ocorrido em um encontro anterior). Na ligação feita pelo WhatsApp, ela dizia que estava procurando a casa de Soares.

Ao chegar no local, Helen entrou para falar com o militar e Samira teria esperado no carro. O militar afirmou ainda à delegada que não era possível que o celular de Helen tivesse ficado no carro dele porque no encontro anterior que tiveram no posto de combustível Bom Clima, na época da primeira prisão de Evandro Lesco (que foi colega de turma de Soares), foi o escrivão quem entrou no carro de Helen, e não o contrário.

Apesar do apoio prestado pela advogada Samira Martins à amiga Helen Lesco, Orlando Perri não encontrou elementos que a envolvem na organização criminosa operadora de grampos telefônicos. “A despeito do “apoio” prestado pela advogada Samira Martins à sua amiga Helen, e em que pese ela ter conhecimento da situação do Ten.-Cel. Soares, estas circunstâncias, por si sós, não demonstram, efetivamente, sua concreta ligação com a organização criminosa que se formou”, disse.

No entanto, Perri destacou que essa situação pode mudar ao longo das apurações. “Obviamente que, com o decorrer das investigações, surgindo novos fatos, esta conclusão poderá ser modificada. (...) Porém, pelo menos por ora, não vejo elementos hábeis a confirmar o envolvimento de Samira Martins com a organização criminosa, salvo, repito, sua amizade íntima com a investigada Helen”, destacou o magistrado.

FONTE: GAZETA DIGITAL

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