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Após agressão, esposa do presidente da OAB-MT diz estar sem comer e dormir



A advogada Luciana Póvoas, mulher do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT), Leonardo Campos, acusado por ela de violência doméstica na noite de quarta (27), afirmou em depoimento à polícia que costumava usar vestidos e roupas longas para esconder as marcas das agressões físicas.

A Universa, Luciana, abalada e chorando, contou que não se alimenta ou dorme desde o dia da agressão. Ela busca por ajuda psicológica para conseguir superar a situação. Leonardo nega as acusações (leia o outro lado abaixo).

Segundo ela, a violência se deu após ela tentar ter notícias do marido, das 17h às 20h da quinta. Segundo Luciana, Leonardo não atendia ou respondia às mensagens. A advogada se desesperou quando abriu as mídias sociais e leu sobre o roubo de uma Hilux prata, pensando ser do marido.

"Pensei que tinham sequestrado, roubado o carro e feito algo com ele. Meu filho ainda usou meu celular para pedir notícias dele. Ele [Leonardo] apareceu em casa dez minutos depois, transtornado e bêbado — algo a que já estou acostumada", afirma.

Chamada para o 190

A vítima afirmou que, quando questionou o marido sobre a falta de notícias, ele se alterou e a empurrou. "Foi forte, mas disse que não iria mais engolir [as violências]. Já tinha avisado da última vez que, na próxima, iríamos todos pra delegacia. Liguei no 190 e foi isso que aconteceu."

Leonardo, segundo Luciana, pegou o celular e começou a filmar a situação, dizendo que a mulher era "louca, descompensada e desequilibrada". Ela conta que os episódios de embriaguez eram constantes, mas pioraram quando o marido conseguiu se eleger presidente da OAB-MT pela primeira vez, em 2015

Dependência financeira

Luciana afirma que assumiu se tornar uma "advogada anônima", ajudando em petições e na campanha do marido. De acordo com ela, apesar de ser sócia do escritório de advocacia de Leonardo, não possui acesso ao fluxo de entrada e saída de valores.

A informação também consta no depoimento da advogada. A Universa, ela ressaltou que tem vivido uma situação de violência financeira, dependendo de "mesada" do marido nos últimos anos.

"Sempre foi assim [as agressões psicológicas, físicas e embriaguez]. Não de segunda a segunda, não bebia dessa forma, bebia na quarta quando ia jogar futebol, tinha as resenhas dele", ela relata.

"Há quatro anos a coisa degringolou. Ganhou a eleição e todo mundo quer ficar perto do presidente." Luciana e Leonardo, diz a advogada, estão se divorciando e ela afirma que teve uma solicitação de pensão alimentícia negada.

O casal tem um filho de 17 anos e ela desabafou sobre não ter condições financeiras para se restabelecer sozinha. "A Justiça negou a liminar dizendo que o filho era adotivo, mas o Código Civil faz zero distinção. O filho come, precisa de um lugar para morar e estudar."

Em depoimento, a advogada também citou à polícia que queria manter o padrão de vida do filho.

Julgamento social

A advogada revelou não ter "condições psicológicas" de acessar redes sociais. Ela afirma que tem sido julgada como "louca" e que decidiu procurar ajuda das autoridades apenas para se defender. "Não quis ser uma heroína. Não me acho corajosa, eu não sou nada. Foi um ato de desespero, um pedido de socorro."

Para tentar superar os anos de violência que diz ter sofrido, Luciana está tentando buscar ajuda psicológica. Entre os problemas, afirma que não sabe mais o que significa ter amor próprio. "Devo ser atípica, não posso gostar de uma pessoa que não está nem aí para mim, que não se preocupa. Nunca falei sobre isso, era algo guardado a sete chaves. Não escolho quem amo e nunca quis prejudicar o Leonardo", afirma.

"Escrava e submissa"

No depoimento à polícia, Luciana afirmou que nutre sentimento de ter sido "escrava e submissa".

De acordo com a Polícia Civil, o caso foi registrado como 'injúria real com vias de fato' e será encaminhado à Delegacia da Mulher de Cuiabá.

Outro lado

Em nota divulgada ontem, o advogado, que chegou a ser preso na noite de quarta e liberado na manhã seguinte (28), reconheceu que houve uma discussão, mas negou ter agredido a mulher. "Houve um desentendimento e uma discussão que envolveu, inclusive, o meu filho. Mas eu disse que aquela situação, de discussão acalorada, era inaceitável e fui para o quarto. Neste momento, ela me empurrou e eu tentei fechar a porta para não prolongar a discussão", diz em trecho.

"Quando fui ouvido, eu mesmo solicitei que fossem fixadas medidas protetivas para que os fatos sejam apurados de forma imparcial e com a devida segurança. Diante dos fatos, foi-me concedida de forma imediata a ordem de soltura", completou.

Fonte: folhamax
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