Taques diz que nunca pagou deputados
O governador Pedro Taques (PSDB) afirmou que nunca recebeu “proposta indecente” de nenhum deputado durante os seus dois anos e oitos meses a frente do Palácio Paiaguás. Taques afirma que desde que assumiu o governo do Estado, a tratativa entre Executivo e Legislativo mudou.
“Nunca recebi nenhuma proposta indecente de qualquer deputado que seja. Tanto da oposição, quanto da nossa base, chegaram e pediram alguma coisa errada. Isso eu afirmo com toda convicção”, disse o chefe do Paiaguás durante reunião com jornalistas.
A declaração do tucano ocorre no momento em que a delação do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), diz que desde o governo Dante de Oliveira (1995-2002), existia uma “mesada” para que os deputados estaduais apoiassem as mensagens e propostas do governo na Casa de Leis.
Nas colaborações de Silval, sua família, e do seu ex-chefe de gabinete Silvio Correa, contém vídeos de deputados que foram flagrados recebendo dinheiro oriundo de propina paga por empresas que mantinham contratos com o governo do Estado.
As imagens têm gerado revoltas da população e praticamente paralisou os trabalhos do Legislativo, que está sem sessão desde a semana passada por falta de quórum.
Dos atuais 24 deputados, pelo menos 14 foram comprometidos com a delação do ex-governador que aponta uma série de crimes e desvios de recursos públicos.
O presidente da Assembleia Legislativa Eduardo Botelho (PSB), Oscar Bezerra (PSB), Wagner Ramos (PSD), Nininho (PSD), Guilherme Maluf (PSDB), Zé Domingos Fraga (PSD), Pedro Satélite (PSD), Sebastião Rezende (PSC), Dilmar Dal Bosco (DEM), Baiano Filho (PSDB), Mauro Savi (PSB), Gilmar Fabris (PSD), Romoaldo Junior (PMDB) e Silvano Amaral (PMDB), são citados da delação monstruosa do ex-governador. Todos negam qualquer irregularidade.
Já na semana passada, Taques já havia dito que nenhum parlamentar deve ser condenado antecipadamente, mesmo com os vídeos em que os parlamentares surgem enchendo malas, bolsas e os bolsos do paletó com dinheiro supostamente oriundo de propina.
“Mesmo o deputado que aparece no vídeo tem direito ao contraditório e à ampla defesa. Tem que ser investigado, processado. Eu não posso condenar ninguém, eu não sou juiz. Eu não posso condenar ninguém sem o devido processo legal. No Brasil não é possível você já aplicar a pena mesmo com esse vídeo, tem que ouvir, tem que ter denúncia, tem que ter processo. Por isso que nós vivemos em uma democracia”, afirmou.
Diante da crise, os 24 deputados da Assembleia Legislativa (ALMT) se reuniram na tarde de ontem para tentar contornar a situação e retomar os trabalhos Legislativos.
Hoje o presidente da AL, Eduardo Botelho concede entrevista coletiva para apresentar o posicionamento oficial do Legislativo em relação as delações que citam 14 deputados da atual legislatura.