Procurador-Geral de Justiça ouvirá Mauro Zaque antes de decidir sobre pedido de afastamento
O procurador-geral de Justiça, Mauro Curvo, disse que começará a analisar o pedido do governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB) , contra o promotor de Justiça Mauro Zaque a partir desta segunda-feira (11). Taques quer o afastamento de Zaque de todas as investigações que tenham como alvo o chefe do Executivo estadual ou seus secretários.
"Nesta segunda eu vou tomar conhecimento do pedido do governo em relação ao promotor Mauro Zaque. Eu estava em viagem e só tomei conhecimento pela imprensa. O pedido já deve ter sido protocolado na PGJ e na segunda vou analisar o pedido", disso Mauro Curvo ao HiperNoticias.
O chefe do Ministério Público Estadual evitou entrar na "polêmica" de que Zaque estaria "perseguindo" e se "vingando" do governo Taques após ter deixado a secretaria de Segurança Pública em dezembro de 2015.
"Eu só posso formar qualquer juízo deste caso, após a leitura do pedido e depois de ouvir o promotor Mauro Zaque. Eu não vou tomar qualquer decisão sem antes ouvi-lo sobre o caso. Qualquer decisão sem antes ouvi-lo seria precipitada", explicou.
O requerimento assinado pelo governador Pedro Taques foi encaminhado para o procurador no dia 1º deste mês.
“Favorável ou contrária a determinado sujeito político -, por maior razão se deve reconhecer que, no presente caso, paira sobre o excelentíssimo promotor de justiça Mauro Zaque de Jesus impedimento de ordem constitucional, de natureza absoluta”, diz trecho do documento.
Taques ainda problematiza a situação atual de Zaque, que denunciou o esquema de grampos no alto escalão da Polícia Militar de Mato
Grosso e está a frente de alguns inquéritos que apura a conduta de policiais acusados de envolvimento no escândalo. [...] subitamente, o promotor excepto passou a se "sentir confortável" em investigar atos do atual governo, embora ainda permaneça a causa objetiva de impedimento”, ressalta.
O escândalo dos grampos foi responsável por levar à prisão os coronéis Evandro Ferraz Lesco, Ronelson Jorge de Barros, Zaqueu Barbosa, e o cabo da PM, Gerson Luiz Ferreira Corrêa Júnior. Também promoveu a saída do secretário Paulo Taques da Casa Civil para, ao contrário de Zaque, atuar na defesa dos acusados no caso.
O requerimento contra Zaque ocorreu após ele e mais três promotores terem pedido o afastamento do chefe do Gabinete de Comunicação (Gcom), Kleber Lima, por assédio moral e sexual contra jornalistas que trabalham como assessores de imprensa no órgão e improbidade administrativa. O advogado de Kleber Lima, Paulo Fabrini Medeiros, disse que essa denúncia é um "absurda e infundada'.
Pedro Taques diz que, mesmo com quatro secretários de Estado sendo investigados, não pretende fazer troca do primeiro escalão. O chefe do Executivo diz confiar em sua equipe.
"[Eles] não estão sendo investigados por corrupção. Confio nos meus secretários, no Ministério Público e no Judiciário", disse o governador ao HiperNoticias.
Taques também voltou a afirmar que a sua gestão vem sofrendo "vingança" por "desafetos".
"Não confio em quem persegue, em quem usa as instituições com parcialidade e como instrumento de vingança contra desafetos", pontuou.
"Vou esperar a procuradoria Geral do Estado ter acesso aos autos do pedido para me manifestar", concluiu Taques.
Delação de Silval
Já em relação às delações do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), de seu familiares, e do ex-chefe de gabinete Silvio César Corrêa, o procurador disse que aguarda o compartilhamento de provas que deve ocorrer nos próximos dias.
"Já diligenciamos visando a obtenção do compartilhamento das delações, que segundo nos informaram na Procuradoria-Geral da República (PGR), já foi pedido ao STF. Estado aguardando", revelou Curvo.
Porém, caso se confirme o compartilhamento de provas, Mauro Curvo explicou que o MPE só poderá tomar previdências no âmbito da improbidade administrativa.
"No caso da responsabilidade penal, só poderemos agir depois do desmembramento dos autos. Providência esta que cabe somente a PGR, que leva em consideração o interesse da investigação. No momento não terá desmembramento. Tudo vai ficar por conexão com o STF, finalizou.