Candidatos reclamam das condições da prova da Seduc; Sintep pede providências
Em pelo menos duas dezenas de posts no Facebook, diversos candidatos fizeram reclamações sobre o concurso público realizado pelo governo, neste domingo (17), para escolher profissionais de educação, especialmente para vagas de professor.
Entre as principais queixas estão carga horária de aplicação da prova, realizada o dia inteiro, e escolhida pela secretaria estadual de Educação (Seduc); o fato de não poderem esperar nas escolas onde foram aplicadas as questões; erros de digitação; os temas abordados nas perguntas objetivas, na redação e até mesmo do conteúdo exigido, pois este estaria em um nível de dificuldade além do habitual.
A concorrência foi elevada, cerca de 33 candidatos para cada uma das 3,7 mil vagas (somente de professor nas várias áreas de atuação) e um universo de mais de 100 mil professores licenciados ou bacharelados vindos de outros Estados. As provas foram elaboradas pelo Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação (IBFC).
“O concurso da Seduc me deixou com dúvidas: Em que momento da vida de um professor de Português precisa ensinar ou aprender o que é Internet Protocol? Em que momento o professor precisa aprender a diferenças entre smtp de pop 3? Em que momento um professor de Geografia, com licenciatura e não bacharelado, vai ensinar sensoriamento remoto e bandas espectrais?”, questionou a jornalista Vivan Lessa, também bacharelada em Letras, na página do Facebook.
Mesmo candidatos cuja escolha foi para área de exatas, como professor de Física, reclamaram ainda que com humor. “A Seduc não quer professores de Física, quer técnico da Nasa”, brinca um deles. “Todos estão perplexos, tinha questão com seis alternativas, alguém reparou?”, comenta outra internauta.
Outro candidato fez texto de “solidariedade aos colegas professores” dado o trauma e das expectativas dos temas cobrados, “que nem sequer contemplaram a área de atuação, ou parte dela. Basicamente excluíram a formação de outras áreas e contemplaram apenas uma. Quanto à prova objetiva houveram muitos erros de digitação e questões mal formuladas”, escreveu.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep), Henrique Lopes, diz ao que a instituição já havia alertado sobre problemas relacionados ao concurso. “Mas nós não temos poder de intervir nessa questão do calendário. Uma vez que realizada a primeira etapa da prova, os candidatos interessados devem verificar na divulgação do edital o que ocorreu de diferente”, explica.
A orientação é que todos verifiquem as regras e estas foram mudadas no meio do caminho, se não houve respeito ao edital e, a partir disso, é recorrer das questões vistas como prejudiciais.
“Sempre há, inclusive, um prazo previsto para isso em todo edital de concurso público”, lembra Henrique. Entretanto, lembra que é natural que haja muitas reclamações exatamente porque há muitos concorrentes. “Não dá para esperar que num universo de 100 mil pessoas todas concordem com o que foi aplicado, por diferentes motivos”.
“A Seduc não quer professores de Física, quer técnico da Nasa”
O sindicalista, contudo, afirma que todos os professores filiados à entidade que se sentirem prejudicados podem se dirigir ao sindicato, pois eles oferecerão assessoria jurídica a todos, desde que esteja dentro dos termos da lei para a realização do concurso. "Estamos de portas abertas”.
“Foi desumano. As pessoas ficaram sem almoçar. As que conseguiram, comeram na rua, em qualquer canto que tinha sombra. Fiquei no Pascoal Ramos, mas na região não tinha um lugar aberto. Comemos, eu e meu marido, que também fez o concurso, um frango assado comprado com a mão, dentro do carro, mas vimos também várias pessoas comendo marmitex no chão”, continuou a jornalista Vivian Lessa.
O Sintep encerra afirmando que desde sempre apresentou uma série de erros desde a divulgação do edital. "Espero que os erros consistentes apontados não sejam suficientes para anular o concurso, porque aí é recurso público que foi gasto, além do recurso humano”, pondera.
Outro lado
Ao , a assessoria da Seduc informa que não registrou, até as 17h de domingo, nenhum incidente grave nos 125 locais de prova em todo o Estado. De qualquer forma, vai pedir ao IBFC explicações sobre eventuais reclamações.
A Seduc também reitera que está realizando “o maior concurso da história da Educação em Mato Grosso, tanto em número de inscritos, quanto em resultado efetivo na melhoria da qualidade do ensino." Números oficiais sobre concorrência não foram divulgados, mas um relatório final sobre o primeiro dia de prova “deve ser apresentado nos próximos dias. O gabarito da primeira prova já foi publicado, disponibilizado neste link.