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Movimento negro requer ao MPF que investigue fraude em sistema de cotas na UFMT

Por: KHAYO RIBEIRO / HIPERNOTICIAS

Algumas das entidades que representam o movimento negro em Mato Grosso denunciaram ao Ministério Público Federal (MPF) um caso de fraude nas cotas raciais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). No documento, protocolado na quinta-feira (31), seis estudantes admitidos no curso de Medicina da universidade são acusados de utilizarem de má-fé na autodeclaração racial, em prol de benefício pessoal.

Assinam a Representação o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial de Mato Grosso (Cepir-MT), o Instituto de Mulheres Negras (Imune) e o Instituto de Formação, Estudos e Pesquisas Sócio-Econômico-Político-Cultural de Mato Grosso.

O documento foi baseado em denúncia anteriores, nas quais o militante do movimento negro Vinícius Brasilino utilizou seu perfil pessoal no Facebook para divulgar a possível fraude dos seis candidatos.

“Como eu já denunciei oficialmente, vou expor e aguardo explicações. Esses relacionados nos prints estão tentando se matricular na Medicina, da UFMT, todos nas cotas de Negros, pardos ou indígenas. Vejam com seus próprios olhos. Não permitiremos! #FraudeNasCotasDaUFMT”, narra a legenda da postagem de Brasilino, que alcançou mais de 7,8 mil compartilhamentos na rede social.

Ao HiperNotícias, o suplente do Cepir, Rinaldo Ribeiro de Almeida, apontou que essa não seria a primeira tentativa de fraude no sistema de cotas raciais da UFMT. Ele afirma que os casos se acumulam ano após ano.

“Não tenho dúvida de que a universidade pode utilizar sua autonomia para regulamentar o processo”, destaca a liderança.

O Coletivo Negro Universitário (CNU) aponta falta de celeridade na regulamentação de uma banca de averiguação por parte da UFMT.

“Acompanhamos a universidade mover-se a passos muito lentos no sentido de atender nossas reivindicações acerca da banca de averiguação. Assim, verificamos nenhum avanço para que essa Política Pública fosse encarada de uma forma séria em 2019”, destaca Zizele Ferreira, membra do CNU, professora e pesquisadora na universidade. 

Ela aponta que cabe aos movimentos negros acompanhar e apresentar demandas relacionadas à implementação, execução e avaliação das políticas públicas.

“Nós fazemos formações políticas e científicas acerca das relações raciais, orientamos estudantes que nos procuram sobre formas de denunciarem, bem como estimulamos as denúncias, pois se trata de um sério combate à corrupção e que atinge em cheio o país, causando mais prejuízos à população negra”, aponta Zizele.

Quando procurada, a comunicação da universidade apontou que iria apurar o não cumprimento dos requisitos por parte dos estudantes.

Confira abaixo a nota da UFMT
A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) recebeu, por meio de sua ouvidoria, e vai apurar a denúncia a respeito do não cumprimento de requisitos de estudantes aprovados nas vagas reservadas para ações afirmativas. Independentemente das denúncias, no ato da matrícula, já são adotados procedimentos de verificação da veracidade das informações constantes nas autodeclarações dos estudantes pela Comissão Permanente de Homologação e Acompanhamento de Matrículas por Ações Afirmativas.

Conforme o item 5.6 do edital 002/2018, disponível na Central de Ingresso da UFMT, “os candidatos que se enquadrarem nas categorias de ingresso de pretos, pardos e indígenas terão a autodeclaração submetida à comprovação de veracidade, podendo ser convocado a qualquer momento pela Comissão Permanente de Homologação e Acompanhamento de Matrículas por Ações Afirmativas”. Caso seja confirmado que o estudante aprovado por meio da lei de cotas não cumpre o requisito, ele será declarado inelegido e, consequentemente, a vaga será preenchida por outro estudante que se encontra na lista de espera.

Segundo o cronograma disponibilizado na Central de Ingresso, a lista dos inelegidos da 1ª chamada será publicada no dia 13 de fevereiro, cabendo recurso nos dois dias seguintes.

Qualquer cidadão pode acessar a Ouvidoria pela página eletrônica.
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