Fila para tirar carteira de trabalho em Cuiabá dura até cinco horas e entrega só 30 dias depois
Às seis e meia da manhã a fila do Sine Matriz (Sistema Nacional de Emprego na Avenide Generoso Ponce) já dobra a esquina. Por mais que o estabelecimento só abra as portas às sete e trinta, as pessoas chegam ao local muito antes para conseguir uma senha e – quem sabe – ficar menos que quatro horas esperando.
Homens e mulheres seguem enfileirados aguardando o momento que poderão entrar e sentar em uma cadeira e não mais no meio fio. A pergunta do funcionário que percorre a fila acaba com qualquer esperança de que ali também estejam pessoas com outras demandas: todos ali estão em busca de tirar a CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social).
A distribuição de senhas é apenas o começo da espera. Quem chegou à fila às 6h30, por exemplo, pega a senha 45 e isso significa que será atendido por volta de meio dia. Como estão disponíveis apenas quatro cadeiras para este tipo de atendimento (com apenas duas ocupadas por funcionários) o número de senhas atendidas por hora é – normalmente – dez. Isso se não houver alguma confusão, porque além de trabalhar para confeccionar as carteiras, as duas funcionárias também estão ali para entregar as já prontas.
A espera para entregar os documentos (RG, CPF, Certidão de nascimento ou casamento e espelho do PIS para primeira via e acrescente o B.O. à segunda via) chega a durar cinco horas. Depois disso, um papel é entregue e a CTPS mesmo só vem dali a trinta dias.
O Sine Matriz é um dos únicos locais da região da Grande Cuiabá onde o trabalhador pode tirar a CTPS. As unidades de Várzea Grande e do Coxipó não estão confeccionando a carteira, assim como a Assembleia Legislativa e o Ganha Tempo. De acordo com a Assessoria da Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social, o número de locais disponíveis para o serviço diminuiu por conta de uma ordem do Ministério do Trabalho:
“O Ministério implantou a carteira digital, e só quem trabalha com ela é a Superintendência Regional do Trabalho (SRTE/MT). As unidades do SINE não tem o sistema necessário para confeccioná-la, então ficou tudo concentrado na matriz”, explica a assessoria. “Desta forma, todos os pedidos são encaminhados à SRTE e o número de funcionários lá ainda é pequeno. O Sine é gerido pelo estado e apenas parceiro na emissão”.
É possível fazer a carteira também na Superintendência, mas para isso é necessário agendamento. Quem tentou agendar nesta terça-feira (28 de julho), por exemplo, só conseguiu uma vaga em setembro. A assessoria da Superintendência afirma que as filas de espera no Sine são de responsabilidade total deles: “Como a demanda é muito grande, foi acumulando o número de pedidos e o agendamento demora. Mas se acontece algum cancelamento é possível agendar até para amanhã ou depois”, afirma a assessoria.
Enquanto não acontece um cancelamento e as filas não diminuem, no entanto, a população aguarda sedenta por sua carteira de trabalho – e faz o estoque de ‘palavras cruzadas’ para a espera.
Fonte: Isabela Mercuri – Olhar Direto